Desde sua elaboração, a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vem mudando a forma de lecionar no Brasil inteiro, e uma das principais evoluções passa pela gestão pedagógica e pela definição do plano de aula.
Afinal, esse planejamento guia uma parte importantíssima da relação entre o ensino e a aprendizagem em uma escola
No contexto da BNCC, o plano de aula precisa considerar competências gerais e específicas, fundamentos pedagógicos e outras orientações para oferecer um ensino de qualidade, que seja democrático, acessível e completo.
Portanto, se você quer orientar sua equipe pedagógica para que a escola ofereça uma formação plena para seus alunos, continue a leitura e veja como fazer um plano de aula de acordo com a BNCC.
Para entender os impactos da BNCC em seu plano de aula, primeiro é preciso compreender o que ela apresenta de novo para a educação como um todo dentro do país.
Na prática, a Base Nacional Comum Curricular é um documento do Ministério da Educação, elaborado de forma conjunta com a sociedade. Ela oferece orientações para melhorar todas as etapas da educação básica, seja em escolas públicas, seja em instituições privadas.
Dessa forma, ela é uma referência obrigatória para a elaboração dos currículos escolares e dos planos de aula, além de servir como base para todo o planejamento da gestão pedagógica.
A ideia é que todas as escolas do país inteiro estejam sintonizadas para atender às necessidades educacionais da sociedade brasileira e formar cidadãos plenos e preparados para os desafios do futuro.
Nesse contexto, a BNCC propõe uma abordagem específica à educação que está alinhada aos mais recentes estudos no mundo inteiro: o ensino baseado no desenvolvimento de competências.
Isso significa ensinar aos alunos coisas que eles precisam saber — a partir de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores — e também o que eles devem saber fazer.
Ou seja, como colocar em práticas esses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para, nas palavras da própria BNCC, “resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
Para tanto, ela apresenta 10 competências gerais, além de competências específicas de acordo com a área de conhecimento e a etapa educacional em que o aluno está inserido.
Além disso, a BNCC apresenta a priorização de um ensino que forme os alunos integralmente. Isso quer dizer que a educação não deve se resumir à transferência de um acúmulo de informações, e sim em um trabalho que ajude cada estudante a:
“Reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável.”
Para entender mais sobre como a BNCC impacta a escola como um todo, você pode conferir: Tudo sobre a BNCC: sua escola está adequada à nova Base Nacional Comum Curricular?
Todo professor ou gestor que tem experiência em sala de aula sabe o quanto o planejamento é fundamental para a organização do processo de ensino e aprendizagem. Sem falar na importância dessa estratégia para manter o foco do educador e da turma nos objetivos de cada lição e na construção do conhecimento.
Portanto, o plano de aula é um instrumento essencial para o trabalho do professor, além de ser um guia importante para os alunos e uma ferramenta de organização para a gestão pedagógica.
Nesse sentido, ele otimiza o tempo do docente e possibilita que ele direcione corretamente sua aula, norteando a lição para que todos os assuntos propostos sejam abordados adequadamente.
Outro exemplo de sua importância é que o plano de aula permite que um professor substituto esteja por dentro dos conteúdos e das técnicas a serem aplicadas, caso o docente titular tenha algum problema que o impeça de dar a aula.
Um plano de aula de acordo com a BNCC atende a todas essas características, mas vai ainda mais longe. Ele ajuda a garantir que as lições levem em conta as competências e habilidades necessárias para a turma, estimulando os alunos em uma formação integral.
Além disso, ele facilita ao educador e à gestão pedagógica construírem uma abordagem mais humanizada do ensino, levando em conta as especificidades da escola e da comunidade em que seus alunos estão inseridos.
Um plano de aula que apresente essas vantagens só pode ser construído a partir de um entendimento pleno da BNCC e também de uma consideração geral das necessidades de sua comunidade escolar.
🔎 Leia mais: O planejamento pedagógico e sua influência nas escolas.
A nova Base Nacional Comum Curricular tem capítulos específicos para cada etapa da educação básica — Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Por isso, para aplicar as demandas da BNCC e preparar um plano de aula adequado, é preciso conhecer muito bem o que o documento diz a respeito da etapa para a qual o professor vai lecionar.
Ao falar sobre a Educação Infantil, a BNCC apresenta toda uma contextualização sobre essa fase e exibe os direitos que devem ser defendidos para o desenvolvimento das crianças na escola.
Ela também determina quais campos de experiência a escola tem de explorar, além dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para essa etapa educacional. Tudo isso tem de ser levado em conta na hora da construção de um plano de aula.
O mesmo vale para o Ensino Fundamental e Médio. Para cada uma dessas etapas, a BNCC apresenta o contexto da educação, com diferentes componentes curriculares e áreas de conhecimento, além de competências e habilidades específicas que precisam ser exploradas em cada área e em cada fase.
Por isso, antes de começar a compor um plano de aula, o professor, pedagogo ou gestor deve conhecer bem a BNCC e ler, com afinco especial, o que ela diz sobre a fase educacional e sobre a área de conhecimento que esse plano pretende abordar.
Toda essa introdução que abordamos até aqui é essencial para explorarmos o básico que sua escola precisa saber para compor um plano de aula. Agora, a partir desse conhecimento, podemos seguir para a prática.
Nos próximos tópicos deste artigo, você poderá conferir instruções importantes para fazer um plano de aula para cada etapa educacional.
Se você for um professor, leia primeiro a seção que fala sobre informações básicas, para começar a construir seu documento. Depois disso, é possível seguir a leitura a partir do trecho específico que fala sobre a fase educacional que você pretende atender com o plano de aula. Assim, é possível completá-lo de acordo com a BNCC.
No entanto, se você for um gestor educacional, um responsável pedagógico ou mesmo um professor que atende diferentes idades, leia as determinações de todas as etapas educacionais.
Isso é importante para entender a construção do plano de aula e até do currículo escolar como um todo.
Lembre-se de que o plano de aula deve ser personalizado para as necessidades de sua escola e para os padrões preconizados pela sua equipe. Essa abordagem favorece os bons resultados e a melhor experiência para professores, pedagogos e alunos.
Por isso, leve as orientações deste artigo como um guia flexível, que pode ser adaptado à sua realidade.
🔎 Leia também: O que é gestão pedagógica? Tudo o que você precisa saber para sua escola.
Um plano de aula para qualquer etapa educacional precisa conter algumas informações padrão que servirão como o primeiro passo na composição desse documento.
Primeiro, elabore um cabeçalho, identificando o documento como um plano de aula e exibindo informações padrão:
Na sequência, defina um título ou tema que abranja, de forma geral e direta, o que será abordado nessa aula. Elabore esse tema a partir do assunto, das competências e das habilidades a serem desenvolvidos (eles também devem estar no plano de aula, mas, como essa padronização varia dentro da BNCC, veremos mais sobre isso quando discutirmos cada etapa educacional).
Também é essencial definir os objetivos dessa aula, sempre mantendo em mente os objetivos apresentados na BNCC para a etapa educacional específica de sua turma. É interessante contar com um objetivo geral e alguns específicos.
Indique, na sequência, os conhecimentos prévios que os alunos precisam para poderem absorver as informações da lição que você está planejando. Por exemplo, para aprenderem sobre multiplicação, os estudantes já devem ter passado pelas aulas de somatória e subtração.
Aponte ainda o local onde a aula vai ocorrer — sala de aula, laboratório de ciências, pátio escolar, etc — e sua duração prevista. Isso é importante para a organização do professor, da equipe pedagógica e dos alunos.
Depois disso, estabeleça as metodologias a serem aplicadas na aula e o passo a passo para o desenvolvimento da lição, apresentação dos temas e realização de atividades.
🔎 Leia mais: Metodologias ativas: quais as vantagens e como contribuem na educação?
Faça, então, uma previsão dos recursos necessários para a aula. Assim, você não corre o risco de esquecer os materiais ou de ter de correr atrás deles em cima da hora.
Alguns exemplos de recursos são computadores, livros, maquetes, tablets — qualquer item que sua aula possa precisar para oferecer um aprendizado interativo e dinâmico para seus alunos.
O próximo passo é estabelecer uma forma de avaliação, para conferir se seus estudantes realmente absorveram o conteúdo. Ela pode ser feita por meio de provas, perguntas orais, apresentação de trabalhos ou outras atividades avaliativas.
Para terminar, falta só a referência bibliográfica, com livros, artigos, vídeos e qualquer outro material que tenha servido para a composição da aula. Essa lista de conteúdos ajuda o professor a retomar o assunto e os alunos a aprofundar seus conhecimentos.
Para preparar um plano de aula para a Educação Infantil que esteja de acordo com a BNCC, é importante revisitar o trecho do documento que trata especificamente dessa etapa escolar.
A partir disso, seu plano de aula para a educação infantil deve contar com:
O texto deixa claro que durante a Educação Infantil é importante seguir os eixos estruturantes dessa fase (interações e brincadeira) e assegurar o cumprimento dos seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento para os alunos:
Então é interessante destacar em seu plano de aula quais desses fatores estão sendo atendidos em cada lição para que, no decorrer do ano letivo, todos eles sejam vivenciados plenamente por seus estudantes.
A BNCC também indica “cinco campos de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se desenvolver”. Eles são:
Envolve incentivar interações sociais com os colegas e com adultos, além de lições que abordem outras culturas, modos de vida, pessoas diferentes e pontos de vista.
A partir disso, as crianças devem, nas palavras da BNCC, “ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos”.
Na infância, a criança está começando a conhecer seu próprio corpo, seus sentidos, seus movimentos, seus potenciais e seus limites.
A Educação Infantil deve ajudar nesse desenvolvimento, por meio de diferentes linguagens e promover oportunidades para que as crianças possam explorar esse “repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo”.
A BNCC indica que isso pode envolver atividades nas quais elas podem sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.
Este campo trata da exploração de manifestações artísticas e culturais para favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças. As aulas devem possibilitar a participação delas nesses espaços e também sua própria expressão artística.
Neste campo, o educador precisa promover a possibilidade da criança falar e ouvir, explorando a contação e escuta de histórias, a participação em conversas, a elaboração de narrativas de forma individual ou coletiva, etc.
Isso deve envolver também uma imersão na cultura escrita, explorando a literatura infantil, contos, fábulas, poemas e cordéis, que servem como um primeiro passo para o letramento e um estímulo à imaginação.
Aqui tratamos de explorar a curiosidade da criança acerca do mundo físico, dos espaços onde ela está inserida, do tempo, da natureza e até das relações socioculturais. Na Educação Infantil, devem-se promover experiências com observações do mundo, manipulação de objetos, conhecimento dos entornos, levantamento de dúvidas e busca por respostas.
Para ter um plano de aula de acordo com a BNCC, identifique nele qual desses campos de experiência será trabalhado.
Dentro de cada campo de experiências, a BNCC define objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, que ficam organizados de acordo com a faixa etária. A divisão é entre: bebês (zero a 1 ano e 6 meses) crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
e crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses).
No campo de experiência traços, sons, cores e formas, por exemplo, um dos objetivos se divide da seguinte forma:
Então, ao compor seu plano de aula, busque na BNCC o(s) objetivo(s) que a lição pretende cumprir e destaque-o(s).
Para preparar seu plano de aula para alunos nessa fase intermediária da educação básica, também é essencial voltar à BNCC. Ela define os seguintes elementos que devem constar em sua organização.
Na BNCC, o Ensino Fundamental está dividido em cinco áreas: Linguagens (que envolve os componentes curriculares de Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e Língua Inglesa), Matemática, Ciências da Natureza (Ciências), Ciências Humanas (História e Geografia) e Ensino Religioso.
Identificar essa parte é essencial para definir os próximos itens, que estão divididos justamente de acordo com a área de conhecimento relacionada.
Vale lembrar: áreas de conhecimento não substituem disciplinas. Pelo contrário, segundo a BNCC, o uso dessa separação “implica o fortalecimento das relações entre elas (disciplinas) e a sua contextualização para apreensão e intervenção na realidade, requerendo trabalho conjugado e cooperativo dos seus professores no planejamento e na execução dos planos de ensino”.
Cada área de conhecimento possui competências específicas, que se relacionam às competências gerais da BNCC, mas focam sua atenção diretamente no que a área demanda.
Então, busque as páginas referentes à sua área de conhecimento e identifique qual competência será desenvolvida entre os seus alunos na aula que está sendo planejada.
Estes três itens (unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades) podem ser encontrados juntos na BNCC, dentro da área de conhecimento relacionada e do ano do Ensino Fundamental em que estão inseridos.
Eles funcionam de forma integrada, como um funil. Dentro de cada unidade temática, temos vários objetos de conhecimento possíveis. Dentro deles, por sua vez, podemos encontrar diferentes habilidades a serem exploradas.
Busque identificar, nas tabelas disponíveis na BNCC, como sua lição se encaixa nesses três elementos. Para encontrar a tabela correta, é só pesquisar a área de conhecimento no sumário do documento.
Se você tem uma turma de Matemática no primeiro ano e vai ensinar sobre a divisão dos meses do ano, por exemplo, você pode encontrar os elementos nas páginas 280 e 281 da BNCC.
A unidade temática desse caso é “Grandezas e medidas”. O objeto de conhecimento, por sua vez, é “Medidas de tempo: unidades de medida de tempo, suas relações e o uso do calendário”.
A habilidade relacionada, então, é “Reconhecer e relacionar períodos do dia, dias da semana e meses do ano, utilizando calendário, quando necessário”.
Encontre essas informações, identifique-as e relacione-as ao seu plano de aula para ter uma definição completa dentro da BNCC.
A preparação do plano de aula do Ensino Médio de acordo com a BNCC não é muito diferente do Ensino Fundamental. Após as informações básicas é preciso revisitar a Base Nacional Comum Curricular e conferir estes três elementos:
Na BNCC, o Ensino Médio está organizado em quatro áreas do conhecimento. Elas são Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Assim como no Ensino Fundamental, registre essa área de conhecimento e parta dela para encontrar os próximos elementos.
Como padrão da BNCC, cada área de conhecimento possui suas próprias competências específicas que têm de ser desenvolvidas junto aos alunos. No caso do Ensino Médio, isso ocorre tanto no âmbito da BNCC quanto nos itinerários formativos.
Dentro de cada competência, a BNCC define um conjunto de habilidades que devem ser trabalhadas para concluir o desenvolvimento do aluno. Elas representam as aprendizagens essenciais a serem garantidas a todos os estudantes do Ensino Médio do país.
Ao construir seu plano de aula, indique qual — ou quais — habilidade(s) essa lição busca desenvolver.
Para fazer planos de aula adequados, é preciso, primeiro, contar com bons currículos escolares, um planejamento político pedagógico estratégico e uma gestão pedagógica realmente organizada.
Isso porque o plano de aula de um professor não pode funcionar isolado dos demais. Ele deve ser integrado ao coletivo pedagógico da escola, para uma construção de aprendizado que esteja alinhada e atue coletivamente para a evolução dos estudantes.
Além disso, é preciso haver uma certa padronização — não para limitar os professores, e sim para garantir que o plano de aula de um educador possa ser lido e utilizado pelos outros em casos de substituição e também como um exemplo do que está dando certo.
Por isso, busque ter um sistema de gestão escolar que potencialize essas possibilidades!
Com a gestão pedagógica do Sponte você tem tudo isso. É possível personalizar toda a documentação escolar, digitalizar as informações e eliminar o trabalho manual, facilitando a vida de professores, pedagogos e gestores em sua instituição.