O mercado da educação é um excelente investimento, mas o desafio da gestão educacional não é para qualquer um. Além de cuidar dos alunos e garantir a qualidade do ensino, um gestor precisa lidar com burocracias e inseguranças do mercado. Mas isso é um pouco diferente para gestores que estão em franquias escolares.
As franquias escolares — ou franquias de educação — tem destaque como oportunidade de negócios, com várias vantagens, como mais simplicidade e segurança na gestão. Mas, ao mesmo tempo, apresentam algumas desvantagens que podem afastar alguns empreendedores.
Conhecer tudo isso é essencial para quem está pensando em começar a investir no empreendedorismo educacional e abrir sua própria escola. Mas também é um conhecimento importante para gestores veteranos que estão pensando em se tornar uma franquia.
Então, seja qual for sua situação, continue a leitura e veja se as franquias escolares são o caminho ideal para seus investimentos:
Tradicionalmente, o empreendedorismo educacional envolve criar uma escola “do zero”. Lidar com toda parte jurídica e burocrática da abertura de um novo negócio, inventar uma marca, desenvolver sua estrutura, construir um público e trabalhar muito para ocupar um espaço de reconhecimento e captação de novos alunos.
As franquias escolares, no entanto, são quase como “atalhos” que facilitam esse início para o gestor escolar.
Nesse sistema, temos uma empresa conhecida como franqueadora. É a dona da marca de uma escola que já possui estrutura, modelo de negócio e reconhecimento. Geralmente, ela conta com várias filiais — escolas que usam sua marca em diferentes lugares do País, ou mesmo fora dele.
O investidor interessado, então, entra em contato com essa franqueadora, paga uma taxa e fecha um contrato com ela. Isso lhe dá o direito de usar a marca em sua própria escola, além de ter acesso a estrutura, materiais, modelo de negócios, orientações, marketing, apoio jurídico, etc.
Essa instituição de ensino então é reconhecida como uma franqueada. Ela tem sua própria gestão, com diferentes níveis de autonomia, mas deve seguir alguns princípios, como o padrão organizacional da franquia, a forma de comunicação com o público, as metodologias de ensino, os métodos de avaliação e até o nível de qualidade educacional.
Além disso, a escola franqueada deve pagar royalties para a franqueadora. Isso funciona como uma espécie de “aluguel” da marca para usar sua estrutura, seu nome e outras benesses. O valor é estipulado em contrato no início do negócio e geralmente representa um percentual dos lucros.
Franquias escolares: exemplos práticos
Para entendermos melhor, vamos imaginar uma situação hipotética. Digamos que você seja um investidor que quer abrir uma escola, mas não tem experiência na área.
Então você busca uma marca que é já é reconhecida no mercado, com várias escolas abertas, e fecha um acordo para abrir sua própria instituição de ensino dentro dessa franquia. Para isso, você tem orientações, estrutura e acesso a uma marca estabelecida.
Em contrapartida, você deve fazer um investimento na marca, pagar um valor mensal e manter um padrão específico.
O mesmo vale para gestores que já possuem a própria escola, mas querem mudar sua realidade ou buscar uma expansão de negócios com uma marca estabelecida no mercado.
Segundo a pesquisa Números do Franchising realizada pela Associação Brasileira de Franchising, as franquias brasileiras lucraram quase R$ 211,5 bilhões apenas em 2022 — um aumento de 14,3% em comparação com 2021. O valor teve uma queda em 2020, devido à pandemia, mas já está maior do que o patamar registrado em 2019, no período pré-covid.
Considerando apenas franquias de serviços educacionais, o faturamento foi de quase R$ 13 bilhões: um aumento de 13,17% em relação a 2021.
Isso mostra o crescente potencial financeiro de fazer parte de uma franquia educacional. E esse é apenas o primeiro benefício.
Além disso, ela ajuda sua liderança escolar a ter sucesso desde o primeiro momento. Em vez de começar do zero, com uma marca desconhecida, o investidor já entra no empreendedorismo educacional com um nome forte no mercado, o que atrai alunos e garante a confiabilidade do negócio.
Por consequência, uma escola franqueada tende a atrair mais matrículas com investimentos em marketing geralmente menores.
No mesmo sentido, a franqueadora oferece suporte para a abertura da escola e para as questões jurídicas e burocráticas, que poderiam ser uma dor de cabeça para o novo gestor.
Outro ponto relevante é a metodologia de ensino. Essa é uma questão central para o sucesso de qualquer escola, que demanda um desenvolvimento cuidadoso, baseado em estudos, testes e parâmetros educacionais exigentes. Sem uma metodologia adequada, a qualidade da aprendizagem é baixa e dificilmente a instituição vai prosperar.
Uma escola franqueada, por sua vez, já recebe uma metodologia padronizada, em um modelo testado e aprovado em várias instituições, com bons resultados na aprendizagem de seus alunos.
Leia também: Metodologias ativas: quais as vantagens e como contribuem na educação?
Com tudo isso, uma escola franqueada acaba tendo mais chances de sobreviver e prosperar no mercado educacional.
Se você é um investidor que ainda está avaliando a viabilidade de investir em uma franquia escolar, podemos citar algumas vantagens que destacam o empreendedorismo educacional frente a outras formas de franquia.
Em primeiro lugar, a gestão educacional oferece uma recorrência de faturamento, na forma de mensalidades escolares. Além disso, há renovação fácil da carteira de clientes, graças às rematrículas.
Vale mencionar ainda a alta demanda do setor, pois educação é um bem essencial de destaque no mercado.
Para completar, uma franquia escolar não precisa de um estoque grande, como é o caso em outros modelos de negócios, como o alimentício. Você só precisa de espaço para os alunos e um pouco de material escolar.
Nem tudo são vantagens sobre as franquias escolares. Essa modalidade de empreendedorismo educacional tem um ponto negativo que chama bastante a atenção: seu empreendimento não é totalmente seu. Você está “alugando” uma marca alheia e deve seguir os padrões dela.
Na prática, isso significa que você não tem total liberdade para fazer sua própria gestão educacional.
Enquanto por um lado você tem um método educacional comprovado, por outro, você tende a ter menor liberdade para construir uma gestão pedagógica mais adequada à sua realidade específica. Afinal, é preciso manter o padrão da franqueadora.
Leia também: Gestão pedagógica: o que é e como fazer.
O mesmo vale para estratégias de marketing, comunicação com o público, organização financeira e, em alguns casos, até para a contratação de profissionais.
É claro que o gestor tem um grau de autonomia para gerir sua própria instituição, em um nível que varia de acordo com a franquia. Mas a regra é: existe um padrão que deve ser seguido.
No mesmo sentido, a expansão de negócios também vai depender da franqueadora. Se você quer abrir mais uma escola na cidade vizinha, ou em outro ponto comercial, será preciso alinhar isso com a franqueadora, avaliar as possibilidades e obter uma permissão.
Também leve em conta a questão da responsabilidade com o padrão de qualidade da franquia. Ao assumir uma marca já estabelecida no mercado, sua escola será cobrada para manter os mesmos parâmetros educacionais e organizacionais esperados dela.
Essa cobrança vem tanto dos alunos, pais e responsáveis quanto da própria franqueadora, que avaliará sua escola constantemente. Na maioria dos casos, o gestor deverá enviar relatórios de resultados financeiros e educacionais.
Caso as metas não sejam cumpridas, pode haver punição ou até perda do direito de manter a franquia.
Para completar, há a questão dos custos. O investidor deve fazer um pagamento para adquirir os direitos de usar a franquia, além de pagar mensalmente os royalties por ela.
No cálculo geral, considerando os benefícios de uma marca estabelecida e experiente, esse investimento acaba valendo a pena com a redução de custos em outras áreas e com o aumento de matrículas. Contudo, é preciso considerar que ele será uma despesa permanente.
Se você decidiu que quer trabalhar com franquias escolares no empreendedorismo educacional, é hora de aprender como escolher o lugar certo para investir.
O primeiro ponto a avaliar é a questão de custo-benefício entre o reconhecimento da marca e o custo para adquirir sua franquia.
Uma marca com maior renome e estrutura tende a ser mais cara, demandar maiores investimentos e ter um padrão mais alto de qualidade que o gestor deve alcançar.
Franquias menores, por sua vez, têm valor mais acessível e demandas menos onerosas. No entanto, seu renome e sua estrutura também são menores.
Considere qual é seu capital inicial e o tamanho da escola que você pretende construir. Então, defina qual é o nível de franquia que você está pronto para adquirir.
Na sequência, esteja ciente de alguns pontos de atenção nas franquias escolares para fazer um investimento com segurança. Os principais são:
Para analisar isso tudo, converse com franqueados e ex-franqueados, questionando como é a experiência de fazer parte dessa empresa.
Antes de investir em uma franquia de educação, busque saber se esse é o caminho certo para o seu dinheiro.
Primeiro, é essencial que você tenha afinidade com o segmento educacional. Por mais que possa contratar um gestor para lidar com a escola, o investidor precisa entender um pouco do assunto para lidar com problemas e direcionar melhor seu empreendimento.
Perfil empreendedor e aptidão comercial também são interessantes para qualquer investimento, assim como noções de marketing e de atração de clientes. Na educação não é diferente.
É bom também ter identificação com a marca em que você quer investir. Isso facilitará a negociação e seu trabalho mais tarde.
Confira também se você tem um capital suficiente para isso — não apenas para adquirir a franquia, mas também para manter um caixa positivo no início do empreendimento, que costuma ser mais lento, mesmo fazendo parte de uma escola de renome.
Por fim, vale a pena ter noções de tecnologia ligada à gestão educacional, como ferramentas de aprendizagem e sistemas para escolar particulares. Já estamos na era da educação digital e esse preparo ajudará a ter bons resultados.