2020 foi um ano desafiador para a educação. Já é sabido que as escolas foram um dos setores mais afetados com a pandemia de COVID-19, precisando transformar radicalmente suas rotinas para que o calendário escolar sofresse o mínimo de consequências possíveis.
Após praticamente um ano de aulas remotas, muitos esperavam que até o final do ano tivéssemos mais respostas. Principalmente a respeito de quando a rotina escolar voltaria ao mais próximo da normalidade.
A questão da pandemia, infelizmente, segue indefinida no que diz respeito às vacinas, e o número de casos, que até o momento segue flutuante.
Com todas as dificuldades de manter o ensino durante esse período, muitas escolas começaram a assinalar a volta às aulas presenciais. Em contraponto, diversas escolas permanecem com o ensino remoto.
Ou seja, esse cenário ainda está altamente mutável. Os professores precisam estar preparados para todas as possibilidades, seja ela permanecer no ensino remoto, voltar ao ensino presencial, ou ainda migrar para o ensino híbrido.
Mas como se preparar e planejar as aulas pensando em contextos tão diferentes? É sobre isso que iremos tratar no artigo de hoje. Acompanhe:
- Por que as aulas precisam ser pensadas para adaptação em mais de um modelo
- Desafios da migração entre uma metodologia e outra
- Planejamento para aulas remotas e presenciais
- Como manter uma rotina de aulas
- Investimento em redes de apoio
Continue sua leitura para entender mais sobre cada um dos tópicos.
A importância de pensar em aulas que funcionem em mais de um modelo de ensino?
Desde que a decisão de fechar as escolas foi tomada em 2020, muitas dúvidas começaram a surgir.
Cada instituição teve a liberdade de agir como achava melhor para que o calendário escolar fosse minimamente prejudicado dentro das possibilidades. Muitas adiantaram as férias, outras preferiram já implementar as aulas online.
O fato é que na segunda metade do ano muito já se falava na possibilidade de retorno às aulas presenciais, devido a uma momentânea queda no número de casos de COVID-19, além das notícias promissoras de vacinas.
Muito se discutiu a respeito do revezamento de turmas, onde apenas parte dos alunos voltariam para assistir aulas nas escolas. O ensino híbrido, por sua vez, entrou como assunto relevante, sendo visto como uma alternativa viável e uma herança dessa experiência de isolamento social e aulas remotas.
Contudo, à sombra da instabilidade não é possível saber com certeza em qual modelo de ensino os professores irão atuar. Portanto, o professor precisa ter um plano de ação que se encaixe tanto no online quanto no offline.
LEIA TAMBÉM: Ensino híbrido na prática: como sua escola se adapta?
Os desafios de migrar de uma metodologia para outra
A grande verdade é que em 2020 a migração foi um processo complicado porque não houve preparação adequada por parte das gestões escolares.
Uma prova disso é que, segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), 90% dos professores não tinham conhecimento sobre trabalhar com aulas online. Sabendo disso, fica claro porque a adaptação ao modelo de ensino à distância (EAD) foi tão complicada.
Com as dificuldades de se adaptar ao ensino remoto em um primeiro momento, os professores foram ajustando suas aulas e processos didáticos. Foi um processo de muito aprendizado sobre novas técnicas e metodologias ao longo do processo.
Nesse momento o engajamento foi e ainda é um fator crucial para o sucesso das aulas e, ao mesmo tempo, o maior desafio das aulas online, independente da idade dos alunos.
O ensino híbrido acabou entrando em foco como uma das melhores alternativas para o retorno dos alunos. E então veio mais um desafio: readaptar o planejamento e as aulas já preparadas para serem ministradas em sala de aula.
Levando em conta todo esse cenário, uma das maiores questões a serem resolvidas está justamente em estabelecer um foco de trabalho. Em qual forma de ensino o professor deve focar? Presencial, híbrido, remoto, uma mistura de todos esses? Ou ainda todos de uma vez?
Outro fator muito importante nessa equação são os alunos. Ao se adaptar as aulas de um modelo para outro é necessário, além de se atentar à didática, manter todo o conteúdo coeso, caso contrário os estudantes ficarão confusos e tanto trabalho não terá rendido os frutos desejados.
A migração é um processo estressante por si só e lidar com os alunos no meio dessa situação torna tudo ainda mais complicado. Mas não para por aí.
Nesse cenário os pais e responsáveis cobram mais do que nunca da escola e dos professores em relação ao conteúdo e o rendimento das aulas. Manter boas relações entre a escola e família dos alunos é mais um grande desafio do processo de migração.
Tudo isso culmina em outro problema, que é a sobrecarga do professor. Com docentes sobrecarregados é muito mais difícil alcançar a excelência esperada no trabalho, frustrando alunos, pais e a própria gestão escolar.
LEIA TAMBÉM: Aulas online: aprendizado também para o professor
Como planejar as aulas de forma adaptada para aulas presenciais e remotas?
Uma herança, que pode ser vista como positiva, que o período de transição trouxe é, sem dúvidas, o fato dos professores aprenderem novas técnicas e metodologias de ensino.
Foi um momento de aprendizado muito grande que jamais se perderá. Muito pelo contrário: é um conhecimento que agregará muito ao corpo docente profissionalmente e às escolas pedagogicamente. Além de ser extremamente útil para fazer as adaptações entre os tipos de aula (presencial e remoto).
Em qual metodologia o professor deve focar seus esforços? Tudo vai depender das escolhas feitas pela gestão escolar.
Com a metodologia adequada estabelecida, pensando no contexto em que a escola está inserida, o professor poderá elaborar as aulas da melhor forma possível. Por exemplo: se a escola ainda trabalha de forma remota, mas pretende voltar ao presencial.
É importante planejar as aulas para que a transição não prejudique o conteúdo e o calendário escolar. O caminho contrário também é válido.
A grande dica para esse período de incerteza é trabalhar pensando no modelo de ensino híbrido clássico, ou seja, com aulas presenciais e conteúdos complementares e atividades disponibilizadas de forma online. Esse é basicamente o meio do caminho e a metodologia mais fácil de se adaptar às situações extremas de presencial e remoto.
Uma das soluções que foram propostas é a transmissão de aulas presenciais aos alunos que, por algum motivo, permanecerão em casa por mais algum período. Nesse caso temos uma terceira situação, onde o professor precisa pensar em como tornar a aula dinâmica para os alunos em sala e os alunos conectados à aula pela internet.
Propor jogos e atividades online é uma boa ideia sobretudo para escolas que disponibilizam computadores (ou salas de computação), tablets, ou ainda se permitir o uso de smartphones para fins pedagógicos. Isso, além de tornar a aula mais interativa, é o tipo de atividade que os alunos em ambas as situações poderão participar.
Manter uma rotina de aulas ajuda o professor e os alunos
Independente da forma como a aula será ministrada, é importante manter a rotina das aulas a mais constante possível. Portanto, a aula deve ser ministrada em horários que se repetem.
Este é um planejamento que deve ser feito pela gestão pedagógica e não a critério de alunos ou responsáveis, pois cada família possui uma rotina diferente e isso pode prejudicar o estudante.
Criar uma rotina de estudos, mesmo com o aluno estudando em casa, é essencial. E que essa constância ajuda muito no processo pedagógico do aluno durante toda sua vida escolar.
Uma prática muito importante a ser implementada na rotina é dedicar um tempo à retomada de assuntos e relembrar conteúdos. Isso ajuda a criar uma unidade entre as aulas, impedindo que os conteúdos se percam na memória dos alunos ou ainda que não se conectem.
Este tipo de estratégia promove a fluidez da disciplina no raciocínio dos estudantes, fazendo com que eles não se sintam perdidos entre um conteúdo e outro.
Invista em redes de apoio
A transição de um sistema de aulas para outro sempre mobiliza toda a comunidade escolar.
Sendo assim, é importante poder contar com a gestão escolar, pedagógica, além da compreensão dos alunos e seus familiares. Somente com todos trabalhando juntos a escola poderá alcançar êxito no seu propósito.
Cultivar uma rede de apoio, além de fundamental para o bom funcionamento da escola, é uma forma de evitar que os professores se sintam sobrecarregados com a responsabilidade de planejar aulas para diferentes mídias.
E vale destacar: apesar de muito ter sido aprendido com as primeiras adaptações de plano de aulas entre presencial e online, é importante continuar investindo em formação continuada e ferramentas de trabalho para o corpo docente.
Uma boa estratégia para garantir que seus professores possam se ajudar, e de incluir a realidade dos alunos nas aulas, é realizando um planejamento participativo.
Sabe o que é isso e como aplicar em sua escola? Tire todas as suas dúvidas sobre o assunto conferindo o eBook:
Cristopher Ronsani Morais
Executivo com mais de 16 anos de experiência nas áreas de Tecnologia e Educação, liderando a gestão de produtos, marketing e experiência do cliente. Graduado em Tecnologia e especialista em Gestão de Negócios. Atualmente, é Diretor de Negócios da Sponte