Já sabemos que o futuro das escolas e da gestão pedagógica depende de novos modelos de educação. As gerações de nativos digitais precisam de um ensino personalizado, tecnológico e ativo, no qual o aluno é protagonista da própria aprendizagem.
Isso não significa, necessariamente, jogar fora o modelo clássico de avaliações ou as aulas expositivas. Mas é necessário que esses não sejam os únicos modelos de ensino em sua gestão pedagógica.
Em vez de estimular a “decoreba” para passar na prova, uma escola pronta para o futuro deve praticar um aprendizado que estimule a compreensão da lição, que discuta seus efeitos na vida prática do aluno e que esteja em consonância com as novas tendências sociais.
Por isso, busque conhecer novos modelos de educação que estão ganhando espaço em cada vez mais escolas no Brasil e no mundo. Veja alguns dos principais:
- Sala de aula invertida: modelos de ensino para o aluno protagonista
- Escola nas nuvens: mais autonomia e trabalho em grupo
- Educação democrática: mais poder de decisão para seus estudantes
- Modelo STEAM: currículo tecnológico para o mercado de trabalho do futuro
- A importância de novos métodos de ensino e metodologias ativas na educação das novas gerações
Sala de aula invertida: modelos de ensino para o aluno protagonista
O protagonismo do aluno em seu próprio aprendizado é um dos principais conceitos da educação do futuro. Para ele engajar-se nas aulas, aprender de forma ativa e realmente absorver o conhecimento, ele deve estar no centro das lições.
Muitos dos novos modelos de ensino apresentam essa tendência e a sala de aula invertida é, talvez, o mais conhecido entre eles.
Essa metodologia ativa tão relevante envolve uma prática simples de ser aplicada. Ela já está presente há muito tempo, principalmente no ensino superior, mas vem crescendo muito na educação básica.
A sala de aula invertida ocorre quando o professor disponibiliza materiais e conteúdos previamente para o aluno, ou quando ele solicita a pesquisa a respeito de um tema específico.
Assim, o estudante pode estudar o assunto por conta própria e explorar diferentes técnicas de pesquisa — principalmente online, o que integra a tecnologia, que é tão importante para as novas gerações.
Na aula seguinte, ele estará preparado para discutir o assunto, já terá dúvidas para apresentar ao professor e poderá, inclusive, fazer apresentações e debates com o conhecimento que aprendeu.
Ou seja: o docente deixa de ser o único “explicador” da lição. Os alunos também ocupam essa posição e podem debater a partir de diferentes aprendizados, perspectivas e experiências.
Para a sala de aula invertida funcionar, tudo isso deve ser incentivado e recompensado. Além disso, o educador precisa manter sempre a posição de orientador do processo, equilibrando os debates e enfrentando questões como preconceitos e desinformação que podem surgir a partir da pesquisa dos estudantes.
Esse estudo “particular” — mas guiado, orientado e recompensado pelo professor — tem muitas vantagens, como:
- Incentivo à autonomia do estudante, o que é fundamental para seu desenvolvimento social e educacional.
- Aumento do interesse do aluno pelo assunto, graças à possibilidade de participar mais ativamente da própria aprendizagem.
- Maior dinamismo em sala de aula, reduzindo a predominância das lições expositivas e deixando o ensino mais interessante.
- Presença de diferentes opiniões e perspectivas que enriquecem a aprendizagem e estimulam a diversidade em sala de aula.
🔎 Leia também: Como sua escola pode ser mais diversa e inclusiva?
Também é válido incentivar a sala de aula invertida com atividades e pesquisas em grupo, para fomentar o estudo, o debate e a produção de conhecimento de forma coletiva, que é excelente para o aprendizado dos alunos.
Para conhecer um pouco mais sobre essa metodologia, confira nosso artigo: Sala de aula invertida e a autonomia no aprendizado.
A sala de aula invertida também é ótima para manter os alunos engajados — mas esse é um excelente parâmetro compartilhado pela maioria das metodologias ativas e pelos modelos de educação que veremos neste texto.
Temos uma palestra que fala especificamente sobre as transformações metodológicas que uma escola pode fazer para manter esse engajamento entre as novas gerações. Você pode abrir em uma nova aba para assistir depois:
Escola nas nuvens: mais autonomia e trabalho em grupo
Entre os novos modelos de educação, outro que se destaca é a escola nas nuvens, conhecida também pelo nome em inglês school in the cloud ou pela sigla SITC. Nessa metodologia, as crianças aprendem de forma autônoma, trabalhando em grupo e tendo o professor apenas como um “facilitador”.
A proposta é bastante diferente do conceito de educação aplicado em escolas tradicionais, por isso, vale a pena conhecer melhor sua origem e os conceitos que justificam essa mudança.
A ideia nasceu na Índia, a partir do experimento Hole in the wall (em tradução literal, “buraco na parede”) realizado por Sugata Mitra, pesquisador e professor de tecnologia educacional.
Mitra e sua equipe criaram um verdadeiro buraco na parede na favela de Kalkaji, em Nova Deli, onde disponibilizaram um computador para ser usado livremente pelas crianças da área.
Elas se interessaram muito pela novidade e, sem experiências ou preparo formal prévio, aprenderam a usar a máquina coletiva e intuitivamente.
A experiência levou Mitra à conclusão de que habilidades básicas de computação podem ser adquiridas por qualquer grupo de crianças se os educadores oferecerem uma instalação adequada, além de entretenimento, motivação e um mínimo de orientação.
A proposta deu origem à ideia de Minimally invasive education (educação minimamente invasiva). Ela parte do princípio de que há vários motivos para as dificuldades na aprendizagem das novas gerações — principalmente quando o ensino é imposto e o assunto é algo em que o aluno não está interessado.
Assim, essa nova ideia afirma que há várias formas diferentes de estudar e aprender, argumentando que a aprendizagem é um processo que você faz, não que é feito para você.
Foi daí que nasceram os modelos de ensino da escola nas nuvens. O princípio se baseia nas ideias da educação minimamente invasiva e distribui ambientes de aprendizagem auto-organizáveis.
Nesses espaços, as crianças podem fazer descobertas com a ajuda dos colegas, usando o computador e com a presença de um professor e um voluntário como facilitadores e entusiastas.
Esses ambientes não eliminam as escolas tradicionais. Pelo contrário: podem ser implementados dentro delas, seja no pátio, na secretaria escolar ou em alguma sala vazia, como um complemento à educação em sala de aula.
O professor pode até integrar esse espaço às suas lições, fomentando apresentações, debates e outras atividades baseadas no aprendizado realizado em grupo.
Isso estimula a autonomia dos estudantes e motiva o trabalho em grupo, com alunos mais experientes agindo como tutores para os demais, o que fortalece a coletividade e o desenvolvimento colaborativo.
As premissas de autonomia e trabalho em grupo ajudam muito o aluno a se preparar para seu futuro.
Educação democrática: mais poder de decisão para seus estudantes
Este é outro exemplo dentro dos modelos de educação que foca no protagonismo dos alunos não apenas na própria aprendizagem, mas também no próprio crescimento da instituição de ensino.
Em uma escola democrática, a gestão escolar e o planejamento pedagógico não ficam restritos aos gestores e professores. Pelo contrário: todos passam a ter o direito e o dever de participar das decisões.
A possibilidade de realmente fazer parte da gestão e do desenvolvimento da escola fortalece a sensação de pertencimento e o engajamento dos alunos, pais e responsáveis.
Além disso, a educação democrática transmite uma sensação de responsabilidade coletiva para o estudante. Isso reduz o individualismo e o descolamento dele com a realidade. Essa motivação é muito poderosa para incentivar crianças e adolescentes das novas gerações.
Para completar, essa prática estimula o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade na resolução de problemas e na criação de melhorias e sugestões coletivas.
🔎 Leia também: Gestão democrática: conheça quais são os benefícios dessa prática.
Modelo STEAM: currículo tecnológico para o mercado de trabalho do futuro
O modelo de ensino STEAM baseia-se em uma reestruturação do projeto pedagógico com maior foco em disciplinas importantes para o mercado de trabalho tecnológico e digital do futuro.
Para isso, ele tem como princípios a educação voltada a ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática (os nomes em inglês Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics compõem a sigla STEAM).
Por meio dessa combinação entre disciplinas de exatas e artes há uma formação mais plena para os desafios do século XXI, com os conhecimentos de exatas contrapostos pelas habilidades criativas e emocionais necessárias para o desenvolvimento pleno e intelectual do cidadão.
Assim, ele pode ter acesso a uma formação que envolve tecnologia, autonomia, responsabilidade, pensamento crítico, habilidade para trabalhar em equipe e estrutura emocional para tomar decisões.
Para entender mais sobre a metodologia STEAM e suas aplicações como um dos modelos de educação, confira nosso artigo: Entenda o que é STEAM e como aplicar essa metodologia em sua escola.
Lembre-se de considerar que usar essa metodologia envolve remodelar, inclusive, o planejamento pedagógico da escola.
A importância de novos métodos de ensino e metodologias ativas na educação das novas gerações
O futuro da educação depende de as escolas aprenderem como lidar com as novas gerações. São crianças e adolescentes que vivem no paradoxo de estarem extremamente conectadas de forma virtual, mas, ao mesmo tempo, ficarem alheias ao que acontece em seu entorno e desinteressadas no ensino tradicional.
Para resolver essa demanda, é preciso aplicar novas metodologias que sejam interessantes, instigantes e estimulantes — e que ensinem mais do que a “decoreba”.
Por isso, além dos modelos de educação que apresentamos até agora, busque saber mais sobre as metodologias ativas. Temos textos específicos sobre o assunto. Confira:
- Metodologias ativas: quais as vantagens e como contribuem na educação?
- Metodologias ativas de aprendizagem: saiba o que são e como incluí-las em sua escola.
- Como as metodologias ativas podem aumentar a produtividade da sua gestão escolar.
Tudo isso faz parte de um planejamento capaz de preparar sua escola para o futuro. Acesse nosso eBook e conheça ainda mais técnicas para isso:
Carla Helena Lange
Líder de Marketing