A escola, um dos lugares em que os alunos mais passam seu tempo, além de ser um espaço de aprendizado, é, também, um ambiente de desenvolvimento, autoconhecimento e socialização. É nesse meio que os estudantes descobrem mais sobre si, os outros e a sociedade.
Nesse espaço de descobertas, crescer e deparar-se com novas experiências e cobranças pode não ser tarefa fácil, ainda mais na adolescência, que é um período de muitas transformações físicas e mentais.
Essas mudanças podem acabar gerando uma carga emocional muito grande, tanto para crianças quanto para adolescentes, o que acaba afetando a saúde mental.
Isso se acentua ainda mais com o uso intensivo das redes sociais e da internet, o que é um comportamento típico das novas gerações.
Segundo a pesquisa Índice de Confiança Digital (ICD), realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), 41% dos jovens participantes afirmaram sentirem-se ansiosos, tristes e até depressivos após usarem as redes sociais.
Esse número expressivo mostra que temas como depressão, ansiedade, solidão e baixa autoestima estão mais presentes na vida dos jovens do que imaginamos.
E a pior parte é que, muitas vezes, esses problemas não são diagnosticados adequadamente, ou sequer identificados, fazendo com que muitas crianças sofram caladas, principalmente por não terem conhecimento sobre o assunto e não saberem ao certo o que estão sentindo.
Nisso, a escola acaba sendo um espaço importante, onde os alunos podem ter os primeiros contatos com questões da educação socioemocional e cuidados básicos com a saúde mental.
Tudo isso é fundamental. Afinal, o ambiente escolar é ótimo para observar os comportamentos de crianças e adolescentes, porque é o local onde os estudantes são colocados em situações de socialização quase que constantemente, além de termos o desempenho acadêmico para avaliar se algo está interferindo no processo de aprendizagem.
Mas, para lidar com esse tipo de situações, é essencial ter uma gestão educacional realmente preparada. Por isso, continue sua leitura e saiba mais sobre como trabalhar a saúde mental em sua escola.
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A pandemia de covid-19 afetou de maneira significativa a saúde mental de todos, inclusive das crianças e adolescentes.
Contudo, muitas pessoas ainda mantêm a concepção de que o aluno “só estuda”, ignorando todos os outros aspectos da vida do estudante, que acaba tendo sua saúde mental negligenciada.
Esse é um paradigma que precisa ser quebrado. Crianças e adolescentes são tão suscetíveis a problemas de saúde mental quanto os adultos e precisam de atenção nesse aspecto.
Afinal, eles estão em fase de desenvolvimento e, muitas vezes, ainda não aprenderam a identificar e lidar com as diferentes emoções que podem estar sentindo, especialmente as negativas.
O isolamento, por exemplo, afetou profundamente esse grupo, principalmente com a falta de mudanças de ambiente e a saudade do contato diário com os amigos e colegas de escola.
Além disso, é preciso acompanhar a forma como crianças e adolescentes estão enxergando e lidando com o cenário da pandemia. É possível que eles não estejam vendo a situação de forma totalmente realista e acabam minimizando os riscos ou criando um monstro maior do que realmente é.
Ambas as compreensões podem gerar irritabilidade, mudanças de humor, problemas de concentração, dificuldades para dormir e até dores físicas. E esses são apenas alguns dos diversos sintomas que afetam alunos e impactam na qualidade de vida, no desenvolvimento e, claro, no desempenho escolar.
Diante de todas essas questões, é fundamental que as instituições de ensino se envolvam no processo a fim de auxiliarem os alunos a desenvolverem competências socioemocionais.
Isso inclui ajudá-los a reconhecer os próprios problemas e sentimentos e a lidar com eles de forma construtiva, evitando distúrbios mais sérios.
O primeiro passo, então, é saber identificar quando algo está errado. O corpo docente, que costuma ter contato maior com os alunos no dia a dia, precisa estar atento a comportamentos que pareçam preocupantes. Dificuldade de socialização, conflitos recorrentes e introspecção extrema são alguns sinais comuns.
É importante, contudo, saber usar o bom senso. É normal que os alunos tenham alguns dias mais difíceis, no qual eles acabam mais quietos e isolados. Afinal, todos nós temos dias difíceis e parte do processo de amadurecimento é saber administrar as próprias emoções e comportamentos em momentos assim.
A situação muda quando isso se torna recorrente e o aluno começa a se isolar por completo, brigar com frequência ou ter seu rendimento escolar afetado. Esses, geralmente, são indícios de que algo não está bem e a gestão escolar e pedagógica precisa saber como intervir.
Existem algumas medidas que gestores educacionais e coordenadores pedagógicos podem promover para ajudar sua comunidade escolar com problemas relacionados à saúde mental. Confira:
As famílias dos alunos precisam ser aliadas da escola para que os jovens possam contar com uma rede de apoio consistente.
Infelizmente, muitos pais e responsáveis ainda não estão familiarizados com o tema da saúde mental, o que pode dificultar um pouco as ações colaborativas propostas pela escola.
Sendo assim, é preciso investir no relacionamento com as famílias dos alunos e oferecer conhecimento sobre esse assunto, para que elas também possam identificar sinais e saber como proceder com seus filhos em casa.
A melhor forma de fazer isso é tendo uma boa comunicação escolar com os pais e responsáveis, por meio da qual sua gestão educacional compartilhe informações sobre saúde mental com eles.
Falar sobre esse assunto pode ser um tabu para muitos alunos, especialmente os adolescentes. Para romper com esse pensamento, é importante apresentar questões relacionadas à saúde mental de forma leve e sem estigmatizar as pessoas que sofrem com esse tipo de problema.
O tema pode estar presente em aulas especiais, em palestras ou diluído no conteúdo das disciplinas, se for coerente com o conteúdo programático. Por exemplo, uma aula de Língua Portuguesa ou Redação em que os alunos precisem produzir ou trabalhar em um texto sobre ansiedade e depressão, como foi proposto na prova de Redação da principal edição do Enem de 2020, por exemplo.
É importante, também, trabalhar os aspectos socioemocionais com as crianças desde pequenas, para evitar que elas cresçam com o hábito de reprimir emoções. Afinal, isso geralmente resulta em adultos com problemas de saúde mental.
Para dar ênfase nesse tema, é muito interessante aproveitar datas ou épocas do ano específicas para trazer a saúde mental à tona. Dessa forma, a gestão torna a escola mais inclusiva para os alunos e amplia o cuidado com a saúde mental.
O Setembro Amarelo, por exemplo, é uma campanha que promove a conscientiação e o combate ao suicídio e outros problemas relacionados à saúde mental. Ou seja, setembro é um bom mês para oferecer diversas atividades educativas sobre essas questões.
Algumas ideias interessantes são: palestras com psicólogos e psiquiatras, filmes e livros que gerem reflexão e promovam o debate e a conscientização, além de rodas de conversa, nas quais os alunos possam compartilhar suas percepções e experiências sobre o assunto.
Grupos de apoio são espaços coletivos mediados por alguém capacitado, nos quais os participantes podem compartilhar detalhes de suas experiências.
Para os alunos, seria uma forma de se abrirem e trabalharem suas emoções, além de reconhecerem os mesmos sentimentos em pessoas diferentes. Isso ajuda a diminuir a sensação de solidão e de incompreensão.
A grande vantagem desse tipo de iniciativa é formar uma rede de apoio entre os próprios alunos. Mas reiteramos que, para que os grupos de apoio funcionem, é preciso que eles sejam trabalhados e mediados por um profissional.
Além disso, a participação dos alunos não deve ser obrigatória. Eles precisam estar lá por livre e espontânea vontade, dispostos a compartilharem seus pensamentos. Caso contrário, o efeito será nulo ou negativo.
Talvez essa seja a iniciativa mais importante para os alunos que enfrentam problemas de saúde mental, como surtos de estresse, transtornos de ansiedade, automutilação, depressão, pensamentos suicidas ou mesmo problemas de socialização.
A melhor pessoa para conduzir o tratamento de casos como esses é um profissional, como um psicólogo ou psiquiatra especialista em crianças e adolescentes.
A instituição de ensino pode, por exemplo, firmar uma parceria com clínicas e consultórios para facilitar o acesso dos alunos a esse tipo de serviço.
Pode-se propor, também, que o profissional vá até a escola, uma ou duas vezes por semana, para atender os estudantes no horário de contraturno das aulas, encurtando ainda mais o caminho entre o jovem e o tratamento.
Com o avanço da vacinação e a queda dos casos, a volta às aulas presenciais está mais perto do que nunca.
Portanto, é extremamente importante que a gestão escolar prepare a instituição para receber os alunos com segurança e motivá-los na volta às aulas. Veja, a seguir, alguns pontos que merecem sua atenção para um bom retorno:
Mesmo com a vacina, é crucial que a população mantenha os devidos cuidados, usando máscaras, evitando aglomerações e mantendo os hábitos de higiene. Isso inclui o ambiente escolar.
É altamente recomendável que a escola invista em equipamentos como termômetros de medição a laser, álcool em gel e álcool 70%. Além disso, a limpeza das salas exigirá um cuidado especial e é fundamental manter os ambientes arejados, permitindo a boa circulação de ar.
Os alunos voltarão à escola depois de um longo e difícil período de isolamento. Possivelmente, alguns deles perderam parentes para a covid-19, o que torna tudo ainda mais complicado.
Para lidar com isso da melhor forma, a gestão e a coordenação precisam estar preparadas e devem instruir a equipe para atender os alunos corretamente. É importante ter empatia, saber escutar e ser acolhedor.
Assim como os alunos carecem de compreensão e cuidados, a equipe escolar, especialmente os professores, também precisam.
Afinal, os docentes passaram por um ano desafiador. Saber lidar com esse momento de forma tranquila e consciente é algo crucial para manter a equipe pedagógica saudável.
Como vimos, é essencial que a gestão escolar se dedique aos cuidados com a saúde mental de seus estudantes e de sua equipe. E isso envolve atenção, conscientização e ajuda profissional.
Além disso, a escola deve buscar ser mais inclusiva, acolhendo alunos (e também colaboradores) em toda sua diversidade, seja ela étnica, religiosa, sexual ou de qualquer outra forma.
Ao mostrar-se aberta às diferenças e discutir o assunto com a comunidade escolar, a instituição evita que seus alunos sintam-se excluídos e sofram com mais problemas de estresse, ansiedade, depressão e tantos outros. Esse posicionamento ajuda, também, a reduzir o bullying.
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