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Métodos de avaliação no ensino remoto | Sponte

Escrito por Carla Helena Lange | Feb 6, 2023 3:00:00 AM

Antes da pandemia, a gestão pedagógica na educação básica raramente lançava mão das aulas online, uma prática que já era tendência e que foi acelerada pela necessidade de distanciamento social durante esse período de isolamento. Esse contexto também engloba práticas de avaliação no ensino remoto, pois, se não havia aulas à distância, esse tipo de avaliação não era necessária.  

Nesse período, quase todas as escolas foram pegas desprevenidas e, portanto, forçadas a se adaptarem da melhor maneira que encontraram.

Isso exigiu um sério trabalho da gestão escolar, que precisou buscar equipamentos, métodos e metodologias para o ensino online e para atender com qualidade alunos dos Ensinos Infantil, Fundamental e Médio, etapas escolares que, até então, não eram atendidas pelas aulas remotas.

Para se adaptar àquela realidade, foi preciso que gestores e professores, inicialmente, entendessem o funcionamento de um ambiente virtual e procurassem as melhores ferramentas que servissem como sala de aula para o seu contexto. Os planos pedagógicos tiveram que ser adaptados e os professores treinados para ministrar aulas a distância.

A obrigatoriedade das aulas remotas durou pouco menos de um ano e meio, mas nunca cessou a dúvida sobre a eficácia do aprendizado, assim como o desenvolvimento dos alunos durante aquele período em que o ensino sofreu essa grande adaptação.  

Ainda assim, a tendência do ensino híbrido foi acelerada, e hoje esse tipo de educação é uma realidade em muitas escolas do Brasil.

🔎 Leia mais: Ensino híbrido na prática: como sua escola pode implementar?

Isso porque a dúvida sobre a eficiência das aulas e o nível de desenvolvimento dos alunos durante o ano letivo não é uma novidade trazida pelo ensino a distância. 

Ao contrário, mesmo em aulas presenciais eles sempre foram medidos periodicamente por meio das avaliações escolares, que têm como objetivo fazer uma análise do quanto foi absorvido pelos alunos sobre os assuntos tratados durante as aulas.

Mas, se no ensino tradicional os métodos avaliativos já estão bem consolidados, no contexto remoto ainda não é muito claro o que realmente funciona. 

Se a sua escola adotou o sistema híbrido, e mesmo assim você ainda tem dúvidas sobre quais métodos avaliativos são capazes de medir com eficiência a aprendizagem dos alunos no ensino remoto, vamos citar alguns exemplos que podem ser colocados em prática. Acompanhe:

A obsolescência das avaliações tradicionais para o ensino remoto

Os modelos tradicionais de avaliação com os quais estamos acostumados, em geral, são aplicados no ensino presencial de forma pontual e medem o quanto do conteúdo visto em sala de aula foi absorvido pelo aluno. 

Geralmente, as avaliações são aplicadas por bimestre, trimestre ou semestre, de acordo com o calendário da escola. 

Ainda que comuns, já tem um tempo que estes estilos de exame são questionados e, com isso, , alguns aspectos dos processos de aplicação estão sendo repensados.

Entre os modelos que estão sendo colocados em xeque está o famoso “decoreba” — ou seja, aquele tipo de avaliação na qual o aluno, em vez de aprender o raciocínio completo, precisa apenas decorar algumas fórmulas, regras ou palavras para ter um bom resultado, sem saber muito bem como aquele aprendizado se aplica do dia a dia.  

Outro modelo avaliativo que levanta questionamentos é a prova sem consulta. No ensino presencial, ela faz sentido.  Contudo, nas avaliações online, realizadas em casa, com conexão à internet, acesso a dispositivos e sem supervisão presencial, o aluno pode fazer a consulta por meio de buscadores, eliminando a eficiência avaliativa do método.   

Com a entrada do ensino híbrido, podemos perceber que os moldes tradicionais de avaliação necessitam de uma revisão urgente. Então, é preciso encontrar meios em que a qualidade do aprendizado seja medida de forma que faça sentido. 

É importante que este desafio não seja apenas do professor, mas que também seja uma responsabilidade da gestão escolar.

Moldando as avaliações para o ambiente remoto

No caso das aulas híbridas, ou mesmo no ensino a distância, as avaliações desenvolvidas e implementadas mostram mais eficiência a partir das peculiaridades de cada turma, da  sua etapa escolar e do tipo de ensino. 

Os testes padronizados, ou seja, aqueles que são formulados e aplicados de forma padrão para todas as turmas, balizam o ensino, mas são incapazes de mensurar o aprendizado individual.

A partir dessa informação, muitos gestores escolares, coordenadores pedagógicos e professores estão mudando seus olhares sobre as formas de avaliar o desempenho do aluno, buscando maneiras de fazer este trabalho a partir do histórico de cada estudante durante o período letivo.

🔎 Leia também: O que é gestão pedagógica? Tudo o que você precisa saber para sua escola.

Dentro deste contexto, o emprego da tecnologia no processo pedagógico traz muitas vantagens aos gestores pedagógicos. Isso porque, quando há  ferramentas adequadas para tal, é possível criar  atividades e avaliações apropriadas ao ambiente online, assim como a organização de arquivos sobre os alunos e suas notas.

Ao analisar a situação de cada aluno  individualmente, tem-se em mãos evidências do seu progresso ao longo do tempo.

Essa metodologia já é utilizada em diversas escolas, sendo aplicada especialmente na Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental, sob o nome de “portfólio”. 

Como nessas etapas as crianças ainda são muito novas para realizarem exames escritos, coletar seu histórico é uma saída interessante para observar seu progresso.

🔎 Leia mais: A importância de avaliar os alunos da Educação Infantil e maneiras de implementar essa prática.

A estratégia também é válida para os Ensinos Fundamental e Médio, principalmente quando suas avaliações são todas digitais.  

Em vez de algumas poucas provas escritas e pontuais, com perguntas que eles podem pesquisar na internet, a ideia de coletar o histórico de cada aluno é excelente para avaliá-los de forma mais ampla.

Para isso, contudo, recomenda-se que, durante a execução de projetos, trabalhos, pesquisas e apresentações orais, os professores observem e meçam mais do que o conteúdo. Deve entrar em pauta, também, o desenvolvimento do aluno e sua capacidade de buscar, sintetizar e expor ideias e conhecimentos.

Fica claro, então, a necessidade — e a possibilidade — de se avaliar o aluno ao longo de todo o processo, e não somente considerar o resultado final de uma ou mais provas e trabalhos,  que formariam o cumulativo do bimestre ou semestre.

Essa avaliação contínua dos alunos, que revela mais do que notas, é chamada de metodologia formativa, sobre a qual falaremos a seguir. 

Metodologia formativa: o que é e como aplicar?

A metodologia de avaliação formativa tem como base o uso de diferentes atividades para analisar o desempenho do aluno em relação ao conteúdo aprendido e ao desenvolvimento das competências básicas do período. 

Seminários, trabalhos em grupo, testes, projetos interdisciplinares e autoavaliação são alguns instrumentos que podem ser utilizados nesse processo de análise.

Com esse método, que utiliza avaliação contínua do aluno em diversos segmentos propostos, todas as atividades podem ser utilizadas como parâmetro para verificar como está o seu desenvolvimento em termos cognitivos e também no âmbito socioemocional.

Para tanto, é fundamental que haja uma coleta de dados qualitativos e quantitativos sobre os estudantes. Isso significa atribuição de notas a exames, trabalhos e atividades avaliativas, mas também acompanhar de perto o rendimento e a participação durante as aulas, projetos em grupo e apresentações de trabalho.

Assim, o professor conseguirá perceber se o aluno está desenvolvendo as habilidades esperadas, como a capacidade de se comunicar plenamente e desenvolver pensamento crítico e criativo, além de adquirir repertório cultural e informativo ao longo do processo.

Vale ressaltar que as principais habilidades a serem adquiridas pelos estudantes constam na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como as 10 Competências Gerais, que são fundamentais para o bom desenvolvimento de todos os alunos.

Relatórios de aulas online também ajudam na avaliação no ensino remoto

Um dos métodos avaliativos utilizados durante a obrigatoriedade de educação a distância foi o relatório de aulas remotas. Nele, os professores registravam o comportamento dos alunos e usavam essa medição como parte fracionária da nota.

Para chegar até um modelo ideal houve diversas tentativas, erros e acertos. Ainda assim, cada instituição registra sua própria experiência de sucesso. Por isso, os relatórios podem ser totalmente customizados de acordo com o viés da escola em que será aplicado. 

Em geral, o principal ponto a ser levado em consideração é que o relatório de aulas remotas só deve ser aplicado se o professor realmente observar o comportamento do aluno. 

O relatório também deve ser flexível em relação às expectativas, e levar em conta em que fase escolar o aluno se encontra. 

Entre o que pode ser avaliado, podemos citar:

  • Pontualidade
  • Participação
  • Interesse nas aulas
  • Entrega de atividades
  • Domínio das ferramentas
  • Uso apropriado das ferramentas
  • Atenção aos comandos (como ligar o microfone ou a câmera)
  • Curiosidade
  • Interação com outros alunos
  • Presença nas atividades
  • Colaboração
  • Conclusão de tarefas
  • Necessidade de orientação individual
  • Desempenho

No momento de montar o relatório, é preciso se atentar de que as atividades descritas só fazem sentido quando há uma contextualização das atividades, portanto também devem estar contidas nesta avaliação.

Ela se torna importante não apenas para a medição da escola, mas também para nortear a família de como vem sendo o desempenho do aluno diante das aulas remotas. 

Outras formas de avaliação no ensino remoto

Quizz: Jogos de perguntas e respostas estimulam a participação da turma por meio da competição e avaliam o conhecimento de forma leve e divertida. 

Autoavaliação: Permite que o próprio aluno direcione o ensino dizendo o que sabe, o que não sabe e o que tem vontade de aprender. 

Portfólio: A construção de um portfólio das aulas, com vídeos, trechos de lições, depoimentos dos alunos, entre outros recursos, permite que o professor tenha uma visão mais ampla da forma de ensino que funciona para cada turma, avaliando o que performa e o que não engaja. 

Rubricas de aprendizagem: Construa uma tabela que reúne os critérios de avaliação de acordo com o que é esperado na aprendizagem de cada atividade e meça o que o aluno consegue fazer, o que está desenvolvendo e o que ele ainda não aprendeu.  

Ferramentas tecnológicas como aliadas no processo de avaliação 

Certamente, avaliar os alunos de forma tão integral e profunda requer muito tempo e energia por parte do corpo docente, que também possui diversas outras responsabilidades. Neste processo, ferramentas que sirvam ao propósito de contribuir e enriquecer são muito bem-vindas.

Por isso, separamos duas ferramentas tecnológicas que fazem toda a diferença na hora de avaliar o aluno do ensino online.

Learning Analytics

A aplicação do método Learning Analytics na educação básica é muito recente, mas ele já vem sendo usado no ensino superior há alguns anos, especialmente nos cursos ministrados em regime EAD. 

Aliado ao processo de avaliação no ensino remoto, o  Learning Analytics auxilia os professores a perceberem eventuais lacunas no processo de aprendizado dos alunos, baseando-se nos seus desempenhos dentro das atividades propostas durante a aula. 

Seu funcionamento é muito pautado na metodologia de avaliação contínua, em que uma série de dados referentes ao processo de aprendizagem é utilizada para gerar análises e relatórios sobre o desempenho individual dos estudantes.

Esses dados envolvem notas, avaliações dos professores, frequência, participação em sala de aula, entre outros. Com essas informações em mãos, os professores podem ter uma visualização muito mais precisa do desenvolvimento de seus alunos e, assim,  podem agir de forma eficaz sobre os conteúdos que precisam ser reforçados.

Quando utilizados como base da análise, os dados devem ser disponibilizados aos professores dentro dos ambientes virtuais de aprendizagem, o que mostra a importância de ter ferramentas de apoio online integradas ao seu sistema de gestão escolar.

Portal do Aluno

Outra ferramenta que é de grande ajuda no processo de avaliação no ensino remoto é o Portal do Aluno, principalmente se for associado ao Learning Analytics. 

Nele, ficam contidos todos os dados referentes à trajetória do aluno ao longo do período escolar, incluindo notas e atividades.

O Portal do Aluno do Sponte, por exemplo, é um espaço de troca para professores, coordenadores, alunos, pais e responsáveis. Além de registrar notas e frequência durante as aulas, é possível submeter atividades para os estudantes de forma online. 

A comunicação entre a equipe pedagógica e os pais e responsáveis também é facilitada, pois o espaço para envio de avisos e recados é uma funcionalidade já integrada à ferramenta.

Portanto, o Portal não pode ser desconsiderado como um aliado na missão de avaliar os alunos durante o ensino remoto, principalmente por representar um vínculo entre escola e família.

Novidade para todos

Apesar de o processo de ensino híbrido ter sido acelerado com a pandemia, ainda hoje o uso das tecnologias na educação é uma novidade, não apenas para os gestores pedagógicos e corpo docente, mas também para os alunos. 

Mesmo que a geração nativa-digital esteja acostumada à tecnologia, os estímulos do mundo online para o aprendizado foram intensos, apressando a graduação natural que o processo demandava. 

No entanto, ao ponderarmos essa situação, e apesar de todas as falhas que presumivelmente ocorreram durante esse período, é preciso considerar que o aluno tem a oportunidade de aprender diversas coisas no ensino remoto que talvez não tivesse a chance de vivenciar no ensino presencial.

Durante as aulas online, há uma aprendizagem ativa, que é maior em competências como senso de autonomia, organização, autorresponsabilidade, entre muitas outras habilidades que esse tipo de ensino proporciona.

🔎 Leia mais: 10 estratégias de aprendizagem ativa para usar em aulas presenciais e remotas.

Por isso, no momento da avaliação, todos os aspectos precisam entrar na balança, não só os desfavoráveis, mas também os favoráveis. Ainda que não ligados diretamente com o conteúdo previsto em cada disciplina, eles também serão levados como aprendizado pelos alunos.

Por fim, para ajudar sua escola a ter uma avaliação cada vez mais eficiente e produtiva, preparamos também um eBook sobre o assunto. Confira: