A adolescência é uma fase de muitas mudanças físicas, mentais e sociais na vida de todos. Por isso, é comum que a escola e os estudos sejam afetados. E com a internet e as redes sociais, os problemas podem, inclusive, aumentar.
No fim das contas, tudo isso contribui muito para que os adolescentes tenham dificuldades na hora de estudar e até de planejar seu futuro.
Assim, as mudanças da adolescência podem afetar diretamente o desempenho escolar e as notas do aluno.
Ainda mais considerando que, com o avanço do estudante na escola, os conteúdos abordados vão se tornando mais complexos, as exigências aumentam, a ansiedade pré-vestibular chega e tudo pode acabar se tornando demais para o jovem administrar.
É importante ter em mente que é completamente normal o adolescente enfrentar problemas nessa fase. Inseguranças e dúvidas fazem parte do desenvolvimento de qualquer pessoa.
Contudo, educadores e gestores podem ajudar o jovem a se desenvolver e superar os maiores desafios desse momento. Para isso, é preciso que a escola aja em conjunto com a família e com o próprio adolescente.
Além disso, para poder ajudar, a escola precisa conhecer bem os desafios que esses estudantes estão enfrentando.
Pensando nisso, montamos uma lista com os 10 principais problemas que os adolescentes têm que lidar e que atrapalham no rendimento e desenvolvimento escolar. Também separamos algumas ideias de como a escola pode ajudar. Acompanhe!
Desequilíbrios de sonoDesenvolver qualquer atividade com sono é difícil, especialmente se for uma tarefa que exige esforço mental, como estudar. Não é incomum os adolescentes reclamarem de cansaço e adquirirem o hábito de dormir até mais tarde aos fins de semana e até tirar longos cochilos durante o dia.
Além de ser consequência de uma rotina desequilibrada, isso acontece porque o organismo deles está em pleno desenvolvimento e crescimento, utilizando muito mais energia do que normalmente. Não por acaso, o apetite também tende a aumentar nessa fase da vida.
Adolescentes precisam dormir pelo menos 8 horas por dia. Quando isso não acontece, o raciocínio se torna mais lento e falta disposição para dar conta das atividades.
Quando o aluno chega ao limite de pegar no sono em sala de aula, ou está sempre cansado, a gestão escolar deve procurar a família para uma conversa.
Junto aos pais e responsáveis, é possível tentar organizar os horários do aluno para que ele tenha uma rotina equilibrada e esteja mais disposto durante o dia.
Além disso, a própria estrutura do horário escolar pode ajudar. Colocar aulas que exigem muita concentração e raciocínio logo no primeiro período pode não ser a melhor estratégia. Se o problema do aluno é justamente o sono e a falta de foco, o prejuízo para essas matérias pode ser muito grande.
Então é mais indicado privilegiar aulas que sejam mais dinâmicas nesses momentos. Nos primeiros horários da manhã, por exemplo, é válido priorizar disciplinas mais interativas, que já contem com metodologias ativas e maior participação dos alunos. Assim, é mais fácil estimulá-los para as aulas seguintes.
Além disso, também é interessante que as turmas de Ensino Médio tenham prioridade nas aulas de Educação Física nos primeiros horários. Isso pode ajudá-los ainda mais a despertarem o corpo e a mente.
Segundo a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis, na sigla em inglês), de 2019, 18% dos administradores das escolas de Ensino Médio brasileiras apontaram que o bullying é um problema muito frequente em ambientes de ensino, ocorrendo semanal ou diariamente.
Esse número é consideravelmente maior do que a média internacional (14%) e é um problema muito sério, que realmente assombra adolescentes do país inteiro.
Afinal, a adolescência é uma fase em que o jovem ainda está buscando se encontrar, se conhecer e descobrir seu espaço em diferentes grupos sociais.
Ao sofrer com o bullying, o adolescente acaba achando que não é aceito em nenhum grupo, que ninguém gosta ou se importa com ele.
O impacto disso na saúde mental é gigante e afeta, inclusive, o desempenho escolar, principalmente porque o aluno não quer estar na escola, uma vez que enxerga esse ambiente como um lugar de infelicidade e opressão.
Enquanto instituição essencialmente plural, a escola tem a obrigação de coibir a prática do bullying. Para isso, fale abertamente sobre o tema e suas consequências, a fim de conscientizar os alunos sobre os malefícios desse tipo de violência.
A gestão escolar e o corpo pedagógico precisam reconhecer o bullying que pode existir na rotina para que isso não se repita. Também é de sua competência levar os alunos a refletirem sobre as suas diferenças, aprendendo a conviverem, respeitarem e aceitarem uns aos outros.
Se for identificado o caso de um aluno vítima desse tipo de assédio, é preciso conversar com os pais ou responsáveis pelo estudante em questão, situá-los sobre o que está havendo e oferecer apoio para que eles possam lidar com a situação.
Quanto a quem praticou o bullying, a escola deve lidar com ele também. Além de conversar com a família, é fundamental que a instituição de ensino aplique uma política de conscientização de caráter educacional, para que ele assuma a responsabilidade pelos seus atos e não continue com esse tipo de comportamento.
Para tudo isso, é essencial que a escola trabalhe as habilidades socioemocionais de seus alunos.
Atualmente, praticamente todos os adolescentes possuem um celular. De fato, para todos nós, os smartphones são praticamente uma extensão de nossas vidas. Eles guardam dados importantes, nos dão acesso a uma série de ferramentas que facilitam o dia a dia e ainda são uma fonte de entretenimento.
O problema é que, algumas vezes, os celulares atrapalham os estudos dos alunos por serem utilizados em momentos indevidos, como, por exemplo, durante a aula. Antigamente, as escolas proibiam os smartphones ligados em sala, mas, hoje, essa não deve ser a realidade em sua instituição.
Especialistas perceberam que a tecnologia pode ser uma aliada do aprendizado e, sabendo disso, muitas instituições estão liberando o uso de celular em atividades específicas durante as aulas, sob a supervisão do professor para guiar os estudantes.
Obviamente que seu uso não deve ser generalizado, afinal, um aluno usando o celular e deixando a aula de lado é um desrespeito ao professor.
O que se propõe é estabelecer regras para a utilização do aparelho como parte da educação, principalmente dentro de metodologias ativas de ensino, que envolvem a tecnologia como parte fundamental da aprendizagem.
A internet é um acervo de informações gigantesco que pode ser utilizado a qualquer momento. Porém, ela pode se tornar inimiga dos estudos quando serve apenas como uma ferramenta de distração para os jovens.
Assim como o celular, a internet não deve ser proibida, mas sim compreendida como uma ferramenta possível para potencializar o trabalho da escola e de suas metodologias. A ideia principal é transformar o ambiente online em um cúmplice da educação, e não um inimigo.
Existem várias formas de aliar a internet ao aprendizado. Mas, para isso, é importante ensinar os alunos a gerenciar seu tempo online, para que possam evitar problemas como a procrastinação.
Além disso, também é importante orientar os alunos sobre:
Assim, durante o horário de aula, o professor pode aproveitar o melhor da web como ferramenta de ensino, usando os artifícios da própria rede. YouTube, blogs, redes sociais: use o universo dos adolescentes para o aprendizado!
Mas lembre-se de que o uso da internet pelos alunos durante as aulas só deve ser permitido sob autorização e tutela do professor.
Ter alguns problemas em casa é absolutamente normal e, a princípio, não deve ser motivo de preocupação para a gestão escolar. Contudo, se sua equipe perceber que o rendimento escolar de um aluno diminuiu, ou que ele está tendo problemas para se socializar, é hora de intervir.
O ideal é que, com delicadeza, a direção ou a coordenação pedagógica chame a família para conversar, acompanhe o jovem e tente compreender junto a ele o que está acontecendo.
O ponto principal não é que a escola se envolva em assuntos alheios. Na verdade, o centro da discussão é o aluno.
É para isso que pais, responsáveis e escola estão trabalhando juntos: para buscar formas de resolver o problema se ele envolve o adolescente, ou de minimizar a forma como isso o impacta, se não forem questões relacionadas a ele.
São questões que nem sempre são simples de serem dribladas, mas definitivamente são possíveis. Lembre-se: a escola não é inimiga dos adolescentes. Ela deve ser um lugar de harmonia, conversa e mente aberta a novas experiências.
Também é importante que a equipe pedagógica seja capaz de perceber sinais de abuso familiar em seus estudantes. Se esse for o caso, busque conversar com os alunos e envolver as autoridades, se necessário.
Aula de música, balé, capoeira, futebol, natação, inglês, vôlei… Atividades extracurriculares são ótimas para os jovens, mas a energia deles também tem limite!
O excesso de aulas fora do período escolar pode reduzir as horas disponíveis para descanso e até para os estudos, e acabar prejudicando o rendimento escolar.
Se sua instituição disponibiliza atividades extracurriculares, ofereça ajuda da coordenação para organizar o horário individual para cada aluno, garantindo que eles possam participar sem prejudicar seu desempenho.
Caso o problema venha de fora da escola, é fundamental informar os pais e responsáveis sobre o que está acontecendo.
É importante lembrar, também, que o adolescente está se preparando para o Enem, para o vestibular e para o mercado de trabalho. É um período muito estressante e ele precisa ter tempo para relaxar!
A diferença de gerações é um dos principais problemas que as escolas enfrentam com adolescentes. Há uma distinção muito grande entre a realidade desses jovens e o dia a dia dos educadores, então, é importante que a gestão escolar se prepare para lidar com isso.
Professores e coordenadores devem saber respeitar as individualidades dos alunos, ao mesmo tempo em que reforçam a necessidade de que os adolescentes respeitem as regras da instituição.
Se conflitos surgirem acerca de temas que dividem as opiniões, o diálogo é a melhor solução para que as partes possam se entender e conviver dentro do ambiente escolar.
Normalmente não é necessário o envolvimento dos pais e responsáveis, mas se assim for, é preciso parcimônia e jogo de cintura para equilibrar tantos pontos de vista.
No fim das contas, os maiores problemas são o baixo desempenho nas aulas e dificuldades com a socialização entre os alunos. Fora isso, qualquer conflito geracional pode ser superado com base no diálogo, no respeito e na compreensão.
A adolescência é um período de muitas mudanças. É normal que os jovens nessa idade procurem definir quem são e mudem de estilos e comportamentos. Para eles, é muito importante pertencer a um grupo e isso também pode interferir no desempenho escolar.
A instituição de ensino não deve reprimir o esforço dos adolescentes de buscarem conhecer a si mesmos e se socializarem com pessoas que tenham os mesmos interesses. Mas é preciso estar atento se isso não está causando um problema de rendimento nos estudos.
Ter amigos é importante e se sentir parte de um grupo é ótimo, mas não pode atrapalhar os estudos, tampouco apagar a identidade própria e as singularidades de cada pessoa.
Em outras palavras, uma pessoa não deve estar tão imersa em um grupo a ponto de deixar a própria vida, gostos pessoais e demais relacionamentos de lado.
Para garantir que isso não aconteça, a escola pode investir na contratação ou parceria com algum profissional de psicologia e oferecer esses serviços aos adolescentes para ajudá-los a manter uma vida social equilibrada.
Palestras e rodas de conversa são eventos que podem ajudar a abrir o assunto com os jovens, para que eles comecem a se atentar a essas questões.
É na adolescência que as primeiras experiências sexuais costumam acontecer. O desenvolvimento da sexualidade é algo absolutamente natural e deve ser tratado como tal. Assim, na maior parte dos casos, ele tende a ser saudável.
Contudo, há situações em que essa sexualidade nascente atrapalha o desempenho estudantil.
Isso pode acontecer porque o foco do aluno está desviado. Nesses casos, contar com o trabalho de um psicopedagogo e oferecer aconselhamento assim que for percebida uma mudança nas notas ou no comportamento é uma boa decisão.
Outra possibilidade está relacionada ao bullying que o aluno pode sofrer sobre a sua vida sexual e sua sexualidade. Se for o caso, o trabalho de conscientização é essencial para evitar que isso afete não apenas os estudos, mas também outros níveis da vida do estudante, impedindo-o até de expressar-se livremente.
As dúvidas, receios e medos desse momento também podem ser problemáticos, principalmente quando a sexualidade é tratada como um tabu.
Por isso, é importante que a escola abra diálogos sobre educação sexual, inclusive sobre a proteção contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Quebrar o tabu sobre o assunto ajudará os alunos a compreenderem melhor a si mesmos e aos outros, tirando o estigma desse tema.
Esse talvez seja o problema mais grave dentre todos os citados. Na adolescência, os jovens estão mais vulneráveis à atração do uso de drogas.
Gestores e educadores devem investir na prevenção desde o ensino fundamental, com reforço no Ensino Médio. Mantenha o diálogo aberto, mostre os efeitos e perigos das drogas e, principalmente, coloque a escola como amiga, aliada e um espaço em que o aluno não será julgado, mas sim acolhido.
Ao identificar um caso de envolvimento de aluno com drogas, avise os pais e responsáveis e avalie se o jovem precisa de ajuda de profissionais.
A adolescência é uma fase intensa para jovens, pais, educadores e gestores, mas ela pode ser vivida com saúde, satisfação e sem afetar o desempenho escolar!
Para isso, o adolescente precisa ter apoio familiar e, muitas vezes, ajuda profissional, como atendimento psicológico. Contudo, a atuação da escola também é fundamental para identificar problemas e ajudar esses jovens a crescerem de forma saudável e preparada para os novos desafios da vida adulta.
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