Cada ser humano é único. Sua história de vida, seu repertório e suas vivências o tornam um indivíduo com características próprias, que devem ser consideradas pela gestão pedagógica no processo de ensino-aprendizagem. É nesse contexto que se aplica a chamada aprendizagem adaptativa.
Esta é uma proposta de educação que considera as características individuais de cada estudante, adaptando o processo de ensino a sua realidade, perfil e personalidade.
Cada aluno possui um ritmo diferente de aprendizado, ou tem mais facilidade de aprender um determinado conteúdo por meio de textos, por exemplo, enquanto outros podem se sentir mais familiarizados com vídeos, ou conseguem reter mais conhecimento por meio de atividades práticas.
Adaptar o ensino a cada aluno de forma particular parece ser um grande tarefa, e de fato, a aprendizagem adaptativa traz consigo alguns desafios para professores, diretores e gestores de escolas.
Afinal, como ensinar um aluno de acordo com o seu ritmo quando um professor possui uma turma de vários estudantes sob sua responsabilidade? Neste texto, vamos oferecer algumas informações que ajudam a responder essa pergunta.
Imagine a seguinte cena: uma turma com 20 alunos ou mais, copiando o conteúdo que está sendo escrito pelo professor na lousa ou quadro negro. Em seguida, o grupo responde a uma lista de exercícios, e com o mesmo conteúdo se prepara para a avaliação que será aplicada no fim do mês ou bimestre.
A educação já mudou muito, mas é provável que essa imagem ainda esteja relativamente fresca em sua memória. Esta é uma situação típica do que costumamos entender por “educação tradicional”, um modelo que surgiu a mais de 300 anos com o iluminismo.
Neste modelo, professor e aluno têm seus papéis muito bem estabelecidos, que podem ser resumidos da seguinte forma:
Ou seja, as características individuais dos estudantes são muito pouco consideradas, e muitas vezes os alunos são avaliados de forma ineficiente por não se adaptarem a essa metodologia.
Mais do que isso, a dificuldade de adaptação pode comprometer o desempenho do estudante, que pode acreditar que o problema é consigo, por não conseguir acompanhar, por exemplo, o “ritmo da turma”.
Resultado: frustração.
Na aprendizagem adaptativa o estudante deixa de ser um mero espectador e assume o protagonismo de seu aprendizado, de acordo com o seu ritmo e suas características. Nesse modelo ele pode assistir às aulas onde e quando quiser, por meio de ferramentas online.
Em resumo: na aprendizagem adaptativa, em vez de o aluno buscar se adaptar com o grupo, é o professor que procura estar em sintonia com cada um dos estudantes.
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O conceito de ensino adaptativo pode imediatamente trazer a impressão de que este é um método mais trabalhoso, que colocará mais carga de responsabilidade sobre os professores. Porém, o que acontece é exatamente o contrário.
Adotar métodos adaptativos de aprendizagem agrega inúmeras vantagens ao processo pedagógico, permitindo um trabalho mais efetivo para professores e um ensino muito mais prazeroso para os alunos.
A seguir listamos algumas delas:
Conseguir motivar e engajar os alunos é um dos grandes desafios da escola. Isso porque muitos alunos se sentem desmotivados e desinteressados com uma rotina de obrigatoriedade de entregas em determinados prazos impostos pela educação tradicional.
A construção do engajamento dos alunos é um processo feito por etapas, e com a possibilidade de aproveitar o conteúdo no seu devido tempo, os estudantes se sentem mais envolvidos com a aprendizagem, aproveitando de fato o processo de educação, que precisa ser prazeroso.
Por meio da aprendizagem adaptativa, o aluno se sentirá mais à vontade para dialogar com professores, pais e colegas, pois entenderá que sua individualidade está sendo respeitada.
Uma maneira para tornar esse processo mais fácil aos estudantes é trabalhar as diferenças na escola por meio de diálogos e atividades.
Importante: a educação adaptativa não pressupõe necessariamente a não existência de prazos e responsabilidades. Se pudéssemos resumir essa etapa em uma palavra ela seria flexibilidade.
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Como dito anteriormente, cada indivíduo possui características próprias, conforme as suas vivências e seu contexto de vida. Além disso, o que conhecemos por inteligência é um conceito bastante amplo.
Você já ouviu falar das inteligências múltiplas? Este é um conceito elaborado por Howard Gardner, em 1983, que mudou a percepção sobre o assunto e trouxe uma revolução para a educação.
Segundo essa teoria, existem vários tipos de inteligência classificadas da seguinte forma:
As práticas de ensino adaptativo possibilitam que os professores tenham mais condições de identificar os tipos de inteligência dos estudantes, permitindo a criação de ferramentas que respeitem essa individualidade e o desenvolvimento de talentos.
Desse modo, o estudante também conseguirá perceber suas potencialidades, se tornando um indivíduo mais consciente das suas capacidades, algo que impactará diretamente a sua relação com o mundo ao seu redor.
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É possível dizer que o modelo de educação tradicional considera pouco os conhecimentos pregressos dos estudantes, pois parte do princípio que o educador é a única autoridade intelectual na sala de aula.
Ao identificar e respeitar o conhecimento que os alunos já possuem, o professor terá mais condições de avaliar a quantidade de tempo que poderá dedicar a um determinado estudante.
Por exemplo: um aluno com inteligência e conhecimento pregresso em matemática poderá exigir menos etapas de assimilação de conteúdo. Com isso, o educador saberá alinhar a sua expertise com a necessidade deste estudante em particular.
Como consequência, o professor conseguirá gerir melhor o seu tempo e desenvolver ótimas ferramentas para atender o aluno com mais facilidade. Ou seja, haverá ganho de tempo e energia.
O aluno, por sua vez, se sentirá respeitado e conseguirá aproveitar de forma mais afetiva o andamento da disciplina.
Apesar destas e de outras vantagens, aplicar métodos de educação adaptativa não é uma tarefa fácil, pois exige primeiramente uma quebra de paradigmas.
Ou seja, a sua aplicação é um processo gradativo que exigirá muito diálogo e sobretudo planejamento pedagógico.
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A seguir, conheça algumas formas de aplicar esse conceito na escola.
A tecnologia é uma grande aliada da escola em todos os seus processos e está na base da educação adaptativa.
Um exemplo disso são as ferramentas de big data, que podem ser utilizadas para identificar pontos fortes dos alunos, avaliar o seu desempenho, identificar preferências, entre outras particularidades.
Assim, é possível criar atividades mais personalizadas e inclusive analisar os melhores horários de rendimento de cada estudante.
Contar com um software de gestão escolar, como o Sponte, também é uma ótima forma de garantir a melhoria de praticamente todos os processos de gestão, desde a área administrativa até a pedagógica.
O software possui funcionalidades destinadas, exclusivamente, ao acompanhamento do aluno, como o Portal do Aluno e o Apoio online, que permitem a personalização de vários aspectos do processo de ensino- aprendizagem em sua escola.
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A implantação de práticas de aprendizado adaptativa é um processo que pode começar de forma gradual. Para isso, é importante traçar uma estratégia. É preciso analisar, primeiramente, a realidade da escola, suas características, potencialidades e condições.
Aposte também nas potencialidades da sua equipe. Reúna colaboradores, equipe pedagógica, ouça o que eles têm a dizer a respeito, e em conjunto pensem nas possibilidades de se implementar ações nesse sentido.
Com isso, será possível desenhar estratégias e metas, além de avaliar o que será necessário para que uma educação mais adaptativa seja aplicada na escola. Lembre-se, quem sabe seja preciso quebrar alguns paradigmas, por isso não tenha pressa.
Aqui, novamente a tecnologia pode ser uma aliada. A transmissão de conteúdos vai muito além de ferramentas de texto. Vídeos e materiais em áudio também são poderosas ferramentas de aprendizado. Além disso, também podem ser aproveitados:
Essas ferramentas permitem uma educação mais imersiva, contínua, participativa e diversificada aos alunos. Assim, será possível identificar quais formatos se adaptam melhor a realidade da escola, e os alunos terão uma gama de possibilidades para aprender de forma ainda mais personalizada.
A educação adaptativa apresenta vários desafios para gestores de instituições de ensino e equipes pedagógicas. A seguir listamos alguns deles:
As ferramentas tecnológicas fazem parte da base da aplicação de modelos de ensino adaptativo.
Para aplicar o modelo de forma ampla é necessário a utilização de plataformas e softwares que permitam a coleta e análise de dados, a realização de atividades e testes, a oferta de conteúdos multimídia e as aulas online.
A implantação pode representar custos altos. Ainda que esta seja uma realidade, tais custos devem ser encarados como investimentos, pois há muitos ganhos no curto, médio e longo prazo.
A equipe de professores e demais colaboradores precisam estar capacitados e alinhados com o projeto de educação adaptativa proposto pela escola.
Capacitar com qualidade é algo que leva tempo e precisa ser feito de forma contínua, algo que pode se apresentar como um desafio.
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A educação adaptativa envolve a automatização de alguns processos, como a possibilidade de corrigir avaliações de forma automática. Porém, a tecnologia não substitui o trabalho do professor.
Além disso, a educação também será realizada sem a intermediação das ferramentas tecnológicas. Portanto, é necessário pensar no formato de integração entre as ferramentas online e offline.
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Esperamos que este texto tenha esclarecido suas dúvidas, sobre as características da educação adaptativa, e fornecido informações úteis sobre os desafios de sua implementação na sala de aula.
A tecnologia também pode contribuir de várias outras formas para a educação e para a gestão de uma instituição de ensino. Quer saber mais sobre esse assunto? Leia o nosso eBook: