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Como sua escola pode ajudar alunos com TDAH

6 min de leitura

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma questão séria, que atinge milhares de pessoas no mundo todo, com predominância na infância e na adolescência — justamente nos anos da Educação Básica, uma fase fundamental na formação...

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma questão séria, que atinge milhares de pessoas no mundo todo, com predominância na infância e na adolescência — justamente nos anos da Educação Básica, uma fase fundamental na formação pessoal e educacional do indivíduo.

No Brasil,  7,6% de crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos apresentam esse transtorno (segundo a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS). Ainda assim, não se discute o suficiente sobre a realidade do déficit de atenção nas escolas.

Nesse cenário, há milhares de estudantes com TDAH pelo país que não têm o acompanhamento adequado e, por isso, acabam com dificuldades para desenvolver o próprio conhecimento e aproveitar todo o potencial da infância durante sua formação.

Então, é uma função não apenas do professor, mas de toda a gestão pedagógica de sua escola, tentar identificar esses estudantes, orientar os pais e criar um ambiente agradável de ensino e aprendizagem para seus alunos com déficit de atenção.

Continue a leitura e veja como sua gestão escolar pode trabalhar para ajudar crianças e adolescentes com TDAH a explorarem suas próprias capacidades e se desenvolverem com pleno potencial.

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Como ajudar o aprendizado, a integração e a boa vivência escolar de alunos com TDAH

A primeira coisa que todo gestor escolar ou professor deve ter em mente é que um aluno com déficit de atenção não é limitado em seus conhecimentos ou em seu potencial de aprender, se desenvolver e crescer como as outras crianças. 

O TDAH não é uma condição que causa problemas cognitivos, e sim um transtorno que gera uma dificuldade para manter a atenção e o foco em uma atividade por um período de tempo. 

Como sua escola pode ajudar alunos com TDAH | Sponte

Estudantes com esse transtorno se distraem com mais facilidade, podem ficar desatentos durante a aula e nem sempre acompanharão a explicação do professor. Além disso, tendem a ser mais hiperativos e, por vezes, até impulsivos, reagindo a situações negativas de maneira intensa.

A partir desses conhecimentos, uma escola pode adequar seus processos — tanto em sala de aula quanto fora dela — para oferecer uma educação adequada também para esses estudantes.

Nossas dicas daqui para frente servem para professores e gestores escolares. Compartilhe-as com sua equipe conforme a necessidade da instituição.

  • Entenda os diferentes tipos de déficit de atenção

Para ajudar um aluno com déficit de atenção, é preciso entender como a situação interfere na vida dele e de que forma ela se manifesta. Por isso, o primeiro passo é compreender os três diferentes tipos TDAH, de acordo com a predominância de sintomas: hiperativo, desatento e combinado.

  • Predominância de hiperatividade

Neste quadro, o estudante apresenta muitos sinais de hiperatividade: não consegue ficar parado por muito tempo, tende a mexer pés e mãos enquanto está sentado, fala muito, interrompe os demais — tanto colegas quanto professores — e tem dificuldade para esperar sua vez ou comunicar-se com calma.

Além disso, ele tem uma tendência mais explosiva ao lidar com problemas ou situações desconfortáveis.

  • Predominância de desatenção

Quando esta é a predominância, a criança ou adolescente costuma ter muita dificuldade para manter a concentração em suas tarefas e tende a não gostar de atividades que exigem foco e esforço mental, ou que levam tempo para serem concluídas.

Esses estudantes ainda tendem a cometer erros por desatenção, não dão atenção a detalhes, podem ser desorganizados e esquecem com facilidade de prazos ou compromissos.

  • TDAH combinado

Neste caso, o transtorno reúne características das duas tendências anteriores — a criança ou adolescente tem dificuldade de focar nas atividades e, ao mesmo tempo, tem muita energia e impulsividade.

Níveis de TDAH e medicação

Também é fundamental levar em conta que o déficit de atenção tem graus diferentes, podendo ser leve, moderado ou grave. O tratamento envolve acompanhamento psicoterapêutico e, em algumas situações, medicação — inclusive com antidepressivos, se for necessário.

Professores e gestores precisam estar atentos a isso, pois medicamentos pesados podem gerar efeitos colaterais no estudante. Busque sempre conversar com os pais para saber como o aluno está lidando com a medicação e como a escola pode apoiá-lo.

  • Aproxime o aluno do professor e ajude a evitar distrações

Um aluno com TDAH tende a se distrair facilmente com qualquer coisa, seja a janela, a porta ou até mesmo cartazes no mural da sala de aula. Por isso, é interessante colocá-lo para se sentar perto da mesa do professor, na primeira fileira.

Assim, o aluno consegue se envolver mais com a aula e o docente pode acompanhá-lo de perto para saber se está prestando a devida atenção na lição.

  • Trabalhe com atividades manuais e criativas

Alunos com déficit de atenção costumam focar mais facilmente em atividades estimulantes, que exijam trabalho manual e/ou criatividade, e não apenas esforço mental. Por isso, sempre que possível, busque trabalhos e tarefas que explorem essas diferentes possibilidades. 

Essa variação nas atividades tende a ser uma vantagem inclusive para os outros estudantes, que vão gostar do estímulo.

Oferecer diferentes recursos para ensinar também é uma ótima ideia. Alguns exemplos são apresentações multimídia, gráficos, tabelas e trabalhos em grupo.

  • Proporcione atividades com movimentação

Alunos hiperativos adoram se movimentar e possuem muita energia. Por isso, é interessante oferecer atividades que ofereçam isso, como jogos, gincanas e outras tarefas mais ativas.

Além disso, em aulas tradicionais, o professor pode permitir que o aluno ande pela sala, apague a lousa ou recolha as atividades dos outros colegas.

Atribuições como essas fazem com que a criança permaneça ativa e, ao mesmo tempo, sinta-se útil e estimulada durante a aula. Porém, é importante que as tarefas não atrapalhem as outras crianças da turma.

Como lidar com alunos com déficit de atenção | Sponte
  • Passe uma atividade por vez

Alunos com TDAH têm maior dificuldade para concentrarem-se em mais de uma coisa por vez. Por isso, quando for aplicar atividades ou explicar matérias, passe um conteúdo por vez e o acompanhe de perto para ver se ele está absorvendo.

Essa é uma maneira de ajudar e motivar o aluno para que ele consiga manter o ritmo da aula e assimilar melhor o que está sendo ensinado pelo professor.

  • Fique atento às anotações de tarefas

O professor deve aproveitar que o aluno está perto para conferir suas anotações sempre que possível. Avalie se ele está registrando tudo, inclusive as tarefas para fazer em casa.

  • Valorize os resultados do estudante

Alunos com déficit de atenção têm tanto potencial quanto os outros estudantes, mas eles mesmo podem começar a duvidar disso — principalmente quando começam a perceber que não acompanham as aulas da mesma maneira que os demais. 

Portanto, valorizar seus resultados é fundamental. Parabenize boas notas e reconheça cada conquista, mesmo que ela seja pequena.

Quando os resultados são reconhecidos, os alunos tendem a sentir muito mais motivação.

Aliás, isso vale para todos os estudantes: sempre valorize os resultados e o progresso apresentado. O reforço positivo vai revolucionar a maneira como as crianças e adolescentes abordam o próprio aprendizado.

  • Evite situações depreciativas

Enquanto o reforço positivo leva a uma boa relação do aluno com a aprendizagem, o reforço negativo pode prejudicar todo esse processo — principalmente com alunos que têm TDAH e tendem a não reagir bem em situações adversas.

Por isso, busque sempre ser gentil nas críticas e apresentá-las como oportunidades de o aluno crescer, reconhecendo o progresso que ele teve para chegar até ali. 

Além disso, dê preferência por criticar esse estudante individualmente, sem deixá-lo em destaque frente aos colegas.

  • Mostre que o aluno tem autonomia, potencial e é protagonista do próprio aprendizado 

Já dissemos que os alunos com déficit de atenção têm o mesmo potencial que os outros estudantes. Mas é essencial que a escola demonstre isso para ele, dando-lhe autonomia e ajudando-o a se tornar protagonista do próprio aprendizado.

  • Trabalhe as competências socioemocionais

As competências socioemocionais são fundamentais para uma escola que quer educar seus alunos de forma humana e preparada para os desafios da nova geração. 

Além disso, elas têm um grande potencial para melhorar a relação entre alunos com déficit de atenção e a escola, criando um vínculo emocional de respeito mútuo que leva a excelentes resultados.

Leia mais: Quais são as competências socioemocionais importantes para desenvolver na escola.

Como trabalhar as competências socioemocionais dos alunos | Sponte

Dicas para incentivar a empatia e o respeito dos outros alunos e melhorar a integração na sala de aula

Trabalhar apenas com os alunos com TDAH não é o suficiente para oferecer para eles um ensino de qualidade. Também é essencial criar um ambiente acolhedor, no qual eles se sintam parte da turma e confortáveis para se expressarem, questionarem e se desenvolverem. Isso envolve diretamente a forma como o restante dos estudantes lidam com ele. 

Por isso, o primeiro passo é trabalhar as habilidades socioemocionais da turma toda. Assim, a gestão escolar fortalece a empatia, o cuidado, o relacionamento interpessoal e outras características importantes para esse relacionamento com um colega que é um pouco diferente.

Da mesma forma, é importante reunir a turma toda e estabelecer — em conjunto e respeitando a opinião de todos — normas e limites pessoais que permitam uma relação mais agradável.

Trabalhar o tema da saúde mental na escola é outra importante ação, que vai ajudar cada estudante a se sentir mais à vontade, não apenas com o aluno com TDAH, mas também consigo mesmo e com os demais colegas

Além disso, aborde os temas da representatividade, da diversidade e da educação inclusiva, que ajudam a construir um ambiente mais acolhedor para toda a comunidade escolar.

Leia mais:

Adaptação do currículo pedagógico para ajudar no aprendizado de alunos com TDAH

Aulas expositivas tradicionais  tendem a ser terríveis para alunos com TDAH. Eles rapidamente perdem o foco na explicação, acabam entediados e podem até criar problemas na classe, porque têm muita energia que acaba sobrecarregada depois de muito tempo sentados.

Por isso, adaptar o currículo pedagógico pensando em atividades e metodologias ativas pode ser uma excelente forma de engajar esses estudantes e ajudar em seu aprendizado.

A escola pode explorar atividades mais prazerosas e de curta duração, com estímulos manuais, esportivos e artísticos, por exemplo. Tudo isso junto com outras metodologias, como a sala de aula invertida, que estimula a autonomia dos alunos e sua participação ativa nas aulas.

Metodologias ativas para toda a turma

Atividades diferentes, que saem do padrão tradicional e expositivo, ajudam toda a turma, não apenas os alunos com déficit de atenção. Afinal, estamos em uma época de muita informação e de revolução digital. É mais um motivo para buscar incorporar as metodologias ativas em seu ensino.

Sintomas para reconhecer o TDAH nas escolas

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade tem um diagnóstico difícil e ainda enfrenta bastante preconceito e desconhecimento na sociedade. Muita gente não conhece o TDAH, enquanto outras chegam a duvidar de sua existência ou relevância.

Por isso, é muito fácil que alunos com déficit de atenção cheguem à escola sem saber dessa condição.

Como reconhecer alunos com TDAH nas escolas | Sponte

Nesse cenário, torna-se função da escola ajudar a reconhecer os sintomas e auxiliar na busca por um diagnóstico. Para isso, fique atento quando o estudante:

  • Apresenta dificuldade para prestar atenção nas atividades e explicações
  • Se distrai muito fácil
  • Se movimenta o tempo todo
  • Fala demais e interrompe os outros
  • Não consegue ficar sentado por muito tempo
  • Perde prazos e compromissos com muita frequência
  • Não segue instruções completamente
  • Não reage quando falam diretamente com ele
  • Perde ou esquece seus materiais com frequência
  • Corre sempre que possível e gosta de subir nas coisas, como mesas e cadeiras
  • É muito agitado nas brincadeiras
  • Não lida bem com frustrações, respondendo com agressividade ou impulsividade

Mas lembre-se de que essa lista serve apenas para ter a primeira suspeita do transtorno. A avaliação correta do TDAH só pode ser feita por um profissional.

Como falar com pais e familiares de alunos com déficit de atenção

Ao identificar sintomas de TDAH em um estudante, a escola deve ajudar a garantir o tratamento adequado para essa criança ou adolescente. Isso envolve, é claro, buscar os pais e/ou responsáveis para apresentar a situação e orientar na busca por apoio profissional. 

O assunto pode ser delicado, por isso, é importante mencionar que o transtorno não precisa ser um problema. Com o tratamento correto, boas orientações profissionais e uma escola que se preocupa com o estudante, ele tem todo o potencial para crescer tanto quanto os outros alunos — ou mais!

Uma boa comunicação escolar com pais e responsáveis é fundamental para isso. Eles devem ver sua instituição como uma aliada nesse momento e trabalhar em conjunto para ajudar no desenvolvimento do estudante.

A importância da formação sobre o assunto para professores 

Trabalhar com alunos que têm déficit de atenção pode ser desafiador para a comunidade escolar — principalmente para o professor, que atua diretamente e diariamente com o estudante.

Esse é mais um motivo pelo qual a formação continuada se faz essencial para o corpo docente. Busque estimular em seus professores essa vontade de se atualizar e foque em apresentar formas de tornar sua escola mais inclusiva, não apenas para alunos com déficit de atenção, mas para toda a rica diversidade que compõe nossa sociedade.

 

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