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Feedback na escola: saiba como conduzir de maneira eficaz | Sponte

Escrito por Carla Helena Lange | Aug 13, 2021 3:00:00 AM

É fundamental saber transmitir de maneira eficaz um feedback na escola, pois, para muitos alunos, a hora de esse momento pode causar uma sensação desconfortável, em decorrência da avaliação e julgamentos enfrentados.

Esse desconforto pode ser consequência de um feedback mal transmitido, no qual não houve cuidado na escolha das palavras, nem preocupação em expor os pontos fortes e os aspectos que o estudante deve progredir.

Sendo assim, um momento que era para ser de troca de experiências e conselhos se torna algo traumático, gerando desconforto tanto para quem está recebendo essa avaliação quanto para quem a está transmitindo, que pode ser o professor, coordenador pedagógico, diretor ou outro integrante da equipe escolar

Isto é: feedbacks mal planejados e executados dificilmente terão resultados positivos em sua gestão escolar. Pelo contrário, eles podem atingir negativamente os alunos, prejudicar a autoestima e até afetar o comportamento na escola.

Então, para aprimorar esse processo dentro de sua escola, é preciso entender melhor como ele deve funcionar. Antes de mais nada, é importante pontuar que um feedback não é uma bronca, ou mesmo a oportunidade de dar uma lição de moral no estudante

O ideal é que ele seja em tom de conversa, com o objetivo de melhorar o desempenho, o comportamento ou a postura de alguém. Assim, deve servir como uma ferramenta de aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem.

Feito de forma agradável, como um diálogo aberto e construtivo, o feedback pode realmente fazer esse aluno evoluir. E isso vale tanto para crianças na Educação Infantil quanto para adolescentes no Ensino Médio: um bate-papo franco é um excelente caminho para ajudá-los a se desenvolverem.

Tendo em vista que, em sua escola, é preciso pensar em avaliações, reuniões e feedbacks com frequência, preparamos algumas dicas para melhorar essa troca de ideias e transformar esse momento em algo produtivo e enriquecedor para educadores e educandos.

Continue sua leitura e aprenda, em alguns passos, como transmitir um feedback de qualidade a todos, de forma simples e prática e sempre que precisar. Saiba também como essa estratégia pode servir, inclusive, para melhorar a equipe de sua escola.

Como construir um feedback de qualidade?
Quais são as vantagens de passar um feedback bem-feito?
Dicas para transmitir feedbacks construtivos
Desenvolva uma cultura de feedbacks na escola

Como construir um feedback de qualidade?

Você sabia que oratória já foi um esporte olímpico? Nos primórdios da competição,  saber se expressar em público e usar as palavras adequadas no momento certo era uma atividade digna de medalha de ouro.

Apesar de a modalidade não existir há muito tempo, a história nos deixa um aprendizado. Tal como qualquer esporte, ter o domínio das palavras que você usa requer planejamento, treinamento e objetivos claros.

Desse modo, ao transmitir um feedback para alunos, ou mesmo para outros membros da equipe escolar, planejar o seu discurso de antemão e ter um roteiro do que falar é uma excelente forma de aumentar a efetividade do processo.

Isso porque a organização ajudará com que a mensagem seja formulada cuidadosamente e chegue com mais clareza ao destinatário, ou seja, você será melhor compreendido pelo aluno ou até mesmo pela equipe.

Mas como organizar o discurso de forma efetiva? Claro que isso vai depender do seu objetivo e das características do aluno que vai receber o feedback, porém, você pode pensar nos seguintes critérios:

  • Quebre o gelo: mesmo que essa não seja a proposta de um feedback, o aluno se sente como se estivesse sendo julgado. Então, tenha um primeiro momento na conversa para deixá-lo mais à vontade, quebrando o gelo falando sobre algum assunto mais leve.
  • Apresente seu planejamento ao aluno: depois desse momento de conversa, revele ao aluno o que tem em mente com esse feedback para ele estar ciente do que vai acontecer. Esclareça para ele os objetivos da conversa e passe rapidamente pelos assuntos que você pretende tratar. Isso evita que ele se sinta acuado no processo.
  • Sinceridade é essencial: não esconda nada do estudante, seja o mais transparente possível para discutir tanto os pontos positivos quanto os negativos.
  • Use linguagem clara e simples: sua mensagem precisa ser completamente entendida, então não use palavras vagas ou que fogem da realidade do estudante. 
  • Iniciar com os pontos positivos é mais efetivo: como o feedback não é um momento apenas de apontar as falhas, o aluno deve saber o que está fazendo de positivo e os seus avanços. Assim, ele terá uma noção mais clara de seu crescimento.
  • Mostre os pontos a serem melhorados: tenha em mente que o aluno não conseguirá evoluir se não souber o que está fazendo de errado. É papel não só do professor, mas também do coordenador pedagógico mostrar esses aspectos sempre de uma forma construtiva, e não apenas com críticas.
  • Sugira um plano de ação: para o feedback ser completo, é preciso não apenas mostrar os erros, mas também apontar caminhos para ajudar o aluno a crescer. Sugira um plano de ação ao aluno e pergunte se ele concorda ou se faria algo diferente. É um processo colaborativo, que deve ter objetivos específicos e um prazo estipulado para uma nova avaliação.

Um feedback que segue esses critérios é efetivo ao aluno e facilita muito o trabalho do educador. Contudo, lembre-se de que esse processo deve ser personalizado, de aluno para aluno ou de turma para turma.

A falta de preparo de gestores em avaliar pode gerar situações embaraçosas e consequentemente ineficientes.

Por fim, qualquer feedback precisa ser transmitido por meio da técnica de rapport, isto é, mostrar empatia e respeito em todos os momentos do discurso. 

Em caso de o aluno apresentar algum problema, como no aprendizado ou no comportamento, procure entender o motivo antes de qualquer conclusão.

Dessa forma, o processo será ressignificado pelos alunos, eliminando qualquer trauma ou desprezo que eles possam ter com uma avaliação dessa natureza.    

Quais são as vantagens de passar um feedback bem-feito?

O feedback não é uma atividade de fim de bimestre, semestre ou ano. Essa troca de perspectivas precisa ser algo frequente.

Isso é importante para que os alunos estejam sempre alinhados com os propósitos de seus próprios desenvolvimentos intelectual e acadêmico. Além disso, a prática apresenta vários benefícios.

Entre eles, é relevante apontar:

  • Melhoria no relacionamento entre a equipe pedagógica e o aluno, baseando-se no respeito mútuo.
  • Promoção do bem-estar e do acolhimento ao estudante no ambiente escolar.
  • Resolução mais rápida e efetiva das dificuldades de aprendizado.
  • Melhoria do comportamento do aluno durante as aulas e em todo o ambiente escolar.
  • Implementação de um modelo de ensino que preza pelo constante aprimoramento pessoal e acadêmico.
  • Desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos alunos.
  • Integração do estudante no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que isso o coloca em uma posição ativa.

Por isso, crie uma rotina de encontros individuais ou com turmas específicas, voltados especificamente para esse momento de feedback.

Ainda, para aproveitar melhor o processo, faça um acompanhamento do aluno e verifique se o plano de ação elaborado durante e após o feedback está sendo aplicado e gerando resultados.

Dicas para transmitir feedbacks construtivos

O feedback é uma poderosa ferramenta para fazer com que o aluno esteja em constante evolução, além de aprimorar sua relação com professores e equipe pedagógica.

Porém, se esse momento não for devidamente planejado e estruturado, o efeito pode ser o oposto do esperado e causar prejuízos ao estudante.

Portanto, em um feedback, evite:

  • Conversas genéricas, ou seja, tratar problemas que não se aplicam diretamente ao aluno.
  • Traçar expectativas altas ou baixas demais para o estudante.
  • Fazer um discurso pautado em reclamações e críticas pessoais.
  • Ser muito breve ou demorado demais na conversa.
  • Ter um discurso ambíguo e de difícil compreensão.
  • Fazer conversas em público abordando dificuldades dos alunos. Dê preferência, trate os assuntos mais delicados em conversas particulares com o estudante.

Dessa forma, os riscos de alguém sair magoado ou desmotivado são bem menores. Para melhorar ainda mais, confira as sete características que, segundo o educador norte-americano Grant Wiggins, são necessárias em todo feedback:

  1. Apresentar objetivos específicos.
  2. Ter clareza.
  3. Ser prático.
  4. Mostrar empatia.
  5. Escolher o momento adequado.
  6. Oferecer conectividade.
  7. Ter consistência nas cobranças. 

Além disso, quando o assunto é tom de voz, lembre-se de que a intenção da conversa é aprimorar, não intimidar o estudante. Por fim, tenha em mente que equilíbrio é a palavra de ordem no momento de feedback. 

Desenvolva uma cultura de feedbacks na escola

Já ficou claro que o feedback é uma ferramenta muito mais ampla do que um momento de avaliação ou análise de desempenho, não é? Afinal, ele pode ser usado como uma forma de aproximar os alunos com o ambiente e a equipe escolar.

Dessa maneira, explore esse recurso ao máximo e incentive a cultura de troca de feedback em todas as esferas do ambiente escolar, não apenas na sala de aula.

Aproveite essas dicas para dar feedbacks a professores, responsáveis pela secretaria escolar, profissionais da gestão educacional e toda a equipe da instituição.

O mais importante de uma cultura escolar que valoriza o feedback é que o gestor e o diretor não são os únicos a falar. Ao abrir conversas francas e amigáveis dessa forma, todos podem participar, criando uma gestão escolar mais democrática.

Portanto, ao conversar com estudantes e colaboradores, pergunte: “Qual é sua opinião sobre isso?”; “Como você faria isso?”; “Vocês têm perguntas sobre o que foi exposto?”; “Há algo que eu possa fazer para ajudar?”.

Estar aberto ao diálogo e incentivar a troca de sugestões são passos importantes para implementar uma cultura de feedback na escola.

Buscar essa participação de todos é uma forma excelente de melhorar a aprendizagem, ainda mais sob os preceitos da Educação 4.0, que prevê uma escola mais participativa.