Os principais estudos e tendências escolares do século XXI apontam para uma mudança no foco do ensino. Em vez de resumir-se às aulas expositivas, a “educação do futuro” coloca o estudante no centro da própria aprendizagem. Essa é a proposta do aluno protagonista.
A ideia de dar protagonismo ao aluno está presente, inclusive, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ela promete oferecer uma educação mais completa, humana e capaz de engajar as novas gerações e formar cidadãos prontos para o futuro.
Continue sua leitura e entenda mais:
Como o nome indica, a ideia de protagonismo do aluno no processo de aprendizagem busca tirar o estudante do papel de coadjuvante das aulas. Em vez de absorver o conhecimento apresentado pelo professor em uma lição expositiva, ele passa a atuar de forma ativa e participativa.
Isso envolve debater ideias, construir o conhecimento coletivamente e colocar a lição em prática com autonomia.
Mas essa autonomia estudantil não significa o fim da organização nas escolas. Uma aprendizagem com protagonismo do aluno requer disciplina, planejamento e o importantíssimo trabalho do professor como mentor em todo o processo.
A diferença é que, nesse contexto, o aluno está no centro do processo de ensino-aprendizagem, e seu próprio comprometimento é fundamental para o sucesso.
Outro ponto importante do conceito de protagonismo do aluno é a coletividade. Ser um aluno protagonista não significa dar foco ao individualismo, e sim construir o aprendizado em conjunto.
Os resultados dessa estratégia na educação envolvem, primeiro, um aumento na eficiência do aprendizado. Afinal, quando se pode debater e usar as lições na prática, a absorção do conhecimento é muito maior.
Além disso, o aluno protagonista desenvolve mais criatividade e pensamento crítico, pois precisa interpretar os conteúdos e compreendê-los de fato, em vez de simplesmente decorar para passar em alguma prova.
Essa prática também estimula o respeito à diversidade, pois o aluno deve lidar com diferentes posturas e conhecimentos em uma construção educacional coletiva.
Há também um grande desenvolvimento da responsabilidade e da autonomia desses alunos, com características que serão fundamentais em sua formação cidadã e também em seu preparo para o mercado de trabalho.
O trabalho em equipe presente nessa proposta também estimula a parceria e a criação de um senso de coletividade.
Tudo isso ajuda a preparar o aluno a atuar em um futuro em constante transformação, como foi explorado na palestra de Henrique Tichauer no Sponte para a educação. Confira:
Para entender melhor essa proposta, confira 12 formas de estimular o protagonismo do aluno em sua escola de maneira prática e acessível:
Começamos pelo principal ponto que qualquer escola deve entender para desenvolver alunos protagonistas: a aprendizagem ativa.
Essa parte é tão importante para ter alunos protagonistas que muita gente pode até confundir os dois conceitos. Afinal, aprendizagem ativa significa tirar os alunos da posição de ouvintes passivos e colocá-los como participantes ativos da própria educação.
Isso envolve ter metodologias focadas na autonomia do aluno e em sua atuação constante, como é o caso da sala de aula invertida.
Conheça técnicas e metodologias focadas nessa premissa:
Quando o aluno é protagonista da aprendizagem, a posição do professor também deve mudar. Em vez de ficar na frente da sala apresentando a lição e, depois, cobrar o conteúdo em provas e atividades, o educador também deve agir como mentor.
Ele deve mostrar ao aluno o caminho para que possa aprender com autonomia, além de orientá-lo de forma a obter um aprendizado de qualidade, evitando os riscos da desinformação, por exemplo.
Mas lembre-se: o professor ainda mantém o papel de apresentar lições, porque ele é o principal detentor de conhecimento em sala de aula. A diferença é que, neste novo modelo, o aluno está no centro e também tem espaço para atuar com autonomia, sempre com a orientação do profissional docente.
Confira uma palestra sobre valorização do professor na educação atual:
O protagonismo do aluno, nesse método escolar, pode ir além da aprendizagem em si. Ele também deve ser capaz de se envolver na própria gestão pedagógica da escola, participando nas decisões e projetos.
Isso pode ser feito por meio de pesquisas promovidas pela escola ou pela formação de grupos de representação dos estudantes, como os grêmios estudantis.
Assim, você terá uma gestão mais adequada às demandas dos alunos, ao mesmo tempo em que proporcionará maior sensação de pertencimento para eles.
Leia mais: Gestão democrática: conheça quais são os benefícios dessa prática.
A comunicação é parte fundamental do incentivo ao protagonismo dos alunos. Afinal, eles devem estar no centro do próprio aprendizado, e isso é impossível se não houver um contato direto e aberto deles com a escola.
Essa comunicação pode ser desenvolvida de várias formas, seja presencialmente, seja de forma online. O ideal é demonstrar abertura para o contato, habilitar diferentes canais — como telefone e redes sociais — e contar com as possibilidades da tecnologia.
Um sistema de gestão escolar como o Sponte, por exemplo, oferece ferramentas que potencializam essa comunicação. Um destaque é o Portal do Aluno, que disponibiliza informações dos estudantes e um canal direto de comunicação com a comunidade escolar.
Ao promover o protagonismo do aluno, a aprendizagem deixa de ser uma via de mão única. Então, para essa mudança dar certo, os alunos também devem poder apresentar assuntos que os interessam e abordá-los em sala de aula.
É claro que isso não deve jamais substituir a grade curricular da escola. O que propomos aqui é abrir aos alunos a possibilidade de oferecer sugestões de temas a serem abordados dentro do que o professor já apresentou.
Outra opção é propor assuntos e atividades que interessam aos alunos e que podem ser exploradas dentro do currículo da escola, ou mesmo em atividades extracurriculares.
Desenvolver o senso crítico dos estudantes é parte fundamental da formação de cidadãos plenos e preparados para os desafios do futuro. E isso tem tudo a ver com o protagonismo do aluno.
Ao colocá-los no centro da própria educação, com o dever de buscar conteúdo, compartilhar, debater e colocá-lo em prática, sua escola estará estimulando esse pensamento crítico.
A própria autonomia estudantil, que é um pilar do conceito de aluno protagonista, dialoga de perto com o desenvolvimento dessa forma de ver o mundo.
Leia mais: Como desenvolver o pensamento crítico e criativo dos alunos?
A autonomia do aluno só pode ser real em um ambiente escolar seguro e acolhedor. Os estudantes devem sentir que são capazes de opinar e de participar da construção do conhecimento.
Esse conforto para expressar opiniões e ideais ocorre quando a escola atua ativamente para ser um espaço de inclusão e diversidade, onde todos têm espaço para falar e onde o bullying não é bem-vindo.
Leia também: Como sua escola pode ser mais diversa e inclusiva?
Já falamos que o protagonismo não tem nada a ver com individualismo. A proposta não é fazer com que o aluno seja protagonista em detrimento dos demais, e sim que ele ocupe esse espaço junto com os colegas, em um ambiente colaborativo.
Por isso, reforce sempre que possível esse contexto de coletividade com trabalhos em grupo, criação de grêmios estudantis, desenvolvimento de coletivos escolares, entre outros.
Assim, os estudantes entendem a importância de um mundo menos individual e o potencial de atuar em conjunto.
A avaliação é um dos maiores desafios da educação atual. Já sabemos que as provas tradicionais já não são suficientes para medir o desenvolvimento dos alunos e, principalmente, para motivá-los a crescer.
Por isso, em um ambiente de protagonismo do aluno, é preciso abordar diferentes métodos, como a autoavaliação, com reflexão crítica dos alunos sobre seu próprio processo de aprendizagem.
Além disso, busque promover um feedback construtivo e encorajador para que os alunos possam continuar aprimorando suas habilidades e competências.
Lembre-se de que o objetivo da avaliação não pode ser apenas diagnosticar o nível do aluno, e sim estimulá-lo a crescer. Para saber mais sobre o assunto, confira: Tudo sobre avaliação escolar: melhores práticas no processo avaliativo, objetivos e análise de resultados.
Parte da proposta do aluno protagonista é desenvolver nele as habilidades de liderança e responsabilidade. Isso pode ser feito em sala de aula, claro, mas o potencial é ainda maior quando conectamos a escola com a realidade social de sua comunidade.
Por meio de projetos sociais e atividades voluntárias, os alunos podem desenvolver seu protagonismo de forma ativa e coletiva, compreendendo seu lugar como agentes transformadores da sociedade.
Há vários projetos diferentes nesse sentido, mas uma forma de fazer isso é o empreendedorismo social. Conheça esse conceito: Empreendedorismo social dentro das escolas.
O aluno protagonista deve viver a educação também fora da escola, com estudos, atividades e pesquisas para explorar seus interesses e aprender mais.
Mas, para isso dar certo, é preciso ter um ambiente de colaboração entre escola e família. Portanto, incentive a participação dos pais e responsáveis no processo de aprendizagem dos alunos.
Ter uma boa comunicação com eles é o primeiro passo. Além disso, faça eventos, convide-os para a escola, integre-os na gestão pedagógica e mostre que eles realmente podem fazer parte do dia a dia educacional dos seus filhos.
Hoje, a tecnologia apresenta várias possibilidades para potencializar o protagonismo do aluno em sala de aula. Desde as redes sociais até as tecnologias educacionais, há um grande campo que pode ser explorado por uma instituição de ensino.
Proporcionar atividades como a produção de vídeos educacionais para o TikTok, por exemplo, é uma forma de colocar os alunos e seus interesses no centro do processo de aprendizagem.
O ensino híbrido é outra opção muito interessante. Ao expandir a aprendizagem para além dos muros da escola, com aulas e atividades online, você dá autonomia aos alunos e incentiva sua própria organização na busca por conteúdo.
Mas, lembre-se: tudo isso sempre deve ser acompanhado e orientado por professores e pela própria gestão pedagógica da escola.