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Transformações metodológicas e o que pode ser feito pela gestão escolar para manter os alunos engajados

4 min de leitura

É comum que os professores percebam quando o envolvimento do aluno está baixo em sala de aula. Tanto que essa questão costuma ser bastante debatida em conselhos de classe. Então, como manter os alunos engajados?

É comum que os professores percebam quando o envolvimento do aluno está baixo em sala de aula. Tanto que essa questão costuma ser bastante debatida em conselhos de classe. Então, como manter os alunos engajados?

Por esse motivo, é normal que o gestor de escola se questione sobre como construir, em parceria com os professores, uma sala de aula que incentive mais entusiasmo para aprender, abraçando o perfil dos estudantes de hoje. 

O fato é que, quando uma metodologia de ensino deixa de ser atrativa para os estudantes, a escola, como um todo, precisa pensar em transformações metodológicas para mantê-los engajados.

O engajamento é aliado da aprendizagem. Pensando nisso, preparamos para você este texto com os melhores insights da palestra de Lana Crivelaro, consultora educacional da UNESCO, Avaliadora de Regulação do INEP/MEC e Diretora Pedagógica na RL Educacional, que se propôs a falar sobre transformações metodológicas e a necessidade de realinhamento da escola para engajar os estudantes. Continue sua leitura e entenda mais: 

Transformações metodológicas necessárias para as escolas | Sponte

Por que a escola precisa de realinhamento?

Lana Crivelaro inicia sua fala com uma reflexão bastante importante sobre a necessidade de realinhamento das escolas. 

Primeiramente, precisamos ter consciência de que os professores não são culpados pela falta de engajamento dos estudantes neste atual contexto. A realidade é que as mudanças dos últimos dois anos aconteceram em caráter emergencial, e ninguém envolvido no processo educacional teve tempo hábil para se adaptar da forma ideal.

Leia mais: O planejamento pedagógico e sua influência nas escolas 

Afinal, sabemos que o cenário da educação mudou totalmente. As escolas fecharam e as aulas continuaram na modalidade remota. O grande problema é que o modelo de aula tradicional foi apenas migrado para o digital, sem grandes adaptações para a nova realidade.

Em contraposição, os alunos já não são os mesmos que estavam na sala de aula física, isto é, eles estão sendo ainda mais bombardeados de distrações: televisão ligada, o brinquedo preferido, o cachorro passeando ao lado, entre muitas outras.

Esses estudantes estão completamente diferentes desde o início da pandemia, transformados pela experiência dos últimos quase dois anos. Eles aprenderam a mexer em diferentes plataformas e estão aproveitando dessa autonomia. Além disso, passam a maior parte do tempo na internet, na qual encontram informações sobre qualquer assunto e com poucos cliques.

Leia mais: Os desafios do diretor pós-pandemia: como lidar com essas mudanças?

Com todo esse conhecimento compartilhado por Crivelaro, não se pode negar que é hora de parar de resistir às inovações, porque o aluno de hoje adora inovações. Atualmente, não precisamos mais ensinar às crianças princípios básicos de informática, como acontecia nas escolas de Educação Básica por volta de 20 anos atrás. O aluno já sabe tudo isso, muitas vezes melhor do que os próprios professores e diretores. 

Quando falamos em inovar, não se trata somente do professor, mas também de toda comunidade escolar, ou seja, mudança metodológica depende da família, gestão, alunos e professores.

Leia mais: Como ter professores engajados, que contribuem para a retenção e captação de alunos?

Outro ponto importante da fala da palestrante é a respeito das competências da BNCC. Vamos relembrar quais são: 

  1. Responsabilidade e Cidadania
  2. Conhecimento
  3. Pensamento científico, crítico e criativo
  4. Repertório cultural 
  5. Comunicação
  6. Cultura digital
  7. Trabalho e projeto de vida
  8. Argumentação
  9. Autoconhecimento e autocuidado
  10. Empatia e cooperação

Levando em consideração essas competências gerais, Lana reflete que na grande maioria das vezes o modelo tradicional de ensino não dá conta desse recado. Se só o professor falar e o aluno ouvir, este não conseguirá desenvolver autonomia, comunicação e os outros princípios que são essenciais pro modelo social de mundo e de trabalho.

Ensinar vai muito além disso. A escola precisa motivar o aluno ao longo da sua caminhada educacional para que ele não desista. É por esse motivo que a educação pode investir em metodologias ativas, que contribuem muito para proporcionar mais do que conteúdos, entregando também autorresponsabilidade, pensamento criativo e as demais competências previstas pela BNCC. 

Em síntese, até aqui, Lana Crivelaro nos traz uma importante reflexão de que a escola precisa se reformular para proporcionar ao aluno uma capacidade de buscar e construir conhecimentos necessários, questionando sobre a problemática das aulas estritamente expositivas.

Vamos compreender mais sobre as principais mudanças metodológicas que podem ser aplicadas por você, gestor, a fim de realinhar a escola para este novo momento da educação? Continue a leitura!

Transformações metodológicas necessárias para as escolas | Sponte

Quais as principais mudanças metodológicas que devem ser aplicadas no ensino?

Para aplicar uma metodologia de ensino que possibilite ao aluno atuar como protagonista de seu aprendizado, é necessário realizar algumas mudanças na escola. Veja alguns exemplos:

Metodologias ativas

As estratégias de ensino por meio de metodologias ativas proporcionam ao aluno participar de diferentes maneiras durante as aulas, além de discutir e resolver problemas, pesquisar a fundo sobre novos conceitos e desenvolver as competências gerais da BNCC. 

Ao tratar dessa temática, Lana Crivelaro apresenta a pirâmide de aprendizagem de Glasser. Ela nos mostra que aprendemos: 

  • 10% quando lemos
  • 20% quando ouvimos
  • 30% quando observamos
  • 50% quando vemos e ouvimos
  • 70% quando discutimos com outros
  • 80% quando fazemos
  • 95% quando ensinamos aos outros

Com isso em mente, percebemos que deixar que os alunos dialoguem e sejam protagonistas no processo de ensino e aprendizagem, promove a compreensão e o crescimento pessoal dos estudantes. 

É nesse sentido que parte da mudança se dá ao incorporar metodologias ativas, as quais também são sobre admitir multidireções, ou seja, é necessário desenhar um projeto para encontrar caminhos que coloquem o aluno como centro do processo de ensino e aprendizagem. 

Isso pode ser feito de diversas maneiras, por exemplo:

  • Ensino responsivo, em que os alunos se identificam com os materiais de ensino. 
  • Aprendizagem cooperativa, na qual os alunos aprendem a explorarem juntos novos temas.
  • Aprendizagem baseada em investigação, para o desenvolvimento de raciocínio e resolução de problemas.
  • Exercícios de projetos, em que o aluno aprende habilidades multidisciplinares e pensamento crítico.
  • Entre outras. 

São várias opções, mas não se esqueça de que para inserir essas metodologias ativas em sala de aula de maneira satisfatória, é necessário que os gestores invistam em cursos de formação continuada para os professores se atualizarem nessas novidades.

Leia mais: Professores mais produtivos: saiba como motivar sua equipe escolar!

Novo Ensino Médio

O Novo Ensino Médio, aprovado pelo Governo Federal, também pode impactar positivamente a educação, já que aproximará o aluno das transformações do mercado de trabalho. 

Essa proposta, que surgiu após a percepção de uma estagnação dos índices de desempenho dos estudantes brasileiros, conversa melhor com a atual realidade, uma vez que, se os alunos mudaram tanto, não faz sentido a escola manter-se parada no tempo. 

Leia mais: Como a gestão escolar deve lidar com o Novo Ensino Médio

Esse novo modelo proporciona um papel mais ativo para os alunos. Dessa forma, eles terão mais facilidade em desenvolver as competências gerais propostas pela BNCC, como projeto de vida, por exemplo, já que as escolas priorizarão atividades que promovam a cooperação, resolução de problemas, letramento digital, pensamento crítico, compreensão e respeito.

Para abraçar esse novo modelo, as escolas precisarão colocar a mão na massa e investir em inovação, tecnologia, criatividade e autonomia, além de oferecerem muito apoio aos professores.

Transformações metodológicas necessárias para as escolas | Sponte

Tecnologia educacional

Como você já sabe, os alunos de sua escola estão cercados de tecnologia por todos os lados. Por que não usar essa digitalização em favor do ensino nas escolas?

Essas ferramentas podem ajudar os professores a desenvolverem as competências previstas pela BNCC, porque permitem: 

  • Resgatar o interesse dos alunos por meio da digitalização.
  • Desenvolver a criatividade com o uso de diferentes ferramentas.
  • Ter contato com diferentes culturas, já que a internet “encurta as fronteiras”.
  • Melhorar a interpretação das informações com a ludicidade.
  • Dinamizar as aulas. 
  • E muito mais!

Quando a escola inclui a tecnologia na sala de aula, o processo de aprendizagem se torna mais atrativo e envolvente, o que reduz a evasão escolar e aumenta o engajamento dos alunos.

Leia mais: Estratégias para diminuir a evasão de alunos

Envolvimento interdisciplinar

Outro importante passo para manter o engajamento do aluno é ajudá-lo a fazer conexões entre diferentes disciplinas. 

Essa é uma forma muito positiva de ajudá-lo a expandir sua visão de mundo e a desenvolver a curiosidade e o interesse pelo aprendizado. 

Para isso, os gestores precisarão, em parceria com os professores, planejar o ano letivo com muita atenção às formas dinâmicas de realizar projetos nas escolas, especialmente que envolvam o conteúdo de diferentes disciplinas, além de optarem por materiais que tenham ligação interdisciplinar clara. 

Leia mais: Planejamento do novo ano letivo: dicas para otimizar o trabalho do gestor

Além disso, é preciso voltar para o tópico de tecnologia educacional e utilizar recursos que integrem as áreas do conhecimento, como vídeos, infográficos, realidade virtual etc. 

Nessa perspectiva, a escola levará o aluno a desenvolver diferentes formas de avaliar um mesmo problema, até de rever conceitos com frequência. Por conta própria, ele será capaz de se conscientizar da pluralidade e interdisciplinaridade do mundo. 

Impulsionar o engajamento para oferecer uma aprendizagem com mais qualidade

O ensino tradicional já não dá mais conta de suprir as exigências do mercado e do novo perfil de aluno. Por isso, é preciso que a escola esteja antenada às novas metodologias de ensino para mantê-lo engajado, reduzir a evasão escolar e o baixo desempenho dos estudantes.

Leia mais: Como manter as famílias engajadas mesmo após tanto tempo de ensino remoto?

Para finalizar, preparamos algumas dicas para você, diretor escolar, aplicar essas mudanças de maneira mais simplificada em sua escola:

  • Promova a formação continuada dos professores.
  • Planeje o ano letivo em parceria com a comunidade escolar.
  • Flexibilize para que os professores abordem o conteúdo de formas diferentes.
  • Aposte em tecnologias que se integram ao conhecimento.

E, por fim, nossa dica bônus: se sua instituição for de educação básica, assista à mesa-redonda sobre o Novo Ensino Médio e perceba se a proposta metodológica de sua escola está alinhada com os itinerários formativos e o projeto de vida desse novo modelo de ensino.

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Executivo com mais de 16 anos de experiência nas áreas de Tecnologia e Educação, liderando a gestão de produtos, marketing e experiência do cliente. Graduado em Tecnologia e especialista em Gestão de Negócios. Atualmente, é Diretor de Negócios da Sponte

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