Nos últimos anos, escolas de educação básica têm passado por importantes mudanças para atender às demandas da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Esse documento importantíssimo detalha objetivos a serem buscados pela gestão pedagógica, assim como competências que os alunos precisam desenvolver em diferentes etapas de seu aprendizado.
Inclusive, temos um texto com as novidades da aprendizagem BNCC de forma geral. Você pode conferir aqui:
No entanto, o documento é bastante grande e abrangente, e seus fundamentos mudam muito para diferentes idades — com um impacto especial no ensino e no currículo da Educação Infantil.
Então, para levar competências, objetivos e conteúdos BNCC para a Educação Infantil, continue sua leitura e aprenda mais:
- O que diz a BNCC sobre o currículo da Educação Infantil?
- Como montar um plano de aula BNCC para Educação Infantil?
- Como a gestão escolar pode ajudar os professores a atenderem as exigências da BNCC?
O que diz a BNCC sobre o currículo da Educação Infantil?
A BNCC apresentou novidades bastante relevantes para a Educação Infantil.
Para começar, vale lembrar que ela definiu esse período escolar como responsável pelo berçário e pelos níveis N1, N2 e N3.
Assim, a antiga ‘Pré-escola’ passou a fazer parte do Ensino Fundamental como o 1° ano do ciclo.
Outro ponto importante para a gestão pedagógica é que a base curricular reconhece a Educação Infantil como uma etapa essencial do processo educativo. O documento identifica objetivamente esse momento — que agora vai dos 0 aos 5 anos do ensino — como uma parte fundamental na formação da identidade e da subjetividade da criança.
Assim, ele desenvolve uma atenção muito maior às crianças nesse período, que receberam direitos claros de aprendizagem, e é por aqui que vamos começar a detalhar a BNCC na Educação Infantil.
Os seis direitos da educação infantil
Os direitos educacionais dos alunos que têm até 5 anos foram divididos em seis, de acordo com os eixos estruturantes da Educação Infantil na BNCC.
Entenda cada um deles e veja qual é o papel do professor e da escola para aplicá-los.
- Conviver
A BNCC define como direito da criança a convivência com outras crianças e adultos, “ampliando o conhecimento de si e do outro”.
Para garantir esse direito, a escola deve estimular situações para as crianças interagirem e brincarem com os colegas.
Uma ideia é criar jogos para eles aprenderem a lidar com regras de convivência.
Outra proposta é incentivar que participem das tarefas que organizam o convívio do grupo.
Afinal, ajudar a organizar as atividades do cotidiano permite que elas aprendam como conviver com os colegas e professores, pensando sempre no bem-estar do grupo, como um todo, em uma verdadeira experiência de cidadania. Essa é a essência de “Conviver”.
- Brincar
O direito a brincar também é essencial às crianças, “ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade”.
Afinal, toda criança adora brincar, e tornar esse elemento uma parte chave do ensino faz o aprendizado da sua escola muito mais efetivo.
Muitas vezes a iniciativa da brincadeira vem da própria criança, mas o adulto — professor ou pedagogo — deve orientar e disponibilizar materiais que vão desenvolver essas brincadeiras e conduzir as crianças por experiências de aprendizado e crescimento.
- Participar
Segundo a BNCC, a criança deve: “Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola, e das atividades propostas pelo educador, quanto da realização de atividades da vida cotidiana”.
Nessa etapa, cabe ao professor saber ouvir seus alunos e ser capaz de integrá-los na criação das atividades, assim como cabe à gestão pedagógica desenvolver mecanismos de participação.
Leia também: Você sabe o que é gestão escolar participativa?
Em vez de sempre levar as atividades totalmente prontas, as aulas podem crescer se houver a participação dos alunos, com mais ideias.
Claro que a autoridade final deve ser do professor e dos pedagogos, mas essa liberdade de participação dos alunos faz eles se sentirem mais responsáveis, criando um desenvolvimento mais completo de suas personalidades.
- Explorar
Já pensou na possibilidade de ampliar as aulas e permitir que as crianças experimentem o ambiente, façam perguntas e criem suas próprias percepções, desenvolvendo o pensamento crítico e criativo?
O professor pode incentivar isso levando para a sala materiais novos — como materiais físicos, mas também músicas, ideias e histórias que instiguem a reflexão e a experimentação.
A criação desse momento de reflexão é essencial para que as crianças realmente experimentem as situações, não apenas reproduzam o que o professor fala.
- Expressar
A criança tem o direito de “Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões”.
Por isso, mais uma vez, vemos a importância de o professor saber ouvir.
Depois de brincar, conviver e explorar, a criança vai querer contar e expressar suas experiências.
Muitas vezes, a vontade da criança de se expressar é silenciada pela autoridade dos mais velhos — dos pais, professores, entre outros — por isso, a aula deve ser um momento de mudar isso. Deve-se oferecer espaço para elas expressarem sua subjetividade, como verdadeiros protagonistas da própria aprendizagem.
O professor e a gestão pedagógica podem criar momentos de fala, rodas de conversa e até aproveitar algumas estratégias de aprendizagem ativa.
Além de ajudar no desenvolvimento da habilidade de expressão das crianças, ele conseguirá sentir um feedback das atividades e poderá aprender junto, também.
Outra vantagem é que, quando as crianças têm a oportunidade de se expressarem, a escola consegue a chance de conhecer melhor seus alunos e até descobrir se eles enfrentam algum problema que precise de atenção.
- Conhecer-se
Esse direito é essencial na formação da criança. Cada uma delas é diferente, possui suas subjetividades e particularidades.
Saber reconhecer-se dessa forma — nunca maior ou menor do que os demais, mas diferente — é algo que melhora muito o crescimento dos pequenos.
Para desenvolver isso, o professor pode criar situações de discussão ou de experiências, como, simplesmente, ficar em frente a um espelho e se observar, a fim de trabalhar aceitação.
No ambiente escolar, essa prática deve ser feita com a orientação de perto de um educador preparado, para que uma experiência rica não acabe se tornando uma fonte de bullying ou outros tipos de violência.
Leia mais: Como sua escola pode ser mais diversa e inclusiva?
Os campos de experiência da Educação Infantil
A BNCC indica também campos de experiências a serem explorados durante a Educação Infantil. Esses campos se integram com os direitos, mas ampliam ainda mais o entendimento de como deve ser o ensino para os pequenos.
Tudo isso deve ser aplicado à rotina na Educação Infantil. Confira:
- O eu, o outros e o nós
Este campo de experiências tem a ver com o convívio com outras pessoas, na formação da subjetividade da criança. Com sua experiência na escola, elas devem aprender a compreender a si mesmas e aos outros.
- Corpo, gestos e movimentos
Esta premissa compreende usar várias formas de expressão, como teatro, dança, música, entre outros, para as crianças se expressarem e descobrirem as possibilidades de seus próprios corpos.
- Traços, sons, cores e formas
As crianças devem entrar em contato com diferentes formas de manifestações culturais, artísticas e científicas para desenvolver senso crítico e estético sobre traços, sons, cores e formas.
- Escuta, fala, pensamento e imaginação
Os alunos devem ser estimulados a ouvir e a falar, como uma das partes centrais da convivência em sociedade.
Por isso, devem escutar, contar e criar histórias, além de participar de rodas de conversas, para se estabelecerem como indivíduos pensantes.
- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
Este campo tem a ver com a compreensão do espaço que as envolve e também busca incentivar sua curiosidade sobre o ambiente no geral — desde fenômenos da natureza até relações pessoais.
Nesses campos, também é preciso pensar em como deve funcionar a avaliação para as crianças. Temos um artigo e um eBook sobre o assunto. Confira:
Como montar um plano de aula BNCC para Educação Infantil?
Para atender às demandas de um plano de aula BNCC, sua gestão pedagógica precisa de planos de aula adequados, que envolvem um contexto prévio e organizem os conhecimentos que as crianças já possuem.
É preciso também organizar materiais e espaços que vão servir para a experiência ampla das aulas, considerando os cinco diferentes campos de experiência, além dos direitos dos alunos.
Outros pontos que auxiliam é a elaboração de perguntas guias, que devem ser respondidas durante a aula, e a definição de tempo recomendado para cada atividade.
Vale a pena também planejar desdobramentos possíveis para outras aulas ou mesmo para fora de sala, em atividades extracurriculares, e também formas de engajar as famílias no processo educativo.
Além disso, busque revisitar as dicas acima e verificar o que diz o documento da BNCC a respeito da Educação Infantil. Um plano de aula adequado precisa compreender os eixos estruturantes de:
- Conviver
- Brincar
- Participar
- Explorar
- Expressar
- Conhecer-se
Por isso, é interessante destacar em seu planejamento quais desses fatores — explicados acima — estão sendo atendidos em cada lição. Assim, no decorrer do ano letivo, o professor será capaz de abordar todos eles.
Identifique também, em cada aula, quais campos de experiência serão abordados, e como esse processo deve correr.
Leia mais: Como fazer um plano de aula de acordo com a BNCC?
Por fim, tenha sempre em mente que é preciso integrar o planejamento pedagógico como um todo. Temos conteúdos especiais para te ajudar com isso. Confira:
Como a gestão escolar pode ajudar os professores a atenderem as exigências da BNCC?
Se você quer que sua escola de educação básica esteja pronta para ajudar os professores nesse processo de ensino, é preciso ter uma gestão pedagógica realmente consciente das demandas da BNCC.
Veja também: Como adequar a sua escola à BNCC?
A partir disso, sua gestão saberá como orientar melhor os educadores.
Também é importante que os pedagogos participem do planejamento escolar de forma integrada com os professores, alinhando o plano de aulas para acompanhar o que determina a BNCC e oferecer uma educação de qualidade.
Por fim, a gestão pode ajudar os professores simplificando o trabalho deles de registro de aulas e atividades, por meio de um sistema de gestão escolar. Isso dá ao educador mais tempo, suporte e tranquilidade para melhorar suas aulas, de acordo com as demandas da BNCC.
Com tudo isso, você está preparado para dar aulas ainda melhores na Educação Infantil. Mas, se quiser aprofundar seus conhecimentos, veja nosso eBook sobre o assunto:
Carla Helena Lange
Líder de Marketing