Nos últimos anos, as diretrizes educacionais sobre diversidade têm estado no centro das atenções, o que é fruto de muita luta, discussões e debates de minorias que reivindicaram — e continuam reivindicando — espaço dentro da sociedade.
Com isso, há um novo desafio para gestores e educadores, que devem construir práticas administrativas e pedagógicas para lidar com casos de preconceito e de discriminação.
Afinal, ainda que o passado seja imutável, lutar por mudanças no presente é uma maneira de quebrar um ciclo de segregação e exclusão social que já se perpetuou por tempo demais.
Nesse sentido, a escola pode ser um meio para promover tais mudanças que se fazem necessárias no campo social e construir um futuro acolhedor para todos, sem qualquer discriminação, seja de gênero, etnia, religião, orientação sexual ou classe social.
Portanto, preparamos este artigo para sugerir maneiras de tornar as escolas mais inclusivas, com diversidade e representatividade, prezando pelo diálogo e pela democracia, com o auxílio de práticas saudáveis a serem desenvolvidas com toda a comunidade escolar. Boa leitura!
Reconhecer a identidade dos alunos: um passo importante para a diversidade e a representatividade nas escolas
Diversidade e inclusão na Educação Básica
O espaço escolar democrático: como formar alunos para serem cidadãos?
É impossível falar sobre diversidade, representatividade e inclusão sem abordar sobre identidade. As ciências humanas afirmam que a formação de uma identidade depende do reconhecimento de outros integrantes de um mesmo ambiente social.
Ou seja, se determinada identidade é invalidada, seja por meio de ações, discursos ou legislações, a existência desse indivíduo passa a ser questionada por ele mesmo.
Sendo assim, alguns grupos são colocados em uma posição de inferioridade, gerando, como consequência, mais exclusão e opressão social.
Vários grupos oprimidos se sentem dessa forma, invalidados e ignorados, devido ao silenciamento constante que sofreram ao longo dos anos. Apesar da evolução da sociedade nesse quesito, especialmente na última década, ainda há muito a ser feito.
A falta de representatividade em ambientes relevantes é um grande impulsionador desse desinteresse das pessoas nas pautas das minorias.
Segundo Charles Taylor, um relevante teórico canadense, “O devido reconhecimento não é uma mera cortesia que devemos conceder às pessoas. É uma necessidade humana vital”.
Essa fala ilustra bem qual deve ser o posicionamento de um gestor escolar em seu cotidiano. É uma necessidade de prioridade máxima promover um ambiente representativo para que a sociedade seja assim futuramente.
Dar voz às pessoas não é uma gentileza, mas uma obrigação democrática, principalmente no âmbito da educação.
De acordo com um levantamento do Instituto Unibanco, o desempenho médio dos alunos em geral é menor em escolas nas quais atitudes preconceituosas são mais frequentes.
Assim, percebe-se que a falta de representatividade é capaz de afetar todo o corpo estudantil, e não apenas os grupos diretamente prejudicados. Então, é preciso se perguntar: como ter uma gestão democrática e representativa?
Ajudar a dar voz a quem esteve por tanto tempo em uma posição marginalizada é uma tarefa importante da gestão escolar. É essencial mostrar para os desinteressados que as discussões são relevantes e promover um espaço seguro para quem precisa fazer reivindicações.
Uma pesquisa chamada “Nossa Escola em Reconstrução” ouviu mais de 130 mil alunos, que confirmaram o desejo de ter mais voz no ambiente escolar.
Em adição, 65% deles afirmaram que, em uma escola dos sonhos, a participação dos estudantes é fundamental. Trabalhar a representatividade por meio de coletivos pode ser um excelente começo para isso.
Organizar grupos de alunos para o levantamento de pautas para discutir o melhoramento de práticas e infraestruturas escolares é uma excelente estratégia para uma gestão democrática.
Já a integração entre o corpo docente, pais, alunos e responsáveis, é outra excelente estratégia que pode ser motivada por meio de reuniões e encontros regulares.
Além dessas estratégias, o gestor pode usar outras ferramentas para buscar a diversidade e a representatividade da comunidade escolar:
O gestor pode aproveitar essa dedicação e pensar em projetos que darão a coautoria aos alunos para levantar discussões sobre assuntos sociais relevantes, como peças de teatro, composições musicais, postagens em redes sociais e produções audiovisuais.
Assim, a gestão da escola de Educação Básica deve usar várias estratégias para estimular o aluno a participar na tomada de decisões.
Uma gestão democrática amplia o engajamento estudantil, promove o processo de ensino-aprendizagem, melhora a relação entre os integrantes do corpo escolar, aumenta a qualidade das dependências da escola e, por fim, resulta em uma sociedade mais representativa e inclusiva.
Leia mais: 4 maneiras de fazer uma educação inclusiva em sua escola
Como esperar que alunos deixem a escola como cidadãos plenos e atuantes se eles nunca participaram ativamente nas decisões educacionais?
A passividade é prejudicial à sociedade, tanto que a Constituição Federal, lei n.º 8.069, incentiva a participação juvenil e a organização de entidades representativas no ambiente escolar.
Para uma gestão escolar democrática, então, o envolvimento dos alunos na tomada de decisões é fundamental, pois é essencial prepará-los para viver com a democracia e o pluralismo de ideias.
Nesse sentido, a gestão pode organizar as seguintes estratégias:
É relevante que a gestão organize essas manifestações democráticas em ambiente escolar. No caso de eleições serem necessárias, cabe à gestão escolar organizar essa tarefa de forma transparente.
O silêncio perpetua desigualdades sociais e impede que mudanças relevantes aconteçam na sociedade. O debate precisa acontecer em toda a Educação Básica, com o intuito de formar discentes com senso crítico e, principalmente, voz ativa perante situações de preconceito na sociedade.
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