A escola de Educação Básica, muitas vezes, representa o primeiro grande contato de uma criança com a sociedade. É na escola que ela vai encontrar pessoas diferentes, expandir sua visão de mundo e começar agir como parte de uma comunidade.
Portanto, é essencial que a instituição ou centro de ensino saiba como trabalhar a representatividade, apresentando a diversidade como algo positivo, em um ambiente acolhedor para todos, no qual os alunos se sintam realmente representados.
Uma escola preocupada com isso é capaz de realmente promover o respeito às diferenças entre os alunos, e esse é um passo fundamental para o desenvolvimento de cidadãos conscientes e prontos para criar um futuro de mais igualdade.
Além disso, engajar a diversidade na escola também melhora o comportamento e o desempenho estudantil. Afinal, alunos que se sentem representados tendem a estudar com mais dedicação e raramente revoltam-se com a escola.
Assim, é importante que sua gestão educacional busque trabalhar a representatividade. Então, continue a leitura para entender mais sobre o assunto e saiba como incentivar a diversidade de seus alunos por meio de coletivos.
O crescimento da representatividade na sociedade e a função da escola nesse avanço
Representatividade por coletivos na Educação Básica
Como incentivar a criação de coletivos para trabalhar a representatividade nas escolas?
Para além dos coletivos: como o gestor pode ampliar a representatividade em sua escola?
Como o Ministério da Educação se posiciona a respeito da representatividade?
Historicamente, a falta de representatividade tem sido um sério problema para minorias sociais. Isso inclui pessoas que não fazem parte de um padrão branco, heteronormativo, entre outros.
Pessoas com algum tipo de deficiência, indígenas, negras, LGBTQIA+ ou do sexo feminino, costumam ser menos representadas no espaço público, na política, nos cargos de liderança e prestígio e nas mídias como um todo.
Contudo, na última década, algumas dessas vozes silenciadas, finalmente, estão ganhando lugar de fala em discussões sociais, ainda que de forma lenta e gradual.
Esse avanço é uma conquista, principalmente, de movimentos e coletivos sociais criados por essas minorias. E muitas dessas vitórias passaram a refletir em diretrizes educacionais nacionais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que, em tese, busca promover a diversidade no ambiente escolar.
É aí que está a função das escolas nesse crescimento. Ao educar crianças e adolescentes com uma mentalidade plural, as instituições de Educação Básica dão um passo enorme em direção a um futuro mais igualitário.
Mas é claro que ainda há muito trabalho a ser feito, e sua escola também deve ser parte dessa história.
Lembre-se de que é começando localmente que grandes mudanças acontecem no mundo. Ao incentivar a mudança de mentalidade dos alunos, esses cidadãos em desenvolvimento poderão construir uma comunidade que é capaz de respeitar o próximo e conviver em harmonia com diversos estilos de vida e opiniões.
A escola deve prezar pela construção de uma sociedade democrática, mas isso só pode ocorrer se os alunos tiverem uma educação cidadã. Ou seja, valores como autonomia, senso de justiça e igualdade devem ser desenvolvidos em sala de aula.
Para promover esse avanço social na Educação Básica, sua escola pode se inspirar em movimentos sociais, os quais, por meio de esforços coletivos, conquistaram seu espaço.
Então, em vez de apenas apresentar a diversidade e impor a visão da escola sobre o assunto, crie um ambiente no qual seus alunos possam atuar de forma ativa, aplicando e defendendo suas próprias — e diversas — visões de representatividade.
Para alcançar esse objetivo, incentive os alunos a formarem coletivos escolares. Esse formato de grupo vem conquistando um importante espaço em ambientes educacionais por ser uma maneira de reunir alunos com os mesmos interesses, dificuldades e problemas, para debaterem questões importantes na escola e na sociedade.
Assim, alunos com diferentes personalidades podem encontrar sua voz. Existem coletivos que discutem, por exemplo, o feminismo, a discriminação com a comunidade LGBTQIA+, o racismo, entre tantas outras identidades e realidades que buscam, nos coletivos, uma maneira de encontrar representatividade.
Esses grupos também devem ter espaço para opinarem na própria organização da escola. De tal forma, as vozes desses alunos precisam ser realmente ouvidas e levadas em conta, criando uma gestão escolar democrática.
Contudo, é preciso cuidado para que os coletivos não se tornem espaços de segregação dentro da escola, separando alunos sob “bandeiras” e opiniões distintas. Portanto, sua gestão educacional deve mediar e integrar esse processo de forma sensata, incentivando o diálogo e o desenvolvimento da pluralidade.
Os coletivos são focados em dar voz aos alunos e garantir que eles possam realmente atuar em sociedade dentro da escola. Todavia, isso não significa que a gestão educacional precisa simplesmente esperar que eles atuem por conta própria.
Crianças e adolescentes, muitas vezes, precisam de um “empurrãozinho”. É importante que eles sintam que a escola é um ambiente propício para essas discussões e recebam um incentivo da gestão escolar.
Confira, a seguir, algumas maneiras simples para que professores, coordenadores, diretores e equipe pedagógica possam colaborar na difusão de pautas sociais e ajudarem seus alunos a formarem coletivos no espaço escolar.
– Discutir questões sobre preconceito durante as aulas, incentivando os alunos a participarem de debates.
– Sugerir aos alunos a criação de coletivos quando eles apresentarem dúvidas e dilemas sobre assuntos capazes de movimentar a comunidade escolar.
– Promover palestras e outras participações especiais de pessoas que fazem parte de minorias e/ou atuam em movimentos sociais. Assim, os alunos terão exemplos e inspirações para se organizarem.
– Quando já houver coletivos, abrir espaços para que seus membros apresentem palestras e debates sobre os assuntos que os mobilizam.
– Incentivar os coletivos a encontrarem maneiras de conscientizar a comunidade no entorno da escola, levando o debate às ruas e aos espaços públicos.
– Explorar músicas, livros, filmes e outras produções culturais que apresentem esses elementos, para inspirar os alunos.
– Promover a criação de produções culturais pelos coletivos, apresentando-as nos ambientes da escola e, também, nos entornos.
– Aproveitar datas comemorativas na escola, como o Dia da Consciência Negra e o Dia da Mulher, por exemplo, para abordar mais diretamente as questões sociais e impulsionar a conscientização dos estudantes.
– Discutir personalidades brasileiras e internacionais que lutaram e lutam por representatividade social e que podem servir de inspiração para os alunos.
Esses são apenas alguns exemplos de como sua gestão educacional pode se portar para ajudar a criar uma educação mais inclusiva e um ambiente acolhedor para todos.
Lembre-se de que os coletivos são uma maneira de diferentes alunos se reunirem e discutirem o que os incomoda na sociedade, além do que eles podem fazer para contribuírem com ela.
Também, é fundamental trabalhar a diversidade de forma constante, inclusive, contratando pessoas múltiplas para a equipe escolar.
Para crianças e jovens desenvolverem-se, é essencial que tenham bons exemplos e inspirações. Quanto mais diversidade houver na escola, melhor é para quem está buscando referências de pessoas parecidas consigo e que tenham experiências e opiniões semelhantes.
Uma educação democrática não pode deixar que jovens se desenvolvam sem referências e sem verem a si próprios em lugares de destaque social, ou em posições de onde possam mudar sua própria realidade.
Pelo contrário, é preciso fazer com que os jovens saiam da escola com desejo de se tornarem profissionais promissores, independentemente de suas etnias, sexualidades, religiões e outros fatores.
Em entrevista ao programa Roda Viva, a atriz e ativista Taís Araújo apontou que “o sentido da representatividade é você se sentir possível”. E a escola tem a importante função de cultivar essa mentalidade em seus estudantes.
Sua gestão educacional pode ir além dos coletivos no esforço de criar uma educação com mais representatividade. Para isso, é preciso contar com a participação ativa e frequente dos diversos agentes que compõem uma comunidade escolar, como pais e responsáveis, corpo docente, estudantes e colaboradores da instituição.
Todos esses agentes precisam ser ouvidos e representados em debates, cujas pautas podem incluir a construção e aplicação de projetos pedagógicos, a administração dos recursos, futuros investimentos e outros processos.
Nesse sentido, segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), “a gestão deve estar inserida no processo de relação da instituição educacional com a sociedade”.
Uma gestão educacional preocupada com a representatividade, portanto, emprega alguns mecanismos de participação da comunidade escolar, como as seguintes organizações:
Como gestor, você pode promover a organização desses grupos e até incentivar a integração dos coletivos nesses importantes espaços plurais.
O Ministério da Educação (MEC) incentiva a representatividade desde os primeiros anos escolares.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por exemplo, em uma de suas diretrizes voltadas à Educação Infantil, afirma que as escolas devem fazer com que exista “o interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida”.
Para os ciclos educacionais subsequentes, a BNCC também prevê a representatividade, ao colocar as seguintes competências a serem desenvolvidas nos alunos:
No entanto, mais do que atender às diretrizes educacionais, promover uma educação que preze pela representatividade de grupos sociais fará a diferença na comunidade e, futuramente, em toda sociedade.
Portanto, continue sua leitura em nosso eBook para saber como tornar sua escola ainda mais inclusiva.