A cultura maker é uma das grandes tendências das novas gerações, tirando muitas pessoas da posição de consumidores passivos e transformando-as em verdadeiras protagonistas da produção artística, profissional e até funcional. E isso está cada vez mais integrado à gestão pedagógica em escolas do mundo todo.
Afinal, além dos benefícios de sustentabilidade e economia, a cultura maker potencializa também a criatividade, a autonomia e a colaboratividade, bem como proporciona um aprendizado inovador.
Em uma escola, esse movimento melhora o ensino e ajuda a formar alunos realmente preparados para o futuro.
Para entender mais sobre o assunto e descobrir como levar a cultura maker para sua escola, integrando-a à gestão pedagógica, continue a leitura:
De forma resumida, a cultura maker é uma tendência em que as pessoas consertam ou criam vários tipos diferentes de itens em vez de comprá-los e consumi-los passivamente. Isso envolve desde utensílios domésticos até obras de arte, ou desde sistemas de computação até aparelhos de robótica, entre muitas outras possibilidades.
No entanto, para realmente entender essa proposta o suficiente para implementá-la na educação, é interessante conhecer um pouco da história da cultura maker.
A parte mais básica do conceito — fazer coisas por conta própria — existe há muito tempo. O registro mais antigo de um manual nesse sentido data de 1683/1685 e foi produzido por Joseph Moxon, um hidrógrafo e tipógrafo inglês.
Seu livro descreve como um homem sem especialização poderia fazer trabalhos básicos de ferraria, marcenaria, desenho, impressão de livros, confecção de mapas e criação de instrumentos matemáticos.
Segundo o inglês, essas práticas manuais seriam saudáveis e agradáveis tanto para a mente quanto para o corpo.
Com o tempo, a ideia cresceu e tornou-se fundamental, principalmente nos períodos de crises, guerras e pós-guerras do século 20.
Essa necessidade diminuiu depois da retomada econômica, mas as pessoas também passaram a ter semanas de trabalho mais curtas e mais tempo para dedicar a suas famílias e hobbies.
Assim, nas décadas de 50 e 60 explodiu o conceito de DIY (Do It Yourself, ou faça você mesmo, na tradução para o português), uma tendência de produzir um trabalho prático em casa.
Essa ideia foi estimulada por revistas, livros e programas de TV, que ensinavam homens e mulheres a “colocarem a mão na massa” para resolver problemas do dia a dia, decorar a casa, montar brinquedos para crianças, produzir a própria comida e muito mais.
Saltando para o novo milênio, em 2005 foi lançada a revista Make, uma publicação totalmente focada nessa ideia de produção própria, com tutoriais, desenvolvimento de habilidades e muito mais.
A partir desse processo todo nasceu o movimento maker que, hoje, com o crescimento das tecnologias, é conhecido como “cultura maker”: a ideia de que qualquer pessoa é capaz de consertar ou criar objetos por conta própria.
É claro, a história é muito mais longa e extremamente heterogênea, envolvendo desde donas de casa em épocas em que as mulheres não podiam sair para trabalhar até músicos do movimento punk. É uma história que combina necessidade, pobreza, hobbie, exercício mental e corporal, impulso criativo e muito mais.
E a cultura maker carrega um pouco de tudo isso. É uma forma diferente de lidar com o consumo e com a sustentabilidade — comprando menos e criando mais, exercitando a própria criatividade e autonomia.
Além disso, ela tem um ponto extra que a diferencia da tendência de DIY: a tecnologia disponível hoje, que envolve cortadoras laser e impressoras 3D, apresentando o potencial de revolucionar as formas de produção.
Na opinião do físico Chris Anderson, autor do best seller The Long Tail (A Cauda Longa), a cultura maker pode ser vista como uma nova revolução industrial, por meio da transferência do poder das grandes indústrias para as mãos do consumidor.
Para direcionar o imenso potencial dessa ideia, propõem-se quatro pilares da cultura maker:
Exemplos do que pode ser criado na cultura maker
Toda a evolução do “faça você mesmo” e da tecnologia possibilitam a criação dos mais diversos tipos de produtos, como:
A cultura maker já chegou em muitas escolas de educação básica e se mostra essencial para preparar seus alunos para os desafios do futuro.
Afinal, como vimos, essa tendência apresenta uma infinidade de possibilidades, seja na mudança das profissões do futuro, seja na transformação da nossa relação com o consumo.
Alunos que tiverem contato com a cultura maker desde os primeiros anos de escola terão um arsenal muito maior para lidar com essas novidades e para se destacarem tanto na sociedade quanto no mercado de trabalho desse futuro que ainda não conhecemos.
Além disso, confira outros benefícios da cultura maker nas escolas:
Como os estudos de pedagogia já vêm demonstrando, crianças e adolescentes aprendem muito ao “colocar a mão na massa”.
Com uma educação maker, os estudantes têm essa cultura integrada durante todo o processo de aprendizagem, o que potencializa a forma como absorvem e aplicam o conhecimento. Ou seja: eles vão aprender fazendo.
Isso tem tudo a ver com as metodologias ativas e com o lugar do aluno como protagonista de seu próprio aprendizado.
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Por meio de uma cultura que explora a criação, a imaginação e a autonomia, a escola ajuda a desenvolver o pensamento crítico e criativo de seus estudantes.
Tecnologias como as impressoras 3D terão uma participação cada vez maior no futuro de seus estudantes. Por isso, a cultura maker busca prepará-los para lidar com essas novidades de forma inteligente e madura.
A dependência do aluno em relação ao professor, aos pais e à tecnologia é normal nos primeiros anos escolares, mas a formação de um cidadão pleno passa pela conquista da autonomia.
A cultura maker ajuda nesse objetivo e vai além: uma pessoa maker se torna mais independente até do consumismo que é tão comum à sociedade moderna.
Autonomia não significa individualismo! A cultura maker ensina que os melhores resultados são conquistados no coletivo e isso é ótimo para a formação de um cidadão participativo e integrado à sociedade.
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O consumismo exacerbado, a geração de lixo e a produção industrial descomedida (muitas vezes sem preocupação com a durabilidade) são sérios problemas ambientais e de direitos humanos.
Ao trabalhar a cultura maker com seus alunos, sua escola ajudará a torná-los menos dependentes desse consumo.
Crianças são curiosas por natureza. A grande maioria delas adora colocar a mão na massa e sente uma realização muito grande ao ver resultados palpáveis do seu próprio trabalho.
A cultura maker oferece tudo isso, o que faz o aprendizado ser uma prática mais prazerosa e ajuda a conquistar o engajamento de seus estudantes.
A tecnologia já é parte intrínseca da vida das novas gerações. Seus alunos cresceram com um celular em mãos e isso pode gerar uma dependência problemática e um consumo passivo, acrítico e prejudicial para seu desenvolvimento.
Você certamente tem alunos que não conseguem se desligar das redes sociais, ou já ouviu relatos de pais que dizem que seus filhos vivem vidrados no YouTube ou no TikTok, por exemplo.
A cultura maker oferece uma solução para combater esse problema — mas sem eliminar a tecnologia. Pelo contrário: ela abraça as inovações, mas propõe um consumo ativo, racional e equilibrado usando a tecnologia de forma inteligente e construtiva.
Agora que já discutimos a importância dessa tendência, é hora de saber como levar a cultura maker para a escola na prática. Veja alguns passos importantes:
A cultura maker está totalmente conectada com a tecnologia, então o primeiro passo é mudar a mentalidade que muitas escolas ainda têm, de que smartphones e tablets devem ficar fora da sala de aula.
Pelo contrário: é hora de integrar a tecnologia com o ensino.
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Para potencializar o aprendizado maker, busque oferecer espaços como laboratórios, hortas e oficinas de marcenaria, além de equipamentos de costura, reciclagem, robótica, impressoras 3D, entre outros.
É claro que esse passo envolve mexer com a estrutura da escola e demanda de investimentos, por isso, avalie muito bem quais são as possibilidades. É válido fazer um pouco por vez para evitar custos excessivos.
Há várias atividades que sua escola pode propor para possibilitar esse aprendizado. Alguns exemplos são:
Perceba que há uma grande variedade de possibilidades, desde propostas tecnológicas até práticas manuais. Tudo isso faz parte da cultura maker!
As metodologias ativas têm vantagens como o estímulo ao pensamento crítico e criativo, o protagonismo dos alunos, o engajamento e muito mais. Esses benefícios potencializam a cultura maker nas escolas.
É impossível transformar a cultura de sua escola sem a parceria do corpo docente. Por isso, busque contratar professores capacitados, além de capacitar quem já faz parte de sua equipe. Além disso, lembre-se de valorizar o trabalho desses profissionais.
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A implementação da cultura maker não pode ser feita de forma improvisada. Ela envolve planejamento e raciocínio. Por isso, busque integrá-la ao projeto político pedagógico da escola, para que ela realmente esteja integrada nos seus planos para o futuro da instituição.
Uma escola preparada para o futuro precisa abraçar a tecnologia, capacitar seus alunos para um mercado de trabalho mais digital e oferecer mais protagonismo e autonomia para seus estudantes.
A cultura maker faz parte dessa transformação. Se quiser saber ainda mais, leia nosso eBook sobre o planejamento para uma escola do futuro: