Com essa teoria educacional, é possível melhorar a acessibilidade e a diversidade na escola por meio da criação de um ambiente mais inclusivo e acolhedor.
O desenho universal para aprendizagem (DUA) é uma forma de abordar o currículo escolar com mais acessibilidade, inclusão educacional e respeito à diversidade. Tudo isso com uma aprendizagem personalizada e um currículo flexível, adaptando o ensino para todos os tipos de alunos.
Esse método pode ser usado junto a diferentes abordagens pedagógicas, mas tem mais efetividade com as que respeitam a individualidade dos alunos e seu protagonismo na própria aprendizagem.
Para entender melhor o conceito de desenho universal para aprendizagem e seu potencial para uma educação de qualidade, com equidade e acessibilidade, continue a leitura:
O conceito de desenho universal nasceu longe da educação, mas sempre esteve conectado com a acessibilidade e a atenção a deficiências e necessidades especiais na sociedade.
Seu berço foi na área de arquitetura, envolvendo design de ambientes e até de ferramentas. O objetivo era modificar espaços e produtos para que pudessem ser utilizados pelo maior número de pessoas possível — adaptando-se às necessidades específicas de cada um.
Um dos principais exemplos disso é a rampa de acesso para pessoas em cadeiras de rodas, que também pode ser aproveitada por pessoas com carrinhos de compras, carrinhos de bebês ou várias outras possibilidades.
O conceito básico do desenho universal se baseia em sete princípios, que envolvem oferecer acessibilidade e inclusão da diversidade.
Como vimos, o conceito original de desenho universal não era focado na educação. Mas seus princípios de acessibilidade e diversidade podem ser muito efetivos para a realidade escolar. A partir dessa percepção, criou-se o desenho universal para aprendizagem (DUA).
Na prática, o DUA é um modelo conceitual para uma educação de qualidade. Ele apresenta características importantes para o desenvolvimento de um currículo flexível a ponto de superar barreiras para a aprendizagem e oferecer equidade na escola.
Ou seja: ele desenvolve um trabalho de inclusão educacional que respeita a diversidade para além da educação especial. Para isso, ele desenvolve uma sala de aula inclusiva que proporciona o ensino a todos os alunos — com ou sem necessidades especiais.
As oportunidades, dentro do DUA, devem ser as mesmas para todos, independente de habilidades, necessidades, deficiências ou competências.
Para tanto, o desenho universal na aprendizagem oferece ferramentas de acessibilidade tradicionais, como a rampa que já mencionamos.
Mas o DUA vai muito além disso. Ele usa estilos de aprendizagem diversos, materiais pedagógicos acessíveis, tecnologia assistiva, currículo flexível, avaliação inclusiva, entre outras atitudes e ferramentas.
Na prática, ele muda o próprio substrato da relação entre ensino e aprendizagem, propondo princípios que devem ser usados pela gestão pedagógica no próprio planejamento educacional.
Esse planejamento deve contar com abordagens adaptáveis, capazes de oferecer a todos uma experiência plena de aprendizagem, com respeito ao tempo de aprender de cada estudante.
O desenho universal para aprendizagem foi desenvolvido nos Estados Unidos, e o próprio governo do país apresentou uma definição em sua Lei de Oportunidades em Educação Superior (Higher Education Opportunity Act) de 2008.
Segundo o texto da lei, o DUA trata de referências para guiar a prática educativa que:
Como vimos, os sete princípios do desenho universal podem ser adaptados ao mundo da educação. Mas, para deixar esse processo mais efetivo, o conceito de desenho universal para aprendizagem foi além e definiu três princípios específicos para o ambiente educacional.
A partir deles, é possível superar barreiras para a aprendizagem com um currículo mais efetivo, além de potencializar até a diversidade cultural na escola, estimulando a acessibilidade e a aprendizagem personalizada.
O primeiro princípio do DUA envolve a disponibilização dos conteúdos educacionais por diferentes meios de apresentação.
Afinal, a captação de informação e a percepção do mundo varia entre diferentes estudantes. Alguns compreendem a lição mais efetivamente por meio de texto, outros por recursos visuais e auditivos, outros ainda por meio de brincadeiras.
Isso é ainda mais relevante no caso de alunos com deficiências, neurodiversidade ou dificuldades de aprendizagem, ou mesmo estudantes estrangeiros ou que possuem outra cultura.
Além disso, a própria disponibilização de diferentes meios potencializa a aprendizagem, ajuda os estudantes a fazerem novas conexões e melhora a experiência educacional para todos os envolvidos.
A própria expressão dos alunos precisa ser múltipla. Isso porque muitos estudantes têm dificuldades de movimento, transtornos que dificultam a comunicação e até dificuldades em pensar estrategicamente ou organizacionalmente.
A comunicação oral, que pode ser simples para alguns, será um desafio para outros, que se expressam melhor de forma escrita.
Além disso, a exploração de diferentes modos ajuda a expandir a aprendizagem e permite a ação e a expressão dos estudantes de forma mais plural.
O terceiro princípio vai além da forma com que os alunos recebem e expressam o conhecimento. Ele trata das relações de emoção, afetividade e engajamento nas lições — elementos fundamentais para a aprendizagem.
Essa questão é ainda mais essencial nas escolas atuais, que precisam disputar a atenção dos alunos com a tecnologia e as distrações das redes sociais.
Este princípio, então, defende que não existe uma forma certa de engajar os estudantes. Pelo contrário: é preciso trabalhar com múltiplas estratégias de envolvimento, que sejam capazes de alcançar a todos.
A aplicação do desenho universal para aprendizagem (DUA) em escolas de educação básica tem o potencial de criar um ambiente de aprendizagem flexível e adaptável, com vantagens como:
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O primeiro passo para levar o DUA para sua escola é seguir os três princípios que já apresentamos, com múltiplas formas de apresentação, expressão e engajamento de seus alunos.
Há várias possibilidades diferentes para fazer isso, de forma com que o desenho universal para aprendizagem pode ser aplicado em diferentes contextos escolares. E o primeiro passo é definir um currículo baseado no DUA.
Dados sobre como montar esse currículo flexível estão disponíveis no texto Diretrizes para o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA). Ele foi produzido em inglês pelo Centro Nacional de Acesso ao Currículo Geral (NCAC) e traduzido para o português pelo Grupo de Estudos: Pesquisas em Políticas e Práticas Educativas Inclusivas: Reconstruindo a escola, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Segundo esse documento, “o objetivo de um currículo baseado no DUA não é simplesmente auxiliar os estudantes a dominar um dado campo do conhecimento ou um conjunto específico de habilidades, mas ajudá-los a dominar a aprendizagem em si mesma”.
Isso significa transformar esses alunos no que o conceito trata como “estudantes/aprendizes avançados”. São alunos que desenvolvem três características principais:
Para alcançar esse objetivo, um currículo no DUA precisa ter quatro elementos: objetivos, métodos, materiais e avaliação:
São expectativas de aprendizado, que apresentam “conhecimentos, conceitos e habilidades que todos os estudantes devem dominar”.
Segundo o texto, esses objetivos “estão definidos de modo que se reconheça a diversidade de estudantes”, portanto, devem se diferenciar “pela maneira e pelos meios para alcançá-los”.
São as abordagens e práticas usadas pelos professores para sua aprendizagem. “Os currículos do DUA facilitam uma maior variação de métodos, de acordo com a diversidade de estudantes no contexto do trabalho a ser desenvolvido, nos recursos sociais/emocionais deles e no clima de convivência e nas relações de cada sala de aula”, afirma o documento.
Na prática, o currículo deve ser flexível e variado, ajustando-se de acordo com um acompanhamento continuado do progresso dos alunos.
No currículo flexível do DUA, os materiais precisam ser também variados, apresentando o conteúdo de múltiplas formas.
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No contexto do desenho universal para aprendizagem, “o objetivo da avaliação é melhorar o planejamento estratégico e seus resultados, assegurando que sejam suficientemente amplas e articuladas para guiar o ensino de todos os estudantes”.
O documento trata de extensivos exemplos práticos para explorar esse currículo flexível e desenvolver uma aprendizagem personalizada, com acessibilidade, diversidade e inclusão educacional.
Ele propõe práticas como a personalização de textos, imagens, gráficos e outros conteúdos visuais, para que possam ser acessados por todos. Isso envolve contraste das cores, tamanho da fonte e disponibilização de descrições para todas as imagens.
Outra sugestão é contar com suporte textual para vídeos, como legendas, transcrições e interpretação para a língua de sinais.
Também é importante disponibilizar as informações tanto no idioma dominante quanto em outros que são usados no local, como línguas indígenas em algumas áreas do Brasil. O mesmo vale para Libras para estudantes surdos.
O texto propõe ainda “conectar o aprendizado, estabelecendo relações e ativando conhecimentos prévios”, algo que pode ser vinculado à proposta da abordagem de Paulo Freire.
Outra ideia é fazer conexões curriculares entre disciplinas distintas, como a realização de redação em aulas de ciências, ou a exploração de contextos científicos nas aulas de português. Isso ajuda os alunos a entenderem a aprendizagem como um todo.
Segundo o documento, também é importante permitir que os alunos façam atividades de várias formas, como texto, voz, desenho, ilustração, projeto, cinema, música, movimento, arte visual, escultura ou vídeo. O mesmo vale para utilizar mídias sociais e ferramentas interativas da web.
Na questão do engajamento, ele sugere “permitir que os estudantes participem do processo de elaboração de atividades da sala de aula e das tarefas acadêmicas”. Além disso, propõe “envolver os estudantes, sempre que possível, no estabelecimento de suas próprias metas acadêmicas, comportamentais e pessoais”.
Mas, é claro, esses são apenas alguns exemplos das práticas que podem ser usadas. Para mais diretrizes e sugestões, você pode conferir o texto na íntegra no texto original: Diretrizes para o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA).
Ainda que o uso de ferramentas tecnológicas não seja fundamental no desenho universal para aprendizagem, elas podem potencializar muito seus resultados.
“A aplicação das poderosas tecnologias digitais com os princípios do DUA permite uma personalização do currículo de uma maneira mais fácil e eficaz para os alunos”, aponta o texto de diretrizes.
E, de fato, a tecnologia permite atividades como a transcrição de áudio para texto e vice-versa, acesso a diferentes formas de comunicação e transmissão de conhecimento, criação de gráficos e muito, muito mais.
Além disso, uma das bases do DUA é o currículo flexível, que deve se adaptar à aprendizagem dos alunos — e um sistema que ajude a medir essa aprendizagem é fundamental para isso.
O sistema de gestão escolar Sponte, por exemplo, oferece relatórios de ensino, acompanhamento digital de atividades e ferramentas de gestão pedagógica completas para ver de perto — e com facilidade — o desenvolvimento de seus estudantes.
Por meio dessa visão clara potencializada pela tecnologia, seu currículo pode ser muito mais efetivo.
Entenda mais sobre o que o Sponte oferece para escolas: