O planejamento educacional, o Plano Político Pedagógico (PPP), o andamento da gestão pedagógica e a gestão escolar como um todo dependem muito da liderança escolar.
Uma liderança eficaz, inteligente e humanizada é a principal responsável pelo sucesso da gestão em muitas escolas de educação básica.
Da mesma forma, se não se dedicar a melhorar sua liderança escolar, você pode pôr a perder todos os resultados da sua instituição — incluindo os acadêmicos e os financeiros.
Quer aprender mais sobre o assunto e descobrir como melhorar a liderança na sua escola? Então, continue sua leitura:
Como indica Heloísa Lück, em seu livro Liderança em gestão escolar, “qualquer esforço para definir liderança é arbitrário e subjetivo”, já que diferentes estudos abordam o conceito com perspectivas diversas.
No entanto, dentro dessa complexidade, ela aponta alguns princípios que podem guiar nossa compreensão sobre o que é a liderança escolar.
Para a autora:
“Liderança é, pois, um conceito complexo que abrange um conjunto de comportamentos, atitudes e ações voltado para influenciar pessoas e produzir resultados, levando em consideração a dinâmica das organizações sociais e do relacionamento interpessoal e intergrupal no seu contexto, superando ambiguidades, contradições, tensões, dilemas que necessitam ser mediados à luz de objetivos organizacionais elevados” (LÜCK, 2014).
Nesse sentido, o conceito de liderança escolar pode ser entendido, basicamente, como o trabalho que a equipe de gestão escolar executa para lidar com conflitos e guiar a instituição de ensino para alcançar seus objetivos, dentro dos valores, princípios e missão definidos.
De forma prática, ela é a parte da gestão escolar que lidera a equipe como um todo. É ela que coordena a eficácia da gestão pedagógica, a organização da gestão financeira, o trabalho dos colaboradores e a integração entre as diferentes áreas que compõem sua escola.
Mas é importante deixar claro: a liderança escolar não diz respeito a apenas uma pessoa. Existe um líder, que é o diretor, o gestor ou outra pessoa responsável por — nas palavras de Lück — “tomar as decisões e inspirar os seguidores”.
No entanto, ele não lidera sozinho. Muitas pessoas podem, e devem, participar desse processo de guiar os rumos da instituição.
De toda forma, uma liderança escolar eficaz e bem planejada é um passo fundamental para o sucesso de uma escola de educação básica, tanto na parte financeira quanto no aprendizado de seus alunos.
Considerando a diversidade na compreensão do conceito de liderança, como apontado por Heloísa Lück, é possível abordar essa ideia por meio de diferentes enfoques.
Essa visão mais ampla, quando aplicada à gestão escolar, permite que o líder desenvolva uma liderança escolar mais flexível, diversa e efetiva, com estratégias variadas para lidar com diferentes desafios.
A flexibilidade das práticas de gestão é ainda mais importante quando levamos em conta as novidades que estão transformando o cenário educacional no Brasil e no mundo.
🔎 Leia mais: Escola do futuro: saiba como transformar sua gestão escolar.
Levando isso em conta, organizamos aqui seis tipos de liderança distintos propostos pela autora. Mas lembre-se de que, apesar de suas diferenças, eles não precisam ser vistos como técnicas separadas.
Em vez disso, busque entender o que cada um pode oferecer para a realidade da sua instituição.
Segundo Lück, essa modalidade de liderança escolar é “orientada fortemente por valores, integridade, confiança e um sentido de verdade, comungado por todos em uma organização”.
A partir desses princípios, a liderança transformacional — como o nome indica — tende a levar a mudanças nas práticas, processos e na própria organização do trabalho.
No entanto, essas transformações são complexas e raramente são percebidas no curto prazo. Muitas vezes, também, ocorre de elas regredirem com o tempo.
O foco desta modalidade é a interação entre pessoas. Segundo Lück, “essa liderança procura influir no conjunto das relações entre todas as pessoas participantes da comunidade escolar”.
Nesse sentido, a autora diz que essa modalidade busca mobilizar a comunidade para trocar experiências e ideias, aprender em conjunto e se articular na proposição e realização de linhas comuns de ação.
Também conhecida como liderança distribuída, essa prática foca em disseminar e dividir a tomada de decisões com diferentes membros da comunidade escolar.
Isso busca dar liberdade e relevância para que alunos, pais, responsáveis, professores e colaboradores possam participar também na busca pelos objetivos da escola.
Para a autora, esse tipo de liderança é imprescindível no âmbito escolar, principalmente com o envolvimento dos alunos. Isso porque “a educação tem por objetivo promover o desenvolvimento de capacidades para o exercício da cidadania".
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Esta modalidade de liderança escolar dialoga muito de perto com a liderança compartilhada. Sua distinção se dá no fato de que ela é focada na participação de profissionais da equipe da gestão escolar.
Ou seja, ela é uma liderança baseada no entrosamento de diferentes profissionais que têm como responsabilidade gerir o andamento da escola
Em todos os modelos, mas principalmente na liderança compartilhada e na coliderança, há propostas que descentralizam o processo de tomada de decisões e a gestão escolar. No entanto, isso não dispensa a necessidade de um líder central.
Segundo Lück, a liderança executada por muitas pessoas, sem uma coordenação, pode levar à desorientação, com o risco de perder o foco e o eixo das ações da escola.
Por isso, para a autora, a liderança compartilhada e a coliderança “não se expressam em revelia e ao contrário a uma liderança central, mas em articulação com ela, a partir dos propósitos comuns, num contínuo processo de diálogo e de mediação”.
É de conhecimento comum que uma das missões da escola é ensinar aos seus alunos. O foco da liderança educativa é levar isso um passo mais longe, tornando sua escola uma “organização que aprende” por meio da gestão escolar.
Ou seja, o líder, nessa modalidade, deve desenvolver a capacidade de orientar a aprendizagem e o desenvolvimento profissional de sua equipe.
Para Lück, isso envolve três passos importantes:
No ambiente escolar, a equipe ainda deve acompanhar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, de forma a integrá-lo nesse processo educativo em todos os níveis.
Esta modalidade é proposta pela autora como uma forma de liderar pessoas integrando diferentes aspectos e compreensões da realidade, buscando um “desenvolvimento ao mesmo tempo global e equilibrado”.
Para Lück, nessa modalidade de liderança, “não são as pessoas, as ações e os elementos isolados que fazem a diferença, e sim o conjunto deles todos”. Com isso, o processo tende a ter mais efetividade.
Isso promove, também, a integração entre as diferentes formas de liderança, além de ajudar a capacitar o líder para lidar com as novidades da transformação digital na educação e com as demandas das novas gerações.
Afinal, a gestão escolar precisa estar constantemente em processo de adaptação, avaliando sua comunidade e apresentando estratégias adequadas para o futuro.
Saiba mais sobre o assunto assistindo à palestra de Denis Drago, especialista em gestão educacional:
Outro termo muito utilizado atualmente nos estudos sobre educação é o da liderança flutuante. Essa representação da gestão democrática sinaliza a relevância da comunidade escolar — principalmente dos gestores — no encaminhamento de uma instituição de ensino.
Sua principal premissa envolve a troca frequente de líder, como ocorre na mudança periódica de diretores.
A ideia é que novos líderes podem apresentar perspectivas diferentes e inovadoras, além de ocuparem o cargo com um “fôlego” novo para executar os objetivos da escola.
Isso também ajuda a evitar tanto a fadiga quanto a acomodação, que são riscos corridos por quem passa muito tempo em uma posição de liderança.
O conceito também abrange a participação e o engajamento da comunidade escolar no planejamento educacional, o que — como vimos nas propostas de liderança compartilhada e coliderança de Lück — é ótimo para os resultados de uma instituição de ensino. Falaremos mais sobre isso no próximo tópico.
Uma liderança flutuante, compartilhada e realmente democrática, que integre de fato a comunidade escolar, faz toda a diferença na construção e elaboração do Projeto Político-Pedagógico (PPP) e no próprio planejamento da escola.
Afinal, a escola não é feita para satisfazer o líder, nem mesmo os membros da gestão escolar. Ela é um estabelecimento focado em criar uma experiência educacional efetiva e positiva para todos os envolvidos, com destaque especial para os alunos.
Por isso, uma liderança escolar que se resuma às ideias e perspectivas do gestor está fadada à insuficiência. É muito difícil para uma pessoa sozinha, ou mesmo para uma equipe, compreender as demandas de toda a comunidade.
O segredo é levar a comunidade para dentro da escola, tanto na elaboração do Projeto Político-Pedagógico quanto no desenvolvimento educacional durante o ano letivo. Isso amplia os horizontes e dá muito mais perspectivas para a gestão escolar.
Para isso, confira novamente as diferentes modalidades de liderança escolar apresentadas neste texto. Uma combinação delas pode fazer sua escola evoluir muito.
Já falamos um pouco sobre isso aqui no blog quando tratamos de gestão democrática e gestão participativa. Veja os textos:
Acesse, também, materiais específicos para seu planejamento pedagógico ficar mais completo:
A gestão democrática é fundamental, é claro. Mas lembre-se de que, como disse Lück, uma liderança compartilhada sem coordenação acaba levando à desorientação. Então, é papel do líder coordenar esse esforço conjunto na criação de uma escola melhor para todos.
Esse gestor deve exercitar suas habilidades interpessoais e sua comunicação com a comunidade escolar, para poder guiar o processo de gestão, preferencialmente com dados sobre o andamento da instituição e com a tecnologia de um sistema escolar.
Ele também deve conhecer as demandas e estratégias educacionais mais adequadas para seu público, além de ter mindfulness e inteligência emocional, para lidar com desafios e imprevistos.
Um bom líder ainda precisa de noções de empreendedorismo, gestão de pessoas e gestão financeira escolar.
Quer saber mais sobre as funções, responsabilidades e desafios desse profissional? Então, confira nosso artigo: Qual é o papel do líder escolar?
Tudo isso tem como objetivo criar uma escola mais humana, eficiente, organizada e satisfatória para todos — desde o gestor até o aluno. Esse é o caminho para a gestão escolar do futuro!
🔎 Leia também: Tudo sobre gestão escolar: como ter sucesso na administração da sua escola.
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