Um dos maiores desafios para a gestão pedagógica das escolas e para a educação como um todo é a avaliação. Afinal, o esquema tradicional de provas e notas mostrou-se insuficiente para acompanhar o crescimento de alunos tão diversos. A resposta para esse problema pode estar na curva de aprendizagem.
Essa técnica, originária da indústria, tem um grande potencial se for aplicada estrategicamente no planejamento pedagógico de uma escola.
O modelo da curva de aprendizagem no ensino permite avaliar se os resultados do aluno estão alcançando o esperado pela escola, além de identificar quais ajustes devem ser feitos para melhorar o processo.
Já pensou em usar a curva de aprendizagem na educação? Ou nem conhece esse modelo avaliativo?
Leia nosso artigo para descobrir como otimizar as avaliações em sua escola e melhorar os resultados do ensino.
- O que é a curva de aprendizagem?
- Como fazer o cálculo e visualizar a curva?
- Por que aplicar a curva de aprendizagem no ensino?
- Como aproveitar a curva de aprendizagem na educação e integrá-la ao planejamento pedagógico?
O que é a curva de aprendizagem?
Na prática, a curva de aprendizagem é uma representação visual da evolução dividida em dois eixos: aprendizagem e tempo. Eles são apresentados em um gráfico, que permite entender esse avanço com mais clareza, observando a progressão do desempenho de um aluno (no caso da educação).
Esse modelo de avaliação, no entanto, não nasceu focado nas escolas. Apesar de ter sido criada por um especialista em psicologia da aprendizagem (o alemão Hermann Ebbinghaus) em 1885, a curva de aprendizagem foi usada pela primeira vez para analisar os custos de produção na indústria.
Contudo, com o tempo, ela passou a ser aplicada em escolas e outras instituições de ensino, como uma ferramenta para monitorar o progresso dos estudantes.
No contexto da gestão pedagógica, ela mede o desempenho do estudante durante todo o período letivo, considerando cada atividade realizada por ele dentro do planejamento pedagógico.
Conforme sua linha no gráfico sobe — mostrando um desempenho maior de acordo com o tempo passado —, ela mostra que o aluno teve resultados mais satisfatórios e pode abraçar exercícios mais desafiadores.
Ao mesmo tempo, se a linha está descendo ou mantendo-se estável, é sinal de que o estudante não está evoluindo. Isso pode indicar dúvidas, dificuldade com o ensino ou outros problemas de aprendizagem.
Por meio dessa visualização, o professor e a gestão pedagógica podem descobrir se o aluno precisa de ajuda ou mesmo se é hora de rever as metodologias de ensino.
Como fazer o cálculo e visualizar a curva?
A curva de aprendizagem é uma ferramenta matemática. Sua definição depende de um cálculo que tem, como função, apresentar a evolução do desempenho dentro de um período de tempo. Só assim é possível exibir a aprendizagem em um gráfico.
A equação usada para isso é:
O fator “y”, tradicionalmente, representa o tempo médio que uma pessoa leva para realizar uma tarefa. Como estamos adaptando a fórmula para medir o desempenho de alunos, podemos também considerar a nota média que o aluno obteve depois de realizar um certo número de atividades.
O C1 trata do tempo que a pessoa levou para terminar a tarefa na primeira tentativa, ou, no nosso caso, a nota que ele obteve na primeira vez.
O X, por sua vez, representa a quantidade de vezes em que o aluno resolveu essa atividade avaliativa.
O b, para concluir, é o parâmetro da inclinação da função, determinando o aprendizado do aluno com -1 (para quem aprende muito rápido) a 0 (para quem não demonstrou aprendizado).
É claro que o professor não terá o resultado de b quando começar a aplicar essa métrica. É preciso que o aluno realize algumas atividades para começar a calculá-lo, invertendo a equação.
Por exemplo, vamos avaliar o crescimento da nota de um aluno de Biologia. Na primeira avaliação do bimestre, ele tirou 6; na segunda, 8; na terceira, 9; na quarta, 10. A nota média dele (y) é 8,25. O C1 é 6, o X é 4 então só precisamos descobrir o b. Para isso, inverte-se a equação e alcançamos o quociente que mostra a taxa de crescimento do aluno. No caso do exemplo, o b é -0,6.
Por fim, a representação do cálculo em uma matriz vai gerar a curva de aprendizado que precisamos, para avaliar o crescimento do desempenho do aluno.
Por que aplicar a curva de aprendizagem no ensino?
Você certamente já conhece a importância da avaliação escolar. Ela permite ao professor acompanhar a evolução do aluno, conferir se ele está absorvendo o conhecimento e trabalhar para que ele realmente possa aprender as lições em sala de aula.
Sem falar que uma avaliação bem-feita ajuda até a melhorar a retenção de estudantes.
🔎 Leia mais: Como o seu método de avaliação pode ajudar na retenção de alunos?
No entanto, simplesmente ver cada nota sozinha, sem um contexto, invalida boa parte do objetivo. Com isso, o professor ou o gestor pedagógico é capaz de entender como o aluno está neste momento, mas sem compreender a evolução que ele passou para chegar até aqui.
Afinal, se você ver apenas esse “fragmento” de uma nota isolada e perceber que dois alunos tiraram 8, a impressão é de que ambos precisam passar pelo mesmo tipo de estratégia educacional para avançarem.
No entanto, se um desses alunos costumava tirar 6 e melhorou suas notas, o professor deve celebrar o avanço com ele e terá, também, um sinal de que o trabalho realizado está dando certo.
Se o outro aluno, por sua vez, costumava tirar 10 e decaiu para o 8, é preciso avaliar os motivos da queda e aplicar uma estratégia diferente para fazê-lo recuperar o bom desempenho.
Ou seja, para ter uma clareza na avaliação dos alunos e poder cuidar de seu ensino de maneira estratégica e inteligente, é essencial ver cada nota em um contexto.
É claro que o professor pode, simplesmente, ver os números em uma lista. No entanto, o gráfico com a curva de aprendizagem ajuda a ter essa noção com muito mais clareza, alinhada com o tempo de ensino, sem depender de conferir vários números distintos.
Assim, fica muito mais fácil e eficiente a análise dos alunos, o que faz com que os resultados da avaliação sejam ainda mais positivos.
🔎 Leia mais: Tudo sobre avaliação escolar: melhores práticas no processo avaliativo, objetivos e análise de resultados.
A curva de aprendizagem permite, também, que o professor e o gestor pedagógico saibam como lidar com o aluno em cada momento específico, entendendo que o crescimento costuma ser mais lento no início, atinge um pico no meio e tende a estabilizar com o tempo.
Em cada momento desses, é preciso saber cobrar e avaliar o aluno da maneira adequada.
É preciso considerar, ainda, que a curva de aprendizagem na educação permite que a escola apresente para pais e responsáveis a evolução dos alunos, de maneira clara e agradável. Isso é excelente para que eles vejam o resultado, reconheçam o trabalho da escola e tenham mais probabilidade de realizarem a rematrícula.
Como aproveitar a curva de aprendizagem na educação e integrá-la ao planejamento pedagógico?
Você já entendeu o cálculo e a importância da curva de aprendizagem no ensino. Então é hora de saber como aproveitar melhor essa ferramenta. Confira nossas dicas:
Integre a curva de aprendizagem no planejamento pedagógico
Ao organizar seu planejamento pedagógico para um período letivo, lembre-se de incluir a curva de aprendizagem como uma tarefa importante para os professores e como uma parte essencial do processo avaliativo.
Aproveite as informações da curva de aprendizagem no planejamento
Esta é uma dica complementar à anterior. Se você já estiver realizando a curva de aprendizagem há algum tempo, use os dados que já coletou a partir dela para planejar as próximas aulas.
Se seus alunos estão mostrando uma curva excelente, identifique quais estratégias estão dando certo e reforce-as. Se as curvas estão muito lentas, contudo, busque maneiras de otimizar o ensino com novas metodologias, gamificação, ensino socioemocional, etc.
🔎 Para saber mais, confira:
- Metodologias ativas de aprendizagem: saiba o que são e como incluí-las em sua escola
- O que é gamificação e como ela contribui para o processo de ensino-aprendizagem?
- Quais são as competências socioemocionais importantes para desenvolver na escola?
Tenha uma boa comunicação com a comunidade escolar
Para utilizar a curva de aprendizagem sem criar uma recepção negativa entre alunos, pais e responsáveis, é interessante ter uma comunicação clara, direta e aberta com eles. Busque contar com uma ferramenta que potencialize isso, como o Portal do Aluno do Sponte.
Use em sala de aula
Esta dica é óbvia, mas vale reforçar: o professor deve aproveitar as informações da curva de aprendizagem na sala de aula, discutindo os resultados com os alunos e trabalhando, em conjunto, para melhorar os números.
Separe o conteúdo de acordo com os níveis de dificuldade
Nesse mesmo sentido de usar em sala de aula, busque adaptar os conteúdos apresentados de acordo com o ponto em que o aluno se encontra na curva de aprendizagem. Assim você melhora a relação entre ensino e aprendizagem.
Tenha um plano de avaliação adequado
Como já dissemos no começo deste texto, sabemos que as avaliações são um dos grandes desafios da gestão escolar. Por isso, simplesmente aplicar a curva de aprendizagem no ensino não é o suficiente.
É preciso ter um verdadeiro plano de avaliação, que integre metodologias variadas, respeite o tempo do aluno e aproveite as informações — como a curva de aprendizagem — para melhorar constantemente.
Para te ajudar nesse objetivo, preparamos um eBook completo sobre o assunto. Confira:
Carla Helena Lange
Líder de Marketing