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Aulas online: aprendizado também para o professor | Sponte

Escrito por Cristopher Ronsani Morais | Oct 26, 2020 3:00:00 AM

É fato que nos últimos meses, devido à pandemia, as escolas foram obrigadas a mudar sua rotina. A impossibilidade de praticar aulas presenciais forçaram muitas escolas que ainda não trabalhavam com o ensino a distância a mergulharem de cabeça em novas tecnologias voltadas para a educação.

Com isso muitas dúvidas surgiram, sobretudo na cabeça de professores que nunca haviam explorado esse tipo de recurso, seja de forma integral, seja como complemento ao que se trabalha em sala de aula. 

Muito se aprendeu na prática, no cotidiano com os alunos durante o ensino a distância com as aulas online. Ainda assim, os questionamentos seguem com os profissionais de educação a respeito de como se darão os processos pós-pandemia. Será que podemos voltar ao que era antes e esquecer tudo o que foi aprendido nesse período?

Após uma transformação tão drástica quanto a que ocorreu durante o período de isolamento social, certamente a tecnologia não abandonará a educação, e o ensino não será mais como era antes. 

Tudo isso faz parte do tão falado “novo normal”. No entanto, ainda que estejam mais familiarizados com novos métodos de ensino, muitos docentes ainda estão longe de dominar totalmente o uso da tecnologia como ferramenta pedagógica e enfrentam dificuldades para lecionar dentro de plataformas digitais.

Nesse cenário, a busca pelo conhecimento é imprescindível para se manter atualizado e a par do desenvolvimento dos processos educacionais que vemos hoje em dia. É quase como uma troca de papéis, com os professores se colocando novamente como aprendizes.

Neste post abordaremos todos os desafios que os professores estão enfrentando nesse processo, além da necessidade do educador de aprender sobre novos formatos e processos de ensino que envolvem tecnologia e aulas online. Confira!

Quais desafios foram enfrentados pelos professores com o ensino a distância

Estar em uma pandemia é viver com os sentimentos à flor da pele. É lidar com uma carga emocional complexa todos os dias. Não por acaso a maioria dos educadores se sentiram sobrecarregados nesse período, constatando sentimentos de ansiedade. 

Muito disso é devido à nova realidade onde os espaços trabalho e casa se confundem, e também à grande carga de trabalho para adaptar as aulas para o meio digital.

Antigamente era possível ter uma separação clara entre o trabalho e o espaço doméstico. Nos dias de hoje a rotina se modificou completamente para uma realidade onde o privado e o profissional caminham lado a lado praticamente todo o tempo. 

O fato de não conseguir se desligar totalmente do trabalho gera uma sensação de sobrecarga. Além disso, as aulas e atividades no formato online trouxeram consigo uma característica que pode ser um alívio ou um problema: a flexibilidade.

A flexibilidade no trabalho pode ser de grande ajuda para aumentar o rendimento profissional e otimizar processos. Contudo, sem limites determinados, essa flexibilidade leva à invasão da vida pessoal pelo trabalho, aumentando o sentimento de ansiedade.

Por isso, um dos grandes desafios que as aulas online e o trabalho remoto trouxeram aos profissionais é delimitar claramente o espaço (na agenda e também muitas vezes físico) voltado para o trabalho.

Citamos de passagem na introdução deste post o desafio que é para muitos professores lidar com as novas ferramentas de ensino. Muitos educadores afirmam que o sistema de ensino não os preparou para o uso da tecnologia em sala de aula

Afinal de contas, modelos como as aulas online e o ensino híbrido eram iniciativas que ainda estavam engatinhando dentro do ensino básico. A maioria delas surgia por uma decisão de cada escola e gestor, não por necessidade como aconteceu nos tempos de pandemia.

Além disso, houve a acentuação de alguns problemas que já eram recorrentes no ensino presencial, a maioria deles ligado ao esforço de reter a atenção dos alunos à aula. 

No contexto das aulas online a distância, esse problema se intensificou, pois em casa o aluno tem muito mais distrações. 

Além de que, durante as chamadas de vídeo onde se realizam as aulas, é frequente que os alunos desliguem câmeras e microfones. Com isso, é inevitável que o professor tenha a sensação de estar falando sozinho.

Troca de experiências entre professores: novas práticas e processos escolares que surgiram com o ensino à distância

Com todos os desafios enfrentados pelos professores, a gestão escolar possui um papel muito importante nessa história, afetando diretamente a qualidade e rendimento das aulas. 

Com o amparo do gestor, o corpo docente se sente mais seguro e preparado para enfrentar todos os obstáculos que vêm com as aulas online.

Durante o isolamento social, muitas escolas criaram grupos de estudos e reuniões, para que os professores troquem conhecimento a respeito de técnicas e dinâmicas que seriam bem utilizadas no modelo de aulas online. 

Além disso, o aumento de encontros online entre gestão e corpo docente tende a diminuir a sensação de solidão e aproxima a equipe pedagógica.

Somando-se à troca de experiências com o ensino online, outro ponto importante a ser tocado nas reuniões (algumas escolas já estão fazendo isso) é a gestão de tempo. 

O caso “espaço pessoal versus espaço profissional” já foi citado neste post. É essencial que a escola e o corpo pedagógico se ajudem nesse assunto, para diminuir o peso que muitos educadores têm sentido no período.

Sendo assim, a intensificação dos encontros e reuniões, bem como o incentivo à troca de conhecimentos, informações e experiências, acaba transformando positivamente a rotina escolar, incrementando novos processos, e beneficiando os educadores e a gestão escolar a partir da transparência e união de todo o time pedagógico.

A necessidade de capacitação para novos formatos de ensino

Atualmente a tecnologia evolui extremamente rápido. Novas ferramentas surgem todos os dias, bem como uma infinidade de conteúdos entram em circulação pela internet. No segmento da educação não é diferente. Hoje em dia abrir mão da formação continuada não é uma opção.

Obviamente que, sobretudo para os professores que há algum tempo não se colocam como aprendizes, é um desafio à parte ir atrás de cursos, workshops e oficinas. 

Isso porque nosso sistema de educação tradicional tende a colocar o professor como protagonista do processo de ensino. O que significa que ele é o detentor do conhecimento. 

No entanto, é fundamental que o educador não se coloque dessa forma, mas sim como um orientador para o aluno e um profissional que está em constante processo de aprendizagem e crescimento. Com essa postura será muito mais fácil ir atrás e adquirir novos conhecimentos que serão essenciais para as atividades em sala.

Tendo isso em mente, reforçamos a importância de buscar continuamente aprender e se informar sobre as práticas mais recentes dentro da área da educação e tecnologia. 

Existem cursos que vão desde o letramento digital básico até conteúdos mais avançados sobre o assunto. Alguns inclusive oferecidos pelas secretarias de educação. 

Além de conhecer novas ferramentas, com esses cursos é possível dominar novas técnicas e adaptá-las para a realidade de cada escola e de cada turma. Afinal, inovar nos métodos de ensino é uma necessidade para a construção de um modelo escolar que esteja de acordo com a contemporaneidade.

Novas perspectivas para a educação e os desafios do novo normal

O ensino à distância, apesar de já estar presente há anos na educação brasileira, chegou neste momento para quebrar de uma vez por todas os paradigmas do ensino tradicional. 

Apesar das drásticas mudanças que o setor de educação passou nos últimos anos, além de um novo modelo de ensino, professores e educadores já discutem novas perspectivas que ficaram ainda mais evidentes recentemente.

A afetividade, sem dúvida alguma, se tornou um ponto importante no processo educacional. 

Com a pandemia do coronavírus, uma série de efeitos econômicos e sociais foram sentidos. Muitas famílias perderam entes queridos, sem contar as que sofrem com o desemprego ou fechamento de negócios. Esse clima de instabilidade afeta o psicológico de todos no Brasil. Com os alunos não é diferente.

Receber os alunos em sala, nem que seja digitalmente, requer muita sensibilidade. Muitas escolas fora do Brasil estão investindo em programas e ações com os alunos, trazendo à tona assuntos como empatia, cidadania e ética. 

Além disso, com a reabertura das escolas após o isolamento social, muitas instituições já cogitam integrar permanentemente o sistema de aulas online às suas propostas pedagógicas como forma de complementar o ensino presencial. 

Apostar em um modelo de ensino híbrido significa incentivar também a autonomia do aluno dentro do seu processo de aprendizado.

Com isso, a função do professor acaba sendo a de conduzir os alunos nesse caminho. Um dos principais desafios e objetivos dentro dessa nova perspectiva de ensino é justamente instruir os estudantes para que aprendam a autogerenciar seus aprendizados. 

Novamente o professor sai do papel de protagonista. Daí a necessidade de conhecer casos de outras escolas e aprender novas técnicas, entendendo que sua função também implica em ser, além de professor, constantemente aprendiz.

Sabemos que a desconstrução de hábitos e paradigmas dentro a educação é um processo lento e que tem muitas variáveis. Ainda assim, se torna imprescindível mais do que nunca o professor se colocar no lugar de estudante e continuar com sua formação, sempre se atualizando a respeito das novidades no segmento da educação.

Esperamos que esse post tenha auxiliado a compreender a importância dessa nova postura perante às novidades que as aulas online e o ensino híbrido estão trazendo para a realidade das escolas.

Também queremos que tenha inspirado gestores a tomarem ações que irão ajudar toda a equipe pedagógica nesse processo, que tem como objetivo oferecer uma educação que faça sentido para uma nova geração de estudantes, mais conectada do que nunca.

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